O Alkantara Festival abre esta sexta-feira, em Lisboa, com a estreia nacional de A Noiva e o Boa Noite Cinderela, de Carolina Bianchi, prolongando-se até ao final do mês com projetos de artistas de 12 países, segundo a organização.

O festival regressa a diversos palcos e espaços da capital, com sete estreias absolutas e sete estreias nacionais, cruzando diferentes artes performativas — dança, teatro e performance — com outras áreas artísticas e de conhecimento, segundo a programação.

Além do espetáculo da dramaturga brasileira Carolina Bianchi, sobre violência sexual sobre mulheres e o feminicídio, com estreia na Culturgest, haverá propostas de artistas como Mohamed El Khatib, Dana Michel e Keli Freitas.

Projetos de artistas do Brasil, Argentina, África do Sul, Canadá, Colômbia, França, Finlândia, Líbano, Palestina, Reino Unido, Grécia e de criadores portugueses ou que criam os seus trabalhos em Portugal, vão marcar presença.

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Entre os artistas em cartaz estão ainda o argentino Tiziano Cruz, que irá apresentar o espetáculo Wayqeycuna, sobre os laços de sangue entre comunidades indígenas, e a dupla de artistas Émilie Monnet e Waira Nina, que trarão ao palco Nigamon/Tunai, inspirado nas ligações entre povos indígenas.

Mohamed el Khatib, por seu turno, apresentará A vida secreta dos velhos, criação baseada em testemunhos de pessoas entre os 80 e os 100 anos, enquanto a coreógrafa Sonya Lindfors e a escritora ativista Maryan Abdulkarim trazem uma peça sobre o potencial do sonho coletivo.

O programa do festival — dirigido por Carla Nobre Sousa e David Cabecinha — é atravessado por histórias entre a vida e a morte, algumas com o peso da violência, do luto, da injustiça, outras impregnadas de amor e esperança, segundo a programação.

A artista libanesa Alia Hamdan apresentará O corpo está aqui fora de campo, sobre alguém que fica em coma durante a guerra, e a artista brasileira Keli Freitas, residente em Portugal, terá em cena Volta para a tua terra, peça autobiográfica sobre raízes e imigração.

A criadora Dana Michel, que levará a palco uma performance sobre a vivência diária no local de trabalho e as suas dificuldades, é outro nome convidado pelo Alkantara.

Além de teatros de Lisboa, os espetáculos do festival também serão apresentados em locais como a Biblioteca Palácio Galveias, o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), a Culturgest e a Casa da América Latina.

Numa produção Alkantara, com estreia no Teatro do Bairro Alto — depois de uma antestreia no Festival Santarcangelo, em Itália — Francisco Thiago Cavalcanti, artista brasileiro da dança, do teatro e da performance, que se apresenta como “‘queer’, neurodiverso, não-branco”, incorpora, por seu turno, uma baleia solitária em “52blue”.

Mamela Nyamza, coreógrafa sul-africana, apresenta-se pela primeira vez em Portugal com Hatched Ensemble, um trabalho que revisita o seu solo autobiográfico Hatched (2007), para expor complexidades da construção de identidades a partir da dança.

Por seu turno, o artista palestiniano Basel Zaraa, radicado no Reino Unido, criou Querida Laila, a tentar responder às perguntas da filha de cinco anos, para aproximar públicos das experiências de exílio e de guerra, como forma de enfrentar, expressar e compreender o trauma do povo palestiniano.

O trabalho, que percorre as memórias da sua infância e da luta do povo palestiniano, é uma instalação-performance que o Alkantara Festival apresenta em conjunto com o Teatro Nacional D. Maria II, na Biblioteca Palácio Galveias.

O Alkantara Festival é financiado pela Direção-Geral das Artes e pela Câmara Municipal de Lisboa, coproduzido pelo Centro Cultural de Belém, Centro de Arte Moderna — Gulbenkian, pela Culturgest, a Lisboa Cultura, o São Luiz Teatro Municipal, o Teatro do Bairro Alto e o Teatro Nacional D. Maria II.