Os autarcas dos 11 municípios do Médio Tejo, no distrito de Santarém, solicitaram uma audiência com caráter urgente à ministra da Saúde para abordarem os “graves problemas de recursos humanos médicos” na região, foi esta sexta-feira anunciado.

“Os autarcas, reunidos, deliberaram solicitar com caráter urgente uma audiência à ministra da Saúde para lhes apresentarem os problemas de recursos humanos médicos que existem no Médio Tejo“, indica esta sexta-feira a CIM, com sede em Tomar, em comunicado, tendo realçado a preocupação com a dificuldade em captar médicos para os cuidados de saúde primários.

Tendo afirmado que querem “estar ao lado das soluções”, os autarcas manifestam na nota informativa “toda a disponibilidade para criar mecanismos que ajudem a ultrapassar o atual quadro, e a encontrar respostas aos graves problemas” que se vivem na região.

Em declarações à Lusa, o presidente da CIM Médio Tejo, Manuel Jorge Valamatos, disse que a posição conjunta resulta de um “conjunto de preocupações perante a dificuldade” da região “em captar mais profissionais médicos para poder ter serviços eficientes e com uma capacidade de resposta capaz de fazer face às necessidades” das populações, “quer ao nível de médicos de família, quer ao nível de algumas especialidades médicas” hospitalares.

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Nós temos muitas pessoas no Médio Tejo sem médico de família atribuído, queremos captar mais médicos para as nossas estruturas, e esta é uma matéria que queremos apresentar à ministra [da Saúde} com as nossas preocupações e a ajudar a encontrar as soluções para termos um território mais competente e mais capaz”, afirmou, tendo apontado a temas relacionados “quer com as questões dos cuidados de saúde primários, quer com as questões que dizem respeito à gestão dos nossos três hospitais”, declarou Valamatos.

Em comunicado, a CIM Médio Tejo disse esta sexta-feira ter reunido no dia 14 de outubro com o Conselho de Administração da ULS Médio Tejo, que “fez um ponto de situação dos trabalhos relacionados com a atividade hospitalar” aos autarcas dos municípios da área de influência.

A ordem de trabalhos, segundo a mesma nota, abordou os cuidados de saúde hospitalares e referência às listas de espera, à evolução dos cuidados de saúde primários, com um descritivo por município sobre o número de utentes inscritos, utentes sem médicos de família, médicos de família por concelho, e médicos com contratos de prestação de serviços, tendo ainda sido abordada a descentralização de competências e a situação das urgências hospitalares.

“Os autarcas tiveram oportunidade de ver esclarecidos os trabalhos que têm sido desenvolvidos na ULS Médio Tejo, bem como de manifestar a sua preocupação, perante a dificuldade da região em captar mais profissionais médicos para poder ter serviços eficientes, com uma capacidade de resposta capaz de fazer face às necessidades das populações”, sublinha a CIM Médio Tejo.

Para aquela entidade, “quer os cuidados de saúde primários, quer os investimentos da saúde no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) carecem de respostas urgentes”, tendo resultado dessa conclusão o pedido de uma audiência à responsável da Saúde.

“Reconhecendo todo o esforço que tem vindo a ser feito, e estando efetivamente muito preocupados com as carências de recursos humanos médicos, os autarcas não podem deixar de sublinhar também o muito trabalho a percorrer, mas que neste momento o que existe é claramente insuficiente”, afirma a CIM, no comunicado.

Segundo notou esta sexta-feira à Lusa o também presidente da Câmara de Abrantes, “os municípios aceitaram as transferências de competências que o Estado quis transferir, e a maioria dos municípios entendeu que fazia sentido pela proximidade e no âmbito desta responsabilidade de colaboração”, mas, salientou, “sem querer desresponsabilizar o Estado” de obrigações.

“Há coisas que devem ser sempre garantidas pelo Estado, com o qual queremos colaborar, mas não queremos de forma alguma desresponsabilizar o Estado do sentido universal que a saúde tem de ter. Estamos disponíveis para colaborar, manifestar as nossas dificuldades e tentarmos juntos encontrar as soluções”, concluiu.