A vereação dos Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre) na câmara da capital criticou esta sexta-feira a proposta de orçamento municipal para 2025, apresentada pela liderança PSD/CDS-PP, afirmando que “não é sinónimo de obra no terreno”.
“Os ‘Novos Tempos’ (coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) têm por prática apresentar, ano após ano, orçamentos que propagandeiam níveis de investimento inéditos que depois sofrem inúmeras alterações orçamentais. Alteram prioridades, adiam intervenções fundamentais, deixam a cidade sem respostas. Até porque orçamento não é sinónimo de obra no terreno”, sublinharam os vereadores dos Cidadãos Por Lisboa (CPL), num comunicado enviado à Lusa.
Em representação da liderança PSD/CDS-PP na Câmara de Lisboa, o vice-presidente da autarquia, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), apresentou na quarta-feira uma proposta de orçamento municipal de 1.359 milhões de euros para 2025, ligeiramente superior aos 1.303 milhões previstos para este ano.
Pronunciando-se sobre a proposta apresentada, os três vereadores dos CPL, Paula Marques, Floresbela Pinto e Rui Franco, apontaram falta de concretização na gestão de PSD/CDS-PP, referindo que “investimentos como o Plano Geral de Drenagem estão com mais de um ano de atraso e apresentam um descontrolo superior a 40 milhões de euros”.
Neste sentido, a vereação dos CPL disse que a “incapacidade de gestão” de PSD/CDS-PP, sob liderança de Carlos Moedas (PSD), se reflete “na materialização das promessas feitas, tanto em termos de intervenção como de manutenção da cidade”.
“Isto é visível também nos transportes, onde os maiores investimentos são atirados para 2026 e 2027. Sem falar da habitação, onde medidas anunciadas já passaram para 2030 nas sucessivas alterações orçamentais feitas ao longo do ano e que são o espelho verdadeiro dos ‘Novos Tempos'”, apontaram os vereadores eleitos pela coligação PS/Livre.
Considerando que “as respostas à população derrapam”, os CPL contestaram a opção de PSD/CDS-PP de “devolução do IRS para quem menos precisa, perdendo receita estrutural” de 77 ME em 2025 e 86 ME em 2026, assim como a “injeção de dinheiro desproporcional em grandes eventos, como a Web Summit, que só num dia custa mais que a edição inteira do programa de parcerias locais BIP/ZIP”.
“Os quatro dias de Web Summit custam quase tanto como um ano de apoio às pessoas em situação de sem-abrigo”, expôs a vereação dos CPL.
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Sem adiantar qual o sentido de voto à proposta de orçamento municipal para 2025, os Cidadãos Por Lisboa reforçaram que a posição que tomarão será fundamentada “na igualdade e justiça social, na participação democrática, na racionalidade urbanística e ambiental”.
Este é o último orçamento municipal deste mandato (2021-2025), proposto pela gestão PSD/CDS-PP, sob presidência de Carlos Moedas (PSD), que governa Lisboa sem maioria absoluta. Se for aprovado, será executado em ano de eleições autárquicas.
Os primeiros três orçamentos da liderança PSD/CDS-PP foram aprovados graças à abstenção do PS, tendo a restante oposição – PCP, BE, Livre e Cidadãos Por Lisboa – votado contra.
Atualmente, o executivo da Câmara de Lisboa, que é composto por 17 membros, integra sete eleitos da coligação “Novos Tempos” — que são os únicos com pelouros atribuídos e que governam sem maioria absoluta –, três do PS, dois do PCP, três do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), um do Livre e um do BE.