O Ministério Público acusou dois dirigentes do Chega, Luc Mombito e Nuno Pontes, de dois crimes de ameaça agravada e atentado à liberdade de informação e programação na sequência de ameaças ao jornalista Pedro Coelho, autor de uma série de reportagens sobre a ascensão da extrema-direita na Europa e em Portugal em 2021. Uma notícia avançada pelo Expresso e à qual o partido liderado por André Ventura não quis reagir.

De acordo com a procuradora Felismina Carvalho Franco, citada pelo semanário, o jornalista da SIC “sentiu-se condicionado na sua função de jornalista, sentiu receio que ocorresse contra si a concretização de atos que nas mensagens que os arguidos (…) foram publicando nas suas redes sociais, e tal condicionou a sua forma e vida, com a alteração de algumas das suas rotinas diárias”.

Da acusação constam algumas dessas mensagens ameaçadoras feitas pelos dirigentes do Chega. “Se Jorge Coelho podia, também posso: Quem se mete leva e não é pouco. Aqui não há mimimis nem o politicamente tanso. Disse”, escreveu Luc Mombito, membro do Conselho Nacional e amigo e conselheiro de André Ventura, no Facebook a 11 de janeiro de 2021.

Também Nuno Pontes, vice-presidente da distrital do Porto e deputado municipal em Gondomar, foi deixando várias mensagens pelas redes sociais dirigidas ao jornalista. Uma delas, citada pela procuradora, foi publicada após a divulgação do primeiro episódio da série de reportagens: “Posso-te garantir aqui que não destilo ódio, nem admito que trates os eleitores do Chega como carneiros, nem tão pouco que trates o Chega como uma seita. Já nos encontrámos algumas vezes, mas na próxima vais-me explicar olhos nos olhos, esse teu ódio ao Chega e ao seu líder e eu vou-te explicar como reajo a injustiças.

Segurança privado na altura dos acontecimentos, detalha o Expresso, Nuno Pontes está ainda acusado de posse de arma ilegal por ter uma pistola calibre 6.35 mm e 36 munições em casa no dia em que foi alvo de buscas pela Polícia Judiciária.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR