A Galeria Zé dos Bois (ZDB), em Lisboa inaugura no sábado a exposição coletiva “Singsong”, com 30 artistas contemporâneos, numa celebração do seu 30.º aniversário, continuando a “apoiar uma cultura diferenciada” nas palavras da direção.

Criada em 1994, no Bairro Alto, por iniciativa de um grupo de 15 jovens artistas, a associação cultural está a celebrar três décadas com uma programação de artes performativas e visuais, desde setembro, que irá prolongar-se até 2025.

“A programação de celebração dos trinta anos foi desenhada para percorrer todas essas áreas, e que pudesse ser transversal às várias gerações de artistas”, disse à agência Lusa Natxo Checa, um dos fundadores e atual diretor da ZDB, que inclui ainda, na direção, Marco Silva, programador da área da música, e Marta Furtado, nas artes performativas.

Ao fim de três décadas de vida, a galeria, que detém ainda um espaço provisório em Marvila para apresentação de artes performativas, mantém “um olhar crítico sobre o “mainstream” cultural e aposta na experimentação.

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A ZDB definiu a atividade como associação cultural com os objetivos de promover a criação, produção e difusão das artes, “acompanhamento de artistas, e dos seus projetos, fornecendo meios que pudessem concretizar o seu trabalho“, recordou.

A galeria “tem feito nos últimos anos sobretudo exposições individuais e com artistas não tão emergentes como no seu início”, razão pela qual convidaram duas curadoras – Filipa Correia de Sousa e Laura Gama Martins – para selecionar “artistas jovens ou que estivessem de alguma forma fora do circuito profissional”.

Entre os 30 artistas participantes estão nomes como Adriana João, Ana Teresa, Eduardo Fonseca e Silva, Helena Estrela, Mariana Caló + Francisco Queimadela e Tomás Abreu, compondo um coro diverso de abordagens e linguagens artísticas.

A mostra propõe uma reflexão sobre o ato de criar “como resistência num mundo onde os valores e significados parecem cada vez mais fluidos”, segundo a curadoria.

Através de diversos meios artísticos — como pintura, escultura, têxtil, banda desenhada, instalação, performance e filme — “Singsong” desafia as ideias de conformidade, valorizando a expressão individual e coletiva.

“Quisemos fazer uma programação que fosse transversal a artistas jovens e outros mais estabelecidos, celebrar com as várias comunidades a possibilidade de a ZDB ainda existir e estar ativa, com força e respeitar os seus diversos públicos”, disse Natxo Checa à Lusa.

Questionado sobre os apoios que a associação tem recebido ao longo das décadas, o responsável disse que começou com um apoio anual de 25 mil euros que subiu atualmente para os 400 mil euros.

Com um orçamento global anual de cerca de um milhão de euros, 60% provém de receitas próprias, dos 25 mil espetadores que recebem nos espetáculos e exposições, atividades pagas de um programação regular que também organiza outras gratuitas, cerca de 400 por ano, também em parceria com outras instituições culturais.

A ZDB “tentou estar sempre mais próxima de uma cultura diferenciada, apoiando artistas no seu crescimento humano e intelectual para poderem desenvolver trabalho no campo da experimentação”, salientou Natxo Checa à Lusa.

Atualmente a ZBD — que recebe apoio quadrienal da Direção Geral das Artes — funciona com 15 pessoas a trabalhar com contrato, mais 12 assistentes nos espetáculos, indicou.

“Não foi um percurso fácil mas continuámos, e agora há uma responsabilidade acrescida com os projetos de internacionalização”, disse, dando como exemplo exposições dos artistas João Maria Gusmão em Nova Iorque e de João Aires em Moçambique.

A exposição “Singsong”, que é inaugurada no sábado, às 21 horas, reúne ainda obras de artistas como Miguel Ângelo Marques, Rafael Cruz, Rudi Brito, Rudolfo da Silva, Sara Graça, Sara Mealha, Teresa Oliveira e Tomás Abreu, entre outros.