Para a história. Era desta forma que era encarada a partida entre Portugal e a República Checa, a contar para o segundo e decisivo playoff de acesso ao Campeonato da Europa de 2025. O facto de a Seleção feminina estar perto de chegar pela terceira vez consecutiva à fase final da competição, seria, só por si, motivo de festa. O Estádio do Dragão esgotou para receber o jogo da primeira mão e os recordes de público num jogo das navegadoras (20.123) e num jogo feminino (31.093) acabaram por ser batidos… e por larga margem: 40.189 espectadores assistiram à partida.
Para chegar a esta fase, Portugal teve de passar pelo Azerbaijão no primeiro playoff e a acabou por avançar por larga margem (8-1). Do outro lado estava uma formação checa que trazia um histórico negativo para cima da mesa, já que tinha vencido oito dos nove jogos frente à Seleção. Contudo, o último particular remontava a fevereiro deste ano e tinha sorrido a Portugal (3-1), que chegava a esta partida a atravessar uma série de dez jogos sem perder, com nove vitórias e um empate.
“Será um jogo bastante bem disputado e muito competitivo. A Rep. Checa é uma equipa que vem de um trajeto na Liga A onde foi muito competitiva em todos os jogos. Venceu, nesse trajeto, a campeã do Mundo [Espanha]. Têm um misto de jogadoras experientes e mais novas, com muita irreverência e qualidade técnica e tática. Será um jogo que nos vai obrigar a estar ao melhor nível e para isso que estamos a preparar as jogadoras. Será um jogo onde temos de estar muito concentrados durante 90 minutos, porque sabemos, e já tivemos essa experiência, que os jogos de playoff se marcam nessa diferença”, analisou o selecionador, Francisco Neto, na antevisão à partida.
Como referira o treinador, Portugal ia encontrar uma Rep. Checa de primeiro nível da Liga das Nações, embora tenha terminado na última posição e caído para a segunda divisão. Ainda assim, as checas triunfaram perante Espanha (casa, 2-1) e, no primeiro playoff, bateram a Bielorrússia de forma folgada (8-1). “Numa palavra, será lindo na sexta-feira. Todos desejam jogar em estádios como o do FC Porto. Além disso, quando o estádio estiver quase cheio, o ambiente será inesquecível”, assumiu Karel Rada em declarações à federação checa.
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Francisco Neto contou apenas com uma novidade no onze inicial relativamente ao jogo da primeira mão frente ao Azerbaijão, com Jéssica Silva, que na altura estava lesionada, a substituir Telma Encarnação no ataque, já que a jogadora do Sporting é baixa também por questões físicas. Assim, Portugal entrou em campo num 3-4-1-2 que tem sido cada vez mais habitual e não precisou de muito para fazer mossa na seleção checa, já que, logo na fase inicial Andreia Jacinto rematou à trave da baliza de Votíková e, segundos depois, Catarina Amado desferiu um remate forte à figura da guarda-redes (6′). Pouco depois foi a vez de Joana Marchão subir à área e voltar a testar os reflexos da guardiã (10′).
As checas responderam através da meia-distância, com Dubcová a atirar com perigo para defesa de Inês Pereira para canto (16′). A partir daí, as navegadoras continuaram a dominar a partida e a tentar aproveitar a supremacia ofensiva. Na sequência de um cruzamento de Amado na direita, Kika Nazareth apareceu sozinha no interior da área e, com um grande remate de primeira e à meia-volta, atirou ligeiramente ao lado (24′). Contudo, a Seleção mostrou-se permissiva defensivamente num lançamento junto à área e Slajsová aproveitou para cruzar para a cabeça de Svitková que, depois de ganhar nas alturas a Ana Borges, inaugurou o marcador (33′). Até ao intervalo manteve-se o sentido do jogo, mas Capeta (41′ e 45′) e Jéssica (43′) não conseguiram empatar.
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O selecionador nacional conseguiu aproveitar o intervalo da melhor para retificar e, com menos de dois minutos de ação na segunda parte, as navegadoras corresponderam. Diana Gomes encontrou o espaço no corredor central e serviu Andreia, a jogadora da Real Sociedad isolou Kika com um grande passe e, só com a guarda-redes pela frente, a avançada do Barcelona não desperdiçou (47′). As portuguesas continuaram a impor o seu jogo e a remeter as checas para a sua área, mas a formação visitante continuou mais perigosa no ataque, com Khýrová a tentar novamente de fora da área, mas Inês Pereira continuou muito atenta e agarrou (66′). Francisco Neto respondeu e lançou Diana Silva para o lugar de Jéssica.
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Apesar da mudança no ataque, foi através de um contra-ataque que a Rep. Checa voltou a chegar à área portuguesa: completamente isolada e com tudo para marcar, Stasková atirou para uma grande defesa de Inês, que motivou os aplausos de Pepe na bancada (71′). Já com Andreia Norton em campo, Diana Silva apareceu solta na direita, conduziu para o meio e deixou para a médio do Benfica que, já dentro da área, obrigou Votíková a fazer uma defesa apertada (77′). Pouco depois, na sequência de um canto de Joana Marchão, a bola passou perto da baliza, mas Diana Gomes não chegou a tempo de desviar para o golo (83′).
Para os derradeiros minutos, Francisco Neto apostou em Dolores Silva e Stephanie Ribeiro, mas a toada do jogo não mudou e a jogadora que reside nos Estados Unidos acabou por desperdiçar a hipótese de completar a reviravolta no tempo de compensação (90+2′). Assim, Portugal saiu do Dragão com um empate e adiou a decisão para a partida da segunda mão, que acontecerá na terça-feira, às 16h45, em Teplice.