O PCP vai requerer a audição parlamentar do autarca de Évora e dos membros que pertenceram à Equipa de Missão da Capital Europeia da Cultura (CEC), após preocupações expressas por programadores e comissários europeus, anunciou esta quarta-feira o partido.
Este requerimento, indicou, em comunicado, a Direção da Organização Regional de Évora (DOREV) do PCP, vai ser entregue pelo grupo parlamentar para que estes responsáveis “sejam ouvidos na Comissão de Cultura da Assembleia da República”.
“O PCP irá continuar a agir para salvaguardar um projeto no qual se empenhou desde o início e tudo fará para que ele não seja posto em causa, nem desvirtuado, e para que continue a servir os interesses de Évora, do Alentejo e do país”, realçou.
Assinalando que esta é uma das medidas que o partido vai tomar, a estrutura comunista vincou que “o PCP não abdicará de agir nos espaços institucionais onde tem assento, designadamente na Assembleia da República e no Parlamento Europeu”.
Em novembro passado, sete programadores e comissários de CEC expressaram preocupações numa carta enviada ao diretor de Cultura, Criatividade e Desporto na Comissão Europeia, George Hausler, na sequência da demissão de Paula Mota Garcia da coordenação da Equipa de Missão Évora_27.
Os programadores e comissários de CEC que subscreveram a missiva, como dois deles contaram à Lusa, manifestaram preocupação com a mudança na gestão da CEC Évora_27 e consideram difícil executar o programa em dois anos.
“O PCP acompanha tais considerações, bem como as preocupações tornadas públicas pela coordenadora da Equipa de Missão, Paula Mota Garcia, quanto aos riscos decorrentes do afastamento de pessoas que estiveram na génese de toda a discussão e reflexão desse projeto”, pode ler-se no comunicado dos comunistas.
Para o partido, “o projeto da CEC Évora_27 corre sérios riscos de desvirtuamento e mesmo de comprometimento, caso se continue a insistir em linhas de afunilamento político e governamentalização que caracterizaram a atuação do anterior Governo PS e que caracterizam” a do atual PSD/CDS.
“Não foi por falta de iniciativa e sugestões por parte da Câmara de Évora, durante a vigência do anterior Governo PS, que não se constitui mais cedo o instrumento jurídico e que não se consensualizaram decisões quanto aos órgãos da Associação Évora_27 entretanto constituída”, sublinhou.
Atribuindo responsabilidades pela demora ao atual Executivo e também o anterior do PS, a DOREV do PCP reiterou que, “apesar das insistências constantes por parte do município de Évora”, continuam por definir as fontes de financiamento da iniciativa.
“Não se conhece o financiamento comprometido através de fundos comunitários, não se conhece financiamento para o Pavilhão Multiusos ou para o Centro Nacional de Dança”, exemplificou, considerando “imprescindível que o Governo não continue a arrastar e defina urgentemente e garanta os financiamentos”.
Paula Mota Garcia demitiu-se por considerar que “não estavam reunidas as condições” para continuar, e apontou atrasos na constituição da associação gestora da CEC, formalizada apenas em fevereiro de 2024.
Dias depois da demissão de Paula Mota Garcia, tomou posse a direção da associação gestora de Évora_27, tendo sido escolhida a jurista Maria do Céu Ramos para a presidir.
A dois anos de Évora ser Capital Europeia da Cultura, está ainda por anunciar o concurso público para escolher as direções artística e executiva.
Esta mudança levantou questões entre os responsáveis de outras sete CEC — atuais e futuras -, que escreveram uma carta à Comissão Europeia, noticiada no domingo passado no jornal Público, também numa altura em que está em curso uma revisão do atual modelo Capital Europeia da Cultura (CEC) que termina em 2033.