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O presidente do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, afirmou esta terça-feira que o partido tentou juntar a oposição para criar uma nova solução governativa, considerando que se os partidos estiverem divididos o PSD e Miguel Albuquerque são beneficiados.
“Achamos que só pode haver solução alternativa se os partidos da oposição se entenderem. Se não nos entendermos e estivermos divididos, só vamos beneficiar o PSD e Miguel Albuquerque”, declarou o presidente da estrutura regional do PS, recordando que tentou encontrar um entendimento com os partidos da oposição.
Falando aos jornalistas após a aprovação no parlamento madeirense da moção de censura ao Governo Regional minoritário do PSD, que implica a queda do executivo de Miguel Albuquerque, Cafôfo considerou que, da mesma forma que o povo não pode “ter medo de votar de forma diferente, também não podem os partidos ter medo de pôr de lado questões do seu umbigo ou do seu ego”.
“O PS procurou entendimentos, os outros partidos não aceitaram. Não vem drama nenhum ao mundo. […] Não sendo possível, nós vamos e vamos com tudo o que temos em prol dos madeirenses e porto-santenses”, acrescentou, sem responder diretamente se vai tentar voltar a apelar aos partidos para que se juntem.
Na quarta-feira, o PS/Madeira endereçou convites ao JPP, IL, PAN e BE para criar uma nova solução governativa para a região, mas a maioria dos partidos considerou a sugestão “extemporânea”.
O também líder parlamentar do PS/Madeira defendeu que “Miguel Albuquerque não tinha condições para continuar” à frente do executivo madeirense, uma vez que é arguido num caso sobre suspeitas de corrupção, e que “não tem consciência do mal que está a fazer à Madeira e aos madeirenses”.
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“Ou tem, mas só está a pensar em si, porque diz que tem muita coragem e que se vai recandidatar, mas coragem seria sair com dignidade e enfrentar os indícios pelos quais está a ser suspeito, nomeadamente os crimes de corrupção, e poder defender-se”, acrescentou.
Também em declarações aos jornalistas na Assembleia Legislativa, no Funchal, o presidente do Chega/Madeira, o proponente da moção de censura esta terça-feira aprovada, realçou que se trata de “um momento histórico na vida da região autónoma”.
“É a primeira vez que uma moção de censura é apresentada e votada no parlamento regional”, assinalou Miguel Castro, salientando que foi aprovada com os votos de toda a oposição, o que significa, no seu entender, “que este Governo já não estava nas condições de governar”.
O documento recebeu os votos a favor de toda a oposição – PS, JPP, Chega, IL e PAN, que juntos reúnem 26 eleitos, ultrapassando assim os 24 necessários à maioria absoluta -, enquanto o PSD e o CDS-PP (que tem um acordo parlamentar com os sociais-democratas) votaram contra.
A aprovação da moção de censura, uma situação inédita no arquipélago, implica, segundo o Estatuto Político-Administrativo da Madeira, a demissão do Governo Regional e a permanência em funções até à posse de uma nova equipa.
Em novembro, o Chega justificou a apresentação do documento com as diferentes investigações judiciais envolvendo Miguel Albuquerque e quatro secretários regionais, todos constituídos arguidos.