Carlos de Almada Contreiras, antigo oficial da Marinha que participou no 25 de Abril e que morreu na quarta-feira, aos 83 anos, será homenageado no fim de semana em Grândola e em Lisboa, adiantou à Lusa fonte da família.
A homenagem em Grândola, distrito de Setúbal, começa às 12h00 de sábado e é organizada pela autarquia local.
A cerimónia decorrerá nos Paços do Concelho e contará com a atuação da Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, incluindo a música Grândola Vila Morena, de Zeca Afonso, senha para a revolução que foi indicada por Almada Contreiras.
O corpo seguirá para a Capela de São Roque nas atuais instalações da Administração Central da Marinha, em Lisboa, onde estará a partir das 16h00 de sábado, para o velório.
A partir das 13h30 de domingo decorrerá uma cerimónia de homenagem na Capela de São Roque, com intervenções por parte de uma das filhas, do almirante Martins Guerreiro e do coronel Vasco Lourenço, detalhou ainda fonte da família.
Carlos de Almada Contreiras participou ativamente no 25 de Abril de 1974 e na redação do Programa do Movimento das Forças Armadas, sendo considerado o mais importante membro do MFA dentro da Marinha. Foi também Conselheiro de Estado, Conselheiro da Revolução e diretor do Serviço de Coordenação de Informações em 1975 (SDCI).
Foi Carlos de Almada Contreiras que indicou a canção Grândola Vila Morena como senha da operação militar que resultou na revolução.
Contreiras, que nasceu em Aljustrel (Beja) em 1941 e fez os seus estudos secundários no Liceu de Setúbal, tem entre várias condecorações a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, de acordo com uma nota biográfica na página na Internet da Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril.
“Ingressou na Escola Naval em 1960. Entre 1964 e 1970 realizou diversas comissões militares na Guiné, Moçambique, Angola e S. Tomé e Príncipe. (…) Depois de passar à reserva, esteve em Moçambique entre 1988 e 1997, com atividades na Secretaria de Estado das Pescas e na FAO. Na Câmara Municipal de Cascais (1997-2007) foi assessor do presidente e diretor do Departamento da Polícia Municipal”, pode ler-se.
Dirigia a coleção Memórias de Guerra e Revolução editando obras que procuram estudar e clarificar a memória histórica da Revolução de Abril de 1974, sendo coordenador das obras: Operação Viragem Histórica (2.a ed.) — 25 de Abril de 1974 e A Noite que Mudou a Revolução de Abril — A Assembleia Militar de 11 de Março de 1975.