A Câmara Municipal de Lisboa (CML) reconhece que a capital vive “uma situação difícil” em resultado do impacto da greve de trabalhadores da higiene urbana, cuja adesão ronda esta quinta-feira os 80%, segundo um sindicato do setor. “É uma situação difícil, como já prevíamos, pois esta altura é um momento de muita produção de resíduos”, disse à Lusa o diretor de higiene urbana da autarquia lisboeta.

“Estamos no máximo de esforço a tentar recolher, mas, apesar das medidas adotadas para mitigar o impacto da greve, estamos obviamente em défice para o lixo que já está acumulado e para o que ainda se vai acumular”, admitiu Pedro Moutinho.

A CML distribuiu pela cidade 57 contentores para deposição de lixo orgânico e reciclável, para atenuar os efeitos da greve ao trabalho extraordinário convocada pelos trabalhadores da higiene urbana do município, em curso desde quarta-feira e até 2 de janeiro.

A essa greve ao trabalho extraordinário junta-se uma greve de 24 horas durante dois dias: esta quinta e sexta-feira.

O executivo liderado por Carlos Moedas (PSD) tinha consciência de que quaisquer medidas seriam apenas “um paliativo”, assumiu o responsável pela higiene urbana, renovando os apelos à população para que não coloque lixo na rua, nomeadamente o que não tem cheiro, como é o caso do papel.

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“Ainda é cedo para fazermos as contas, mas é visível que há muito resíduo dessa natureza na rua, portanto houve um conjunto de pessoas que não atendeu aos apelos, o que podemos compreender”, observou.

A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) e pelo Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), que justificam o protesto com a ausência de respostas da Câmara de Lisboa aos problemas que afetam o setor, em particular ao cumprimento do acordo celebrado em 2023, que prevê, por exemplo, obras e intervenções nas instalações.

A Câmara de Lisboa assegura que o acordo celebrado em 2023 está a ser cumprido, nomeadamente 13 dos 15 principais pontos.

Pedro Moutinho reafirmou isso mesmo nas declarações desta quinta-feira à Lusa, lembrando que o executivo “sempre se comprometeu com todas as reivindicações do acordo de 2023”, mas há situações que vão além da sua vontade, nomeadamente ter de lançar novos procedimentos para obras.

“Todas as pessoas de bom senso diriam que uma greve deste tipo não se justifica por este tipo de questões”, considera o diretor de higiene urbana.

“Algumas [das reivindicações] estão atrasadas, mas estão a decorrer, não estão abandonadas nem esquecidas”, frisou, garantindo que “o acordo vai cumprir-se na totalidade”.

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O executivo “manifestou abertura total para chegar a um entendimento, mas os sindicatos sempre disseram que pretendiam executar esta greve“, recordou Pedro Moutinho, assegurando que “o diálogo continuará a seguir à greve”.

Na manhã desta quinta-feira, Carlos Fernandes, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), disse à Lusa que a adesão à greve de trabalhadores da higiene urbana em Lisboa rondou os 80% no primeiro turno, tendo saído os carros decretados para serviços mínimos.

O colégio arbitral da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) decretou serviços mínimos para os dias de greve geral (quinta, sexta-feira, sábado e noite de 1 para 2 de janeiro, sendo que nos restantes dias a greve faz-se apenas às horas extraordinárias).