O movimento Vida Justa alertou esta sexta-feira para o facto de o bairro de génese ilegal da Penajóia, no concelho de Almada, estar sem luz desde o Natal, deixando centenas de famílias “na completa escuridão”.
Em comunicado, o movimento exige uma rápida resolução da situação e explica que muitas centenas de famílias que vivem no bairro Penajóia ficaram às escuras, uma vez que os postes de abastecimento de energia elétrica foram desligados dois dias antes do Natal.
“O bairro ficou sem luz nos espaços exteriores, mas também dentro das casas. Várias centenas de famílias estão neste momento na completa escuridão e sem qualquer informação sobre a situação da eletricidade, apesar de todos os esforços que têm feito junto do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) e da Câmara Municipal de Almada para que sejam salvaguardas formas de vida com as mínimas condições de salubridade e segurança”, adianta.
O Penajóia é um bairro autoconstruído em Almada num terreno do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) e que, segundo o movimento, cresceu no último ano devido à crise de acesso à habitação.
“A falta de eletricidade aumenta muito o risco de incêndio e isto traz enorme preocupação à comunidade que também já luta com a falta de água”, frisa o Vida Justa em comunicado, apelando ao IRHU e a Câmara Municipal de Almada que colaborem e ajudem os moradores a assegurarem condições de vida e de segurança básicas.
Esvarena de Sousa, da Associação de Moradores de Penajoia, a viver no bairro desde 2022, disse à agência Lusa que as pessoas estão muito angustiadas e aflitas com a situação.
“Passámos o Natal sem luz, às escuras e ao frio. Os moradores acendem fogueiras para se aquecerem e temos receio que haja incêndios”, disse, adiantando que até ao momento nenhuma entidade deu resposta aos problemas do bairro.
Recentemente, a autarca de Almada, no distrito de Setúbal, manifestou a sua indignação com o silêncio do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana aos contactos feitos pela autarquia para a resolução do problema do bairro da Penajoia.
Segundo explicou Inês de Medeiros na reunião de câmara realizada em 16 de dezembro, no bairro da Penajoia existe uma centena de habitações precárias em terrenos do IRHU, um problema ao qual o instituto não dá qualquer resposta.
“Está o município a tentar dar respostas dignas a acabar com um dos maiores bairros precários das terras do Leo [em Almada], a fazer política de habitação em todas as frentes e temos uma entidade que não responde”, disse, adiantando que o bairro está a crescer sem que o IRHU ponha cobro à situação.
A Lusa questionou a autarquia de Almada, no distrito de Setúbal, sobre a situação em concreto, tendo esta reafirmado que não tem qualquer responsabilidade na matéria e que o terreno em questão é do Estado.
A agência Lusa tentou também junto do IRHU obter uma resposta quanto à atual situação e se existe já algum plano para o bairro, mas até ao momento não obteve resposta.
Contactada a E-Redes para aferir se foi feita alguma intervenção na zona ou se existia alguma avaria na iluminação pública, a empresa disse não ter registo de avarias em instalações de clientes, “nem de anomalias que possam afetar a normal exploração da rede elétrica no local”.
Numa resposta enviada à agência Lusa, a empresa acrescenta que não houve “qualquer ação dirigida ou programada por parte das suas equipas que pudesse ter causado a interrupção deliberada do fornecimento de energia”.