A polícia do Camboja deteve um suspeito de ter assassinado um antigo político da oposição do Camboja, Lim Kimya, que foi morto a tiro na terça-feira numa zona turística de Banguecoque.

De acordo com o relatório policial, citado esta quinta-feira pelo portal de notícias cambojano Fresh News, o suspeito, um antigo soldado tailandês identificado como Ekalak Paenoi, foi detido na quarta-feira numa aldeia da província de Battambang, localizada no noroeste do Camboja, perto da fronteira com a Tailândia.

A polícia cambojana disse que a detenção foi feita em colaboração com as autoridades tailandesas e que Ekalak, de 41 anos, será extraditado em breve para a Tailândia.

Lim Kimya, um antigo deputado do extinto Partido de Resgate Nacional do Camboja, foi morto a tiro perto de Khaosan Road na noite de terça-feira.

De acordo com a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch, Lim Kimya teria acabado de chegar ao local com a mulher de autocarro vindo do Camboja.

Organizações de defesa dos direitos humanos apelaram às autoridades tailandesas para que investigassem o assassínio com urgência e transparência e lamentaram a repressão dos opositores e ativistas no Camboja.

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“Este assassinato flagrante de um ex-deputado do CNRP [Partido de Resgate Nacional do Camboja] nas ruas de Banguecoque tem todas as características de um assassinato político e parece ser uma escalada significativa no uso da repressão política em Banguecoque“, disse o diretor da Asia Human Rights and Labour Advocates, Phil Robertson.

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O CNRP disse num comunicado estar “profundamente chocado e consternado com o assassinato brutal e desumano” e instou as autoridades tailandesas a conduzirem uma investigação completa para levar os perpetradores à justiça.

Este movimento era o principal rival do Partido Popular Cambojano, do ex-primeiro-ministro Hun Sen, nas eleições gerais de 2018.

Mas como parte de uma ampla repressão da oposição antes das eleições, o tribunal superior do Camboja dissolveu o partido, permitindo ao movimento no poder conquistar, posteriormente, todos os lugares na Assembleia Nacional.

Lim Kimya publicou recentemente mensagens na rede social Facebook a acusar o Governo de gastar dinheiro do Estado desnecessariamente em eventos que não beneficiaram a população.

Sob Hun Sen, que manteve o poder durante quase quatro décadas, o Camboja foi amplamente acusado de abusos dos direitos humanos que incluíram a supressão da liberdade de expressão e de associação.

Hun Sen foi sucedido em agosto de 2023 pelo filho, Hun Manet, que estudou nos Estados Unidos, mas houve poucos sinais de liberalização política.

Lim Kimya morreu no mesmo dia em que Hun Sen, atualmente o chefe do Senado do Camboja, apelou à aprovação de uma lei que rotularia certas ações de dissidentes como terrorismo.