Gilberto Madail, o ex-presidente da Federação Portuguesa de Futebol entre 1996 e 2011, está surpreendido com a saída de Paulo Bento e pedia mais tempo para o treinador que contratou em 2011. “Fiquei surpreendido, sim. Parece que todo o passado, embora curto, do Paulo Bento na seleção nacional indicava que ia ter mais uma oportunidade, ou duas”, começou por dizer à RTP, na tarde de quinta-feira.

“Ele pegou na seleção num momento muito complicado, na altura eu lembro que tínhamos uma derrota e um empate em casa. Levou ao apuramento do Campeonato da Europa de 2012, onde a seleção esteve brilhante [atingiu as meias-finais]. Depois conseguiu o apuramento para o Campeonato do Mundo para o Brasil, mas as coisas não correram muito bem. Eu acho que o Paulo Bento merecia mais uma oportunidade”, afirmou.

E continuou: “Eu nunca renovei contratos antes de fases finais. Só depois de ver como corriam é que renovava, ou não. Mas acho que o Paulo Bento merecia um crédito de maior confiança.”

Gilberto Madail contratou Paulo Bento em 2011 para substituir Carlos Queiroz, que havia começado de uma forma tremida a caminhada para o Euro-2012, mas desconhece a natureza do novo contrato. “Tenho pena que não lhe possa ser dada mais uma oportunidade”, insistiu.

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“Se fosse presidente da Federação teria procurado demover o Paulo Bento de uma saída já. Há muitas formas de sair, mas por ter perdido com a Albânia em casa… Porque a culpa do que se passou no Brasil não foi dele, foi dos médicos”, ironizou.

Madail considera que esta é uma boa oportunidade para ver o regresso de alguns jogadores que se incompatibilizaram com o ex-selecionador, ou até daqueles que se mostraram indisponíveis e que ainda “dariam jeito” à equipa. “Era uma boa oportunidade para chamar esses jogadores que estão fora porque a seleção necessita deles. A atual seleção não tem os nomes sonantes e figuras determinantes que tiveram as outras anteriores.”

O ex-presidente da FPF espera que a escolha do novo treinador recaia sobre alguém que compreenda que a renovação da equipa tem de ser feita com algum cuidado. “Não pode ser feita de uma vez”.

A RTP avançou ainda que a indemnização recebida por Paulo Bento estará muito abaixo de um milhão de euros, negando assim os três milhões que circulavam na imprensa desportiva.

O ANTECESSOR TAMBÉM REAGIU

Carlos Queiroz, o homem que foi substituído por Paulo Bento em 2011, criticou a postura da praça pública, que, diz, normalmente só castiga os portugueses. “Desde que me lembro de ser profissional e andar nestas vidas, lembro-me de treinadores serem torturados, ofendidos e humilhados pelo julgamento mediático e, consequentemente, pelo julgamento popular. Acontece maioritariamente com os portugueses. Todos lá chegaram pelos seus méritos e quase todos saem sem futuro, em termos futebolísticos”, afirmou em declarações à Renascença.

Queiroz admitiu ainda que ninguém ficou “indiferente” à derrota contra a Albânia, mas que não ficou em “pânico” e, garante, “é no final que se fazem as contas”.