Uma imagem cada vez mais frequente nos supermercados da capital venezuelana é a de clientes a verificar os preços dos produtos e a deixá-los nas prateleiras, ajustando as compras ao valor disponível na carteira e segundo prioridades. “Pensava que nada mais me assombraria mas hoje, quis comprar uma garrafa de azeite e perguntei na Central Madeirense (supermercado de portugueses) se tinham e qual o preço, disseram 12.500 bolívares (cerca de 19 euros), fiquei horrorizada”, disse Ermelinda da Silva à Agência Lusa.

Com dois sacos quase vazios na mão, Ermelinda da Silva, diz que “em minutos gastei o salário quase todo em apenas algumas coisas, que agora terei que levar com cuidado para que ninguém me roube os sacos pelo caminho”.

“Nas grandes redes de supermercados os preços estão absurdamente altos. Um quilograma de arroz custa 3.600 bolívares (5,45 euros) meio kg de macarrão custa 3.800 bolívares (5,75 euros). Não se consegue café mas já me disseram que está à volta de 10.000 bolívares (15,20 euros) o quilo. Isto sem falar das fraldas para bebés, para os meus netos, ou os ovos”, explicou.

Numa outra loja, Lourdes Betencourt, 55 anos, verificava atentamente o talão da caixa registadora para “ter a certeza que não cobraram demais”. “Comprei um pouco de frango, refrigerante, queijo, fiambre, bolacha e um pacote de massa e paguei mais de 35.000 bolívares (53 euros). Tudo isto é um absurdo, com estes preços”, disse.

Além dos preços, as duas portuguesas queixam-se de que nas últimas semanas subiram também o preço dos telefonemas, dos serviços bancários e da eletricidade e de que é difícil conseguir os produtos que o Governo venezuelano prometeu distribuir através dos Comités Locais de Abastecimento e Produção, porque são precisas muitas horas de fila correndo o risco de que os bens acabem antes que consigam passar a porta do estabelecimento para fazer a compra.

A Venezuela, país exportador de petróleo, mas dependente de importações para a generalidade dos bens de primeira necessidade, enfrenta uma séria crise de falta de divisas que está a provocar escassez de bens essenciais e inflação acelerada.

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