Anis A. é apenas um dos muitos nomes utilizados pelo tunisino suspeito de ter levado a cabo o ataque em Berlim — alguns jornais alemães falam em pelo menos oito pseudónimos diferentes e falsos, a maioria deles identificados pelas autoridades como tendo ligações terroristas.

Como muitos dos responsáveis por ataques na Europa, Anis já era seguido pelas autoridades há vários anos. O próprio ministro do Interior do estado alemão da Renânia-do-Norte-Vestefália, Ralf Jäger, confirmou esta tarde que o homem era seguido pelas agências de segurança dos vários estados alemães, devido ao contacto com “indivíduos radicais”.

Comunicações de Anis A. eram monitorizadas

Nascido em 1992, na cidade de Tataouine, no sul da Tunísia, Anis viajou para Itália em 2012, com 20 anos. Por lá esteve durante três anos, até se mudar, em julho de 2015, para a Alemanha. Chegado ao país, instalou-se num campo de asilo e pediu o estatuto de refugiado. O pedido foi recusado, e Anis A. aguardava agora a ordem de expulsão, estando obrigado a residir dentro das fronteiras do estado de Renânia-do-Norte-Vestefália.

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Antes, em agosto deste ano, Anis tinha sido detido em Friedrichshafen, por estar na posse de um passaporte italiano falso, ainda da altura em que viveu em Itália. Acabou por ser libertado, mas a partir daí as suas telecomunicações passaram a ser permanentemente monitorizadas.

Tunisino tinha ligações a rede de recrutamento para o Estado Islâmico e foi “considerado perigoso”

Durante o tempo em que viveu na Alemanha, Anis esteve em contacto com Abu Walaa, um clérigo muçulmano pertencente ao movimento Salafista (movimento ultraconservador islâmico, que apoia o jihadismo) e que chegou a ser considerado, como escreve a imprensa alemã, o “número 1 do Estado Islâmico na Alemanha).

Walaa, que ficou conhecido pelos seus vídeos muito difundidos na Internet, acabou por ser preso em novembro, por suspeita de recrutar jovens alemães para o Estado Islâmico. Na mesma operação foram detidos quatro cúmplices de Walaa, incluindo um presumível jihadista chamado Boban S., que foi companheiro de casa de Anis A. na altura em que o tunisino viveu em Dortmund.

De acordo com as últimas informações, Anis estaria a residir em Berlim, mas passou o último ano “de norte a sul da Alemanha”, como referiu Ralf Jäger, esta tarde em conferência de imprensa. Durante todo o tempo de permanência na Alemanha, o tunisino foi permanentemente observado pelas várias agências de segurança alemãs — tanto as do estado federal como as dos vários estados federados.

“Queremos encontrá-lo”. Autoridades oferecem até 100 mil euros de recompensa

Desde que o documento de identificação de Anis A. (que, tudo indica, será falso, já que se trata de um nome fictício) foi encontrado no assento do condutor do camião que irrompeu pelo mercado de Natal dentro fazendo 12 mortos e 48 feridos que não há rasto do tunisino. As autoridades alemãs estão a procurá-lo em todos os hospitais da região, uma vez que Anis terá ficado ferido quando lutou contra o polaco a quem roubou o camião — e que foi encontrado morto dentro da cabine.

As autoridades estão neste momento a oferecer até 100 mil euros como recompensa por informações que levem à detenção de Anis, segundo a imprensa alemã.

Entretanto, anunciou o ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, o alerta já foi alargado a todo o espaço Schengen, para onde Anis poderá fugir a qualquer momento. Já Ralf Jäger sublinhou que as autoridades estão a fazer todos os esforços para chegar a Anis. “Queremos encontrá-lo e interrogá-lo”, afirmou.