A ausência de Casillas em detrimento de José Sá na deslocação do FC Porto a Leipzig continua a dar muito que falar, sem que isso queira significar que se tenha percebido ao certo o porquê desta “opção técnica”. Ainda assim, o pingue-pongue entre as notícias nacionais e em Espanha já dura desde terça-feira, com uma série de notícias onde se inclui um desmentido do empresário do jogador, trabalhos sobre a maldição dos sucessores do espanhol na baliza do Real Madrid e uma série de teorias sobre o momento que levou à tomada de decisão. Vamos então por partes.

FC Porto. A troca de Casillas por José Sá ou uma história que ainda pode dar água pela barba

Em resposta aos rumores que falavam num desentendimento entre o número 1 azul e branco e o técnico Sérgio Conceição, o agente do campeão europeu e mundial de clubes e seleções, Carlos Cutropia, veio desmentir por completo esse cenário. “É totalmente falso, não houve nenhuma discussão”, garantiu ao jornal O Jogo, salientando também a incompreensão por esse tipo de notícias “para criar confusão”.

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Está totalmente tranquilo e com muita vontade de continuar a trabalhar. Quer continuar a dar à equipa toda a sua experiência, para tentar ganhar o Campeonato e para chegar o mais longe possível nas competições europeias”, assegurou o empresário Carlos Cutropia

Resumido este ponto, houve também um outro rumor que apontava para a presença de Casillas numa festa de aniversário em vésperas de treino, mas sem qualquer reação. Uma coisa parece certa (e agora olhando para o que se diz em Espanha): o guarda-redes mantém-se tranquilo e pronto para voltar à titularidade no sábado, dia em que os dragões defendem a liderança na receção ao P. Ferreira, a contar para a nona jornada da Primeira Liga. Aí, e mediante a escolha de Sérgio Conceição, logo se perceberá melhor se foi uma exceção ou a nova regra.

O El País, que cita grande parte do que tem sido escrito em Portugal, avança também com números para justificar a surpresa na opção: em dez jogos oficiais, Casillas, o jogador com mais presenças na Champions e, até ontem, após a estreia de Svilar, o mais novo a fazer o primeiro encontro na prova, sofreu seis golos e manteve sete vezes a baliza a zero. Já o El Confidencial recorda a tormenta vivida em Madrid depois da decisão de José Mourinho em colocá-lo no banco, em dezembro de 2012, até pela divisão que causou entre os merengues.

Os desportivos, como o As, falam também daquilo que apelidam de ‘Maldição Casillas’, olhando para os percursos dos sucessores do número 1 no Real Madrid. César, que lhe tirou o lugar em 2001/02, lesionou-se e teve de sair na final da Liga dos Campeões com o Bayer Leverkusen; poucos dias depois, Cañizares, que era apontado como possível titular da seleção espanhola no Mundial da Coreia do Sul/Japão, cortou um pé depois de ter deixado cair um frasco de perfume e falhou a prova; dez anos depois, em 2012, Adán perdeu na estreia no La Rosaleda com o Málaga e, no jogo seguinte no Bernabéu, foi expulso com a Real Sociedad logo aos cinco minutos.

Há uma ideia clara desde que Sérgio Conceição chegou ao FC Porto: não existem estatutos especiais. E isso é bem percetível pelas intervenções públicas, onde, a fazer alguma referência, costumar ser para aqueles elementos que têm menos minutos de jogo mas dão tudo quando entram. Se foi apenas uma mensagem para Casillas e para o grupo ou algo mais do que isso, só o tempo (e os treinos, e o rendimento nos jogos) poderá dizer. Com a certeza de que não terá sido por acaso que, no Verão, a única contratação dos dragões tenha sido um guarda-redes, Vaná, que se juntou ao espanhol, a José Sá e a João Costa (mais tarde, Fabiano foi inscrito na Liga e integrado no grupo).

“Opção técnica. Achei que este era o melhor onze de acordo com o que era o nosso trabalho diário e o adversário. Sou treinador, tenho de decidir, não me importa o ruído que causa”, disse Sérgio Conceição na primeira reação à troca de guarda-redes com o RB Leipzig. No sábado será outra história. Ou a mesma, com José Sá como titular.