Três portuguesas foram distinguidas pela Fundação Yves Rocher – Instituto de França pelo trabalho desenvolvido na área da preservação e respeito pelo ambiente, assim como a educação e sensibilização para uma vida ecologicamente sustentável. As laureadas levam-nos da floresta da Mata do Buçaco às tartarugas do Paul da Tornada, passando pelo desenvolvimento rural sustentável, em projetos que combinam ciência, educação e sociedade. Os Prémios Terre de Femme variam entre os dois mil e os cinco mil euros.
Biodiversidade para todos
A investigação científica ao património natural da Mata do Buçaco, na freguesia do Luso, iniciou-se há mais de 10 anos, em setembro de 2013, mas foram as atividades educativas desenvolvidas neste espaço que garantiram a Milene Matos a atribuição do Prémio Terre de Femme. A bióloga que colabora na promoção do espaço e no serviço educativo pretende usar o valor do prémio para mobilar e equipar a sala didática, para adquirir material pedagógico e para outras iniciativas do serviço educativo.
Aproveitar o património natural, histórico e cultural da Mata do Buçaco na promoção e proteção da biodiversidade acabou por mostrar que havia uma componente social que também saia beneficiada. “Ao sentirem-se parte de um projeto com resultados imediatamente observáveis, ficam sensibilizados para aspetos que antes não consideravam importantes”, refere Milene Matos na candidatura ao prémio. “Este modelo tem resultados tangíveis na reinserção social de reclusos, no combate ao isolamento de idosos, no comprometimento de crianças e jovens com a biodiversidade, e no envolvimento da sociedade civil e do tecido empresarial para as questões de ambiente.”
Conservação das tartarugas do Paul de Tornada
Proteger o cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis) e o cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa) que vivem no Paul de Tornada, uma zona húmida na região Oeste – a cinco quilómetros das Caldas da Rainha – é o objetivo do projeto que valeu a Ana Ferreira o Prémio Terre de Femme. As espécies de cágados, que são tartarugas de água doce, estão ameaçadas em Portugal pela destruição do habitat e pela introdução de espécies exóticas como a tartaruga-de-orelhas-vermelhas-da-flórida vendida como animal de companhia.
O projeto “Ecologia e conservação das tartarugas de água doce do Paul de Tornada” pretende por um lado melhorar as condições de vida das espécies, por outro sensibilizar a população para as principais ameaçadas – se por um lado não devem capturar espécimes selvagens, por outro não devem libertar espécies exóticas.
Educar para a Ecologia Humana
A associação sem fins lucrativos Casa Velha – Ecologia e Espiritualidade pretende juntar no mesmo espaço o contacto com a natureza, o trabalho rural, o convívio com os outros e a oração. Com o programa Educar para a Ecologia Humana, Margarida Alvim e a associação pretendem contribuir para o equilíbrio das relações entre as pessoas e para o uso responsável dos bens e do que nos rodeia, através de atividades lúdicas, formativas, culturais e de prestação de serviços.
Na sociedade atual “impera o imediatismo, a eficiência, a orientação para os resultados e a eficácia, falta tempo para a relação, para os processos participados por todos, para a criatividade, para o cuidado e responsabilidade pelo outro, pelo Bem comum, pela Terra”, refere a engenheira florestal no projeto. Por outro lado, a sensibilidade ambiental tem vindo a crescer, o que abre portas para este programa.