O batimento cardíaco acelera, a respiração torna-se difícil os maxilares ficam mais rígidos e um nó instala-se na barriga. O stress é a reação do corpo humano quando sente que está a ser ameaçado. O aviso é claro: “Prepara-te para fugir, algo mau está prestes a acontecer”. Ou seja: é tempo de descansar, de tirar umas férias.

Claro que as coisas não são assim tão lineares: as sensações de stress podem instalar-se tanto quando estamos perante uma decisão difícil de tomar, como quando vamos falar perante uma multidão. Lá vêm as dores de cabeça, os problemas de pele, as dificuldades em respirar, a falta de fome e até complicações sexuais. E por vezes nem sequer precisamos estar perante um abismo: basta pensar nele.

O problema está precisamente aqui: o nível cognitivo do homem pode virar-se contra ele e trair qualquer tentativa de tranquilidade. Isso acontece quando se pensa durante demasiado tempo ou em excesso sobre algo. E então surge o “stress crónico”, uma condição de pressão constante e prolongada que coloca o corpo em alerta contínuo, nunca permitindo o sossego.

Existem duas mudanças químicas relacionadas com o aparecimento do stress crónico: de um lado, o fígado deixa de controlar a libertação de cortisol, reduzindo a eficiência do sistema imunitário e enquanto isso a adrenalina corre desenfreada pelas veias, provocando uma euforia constante. Por outro lado, o cérebro deixa de dar indicação para a libertação de serotonina, travando o relaxamento do corpo e tornando-nos mais irritáveis.

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Este é um cenário que toda a gente quer evitar. As consequências que derivam do stress crónico dependem de pessoa para pessoa, mas o El País enumerou três.

Constipações muito fortes, herpes e ineficácia das vacinas

Em situações de stress crónico, o sistema nervoso simpático – que é responsável pelo estado de alerta no corpo humano – fica ativo. As glândulas suprarrenais ordenam que o organismo produza adrenalina e cortisol.

Isto é algo positivo se estivermos perante um tempo de ação curto, porque estimulam as defesas humanas a atuar nas zonas onde o corpo está em risco. Mas se a sua presença for prolongada, o número e atividade dos glóbulos brancos – células envolvidas na imunidade – diminuem.

Consequências: mais constipações, com sintomas mais fortes, reativação de vírus, entre eles o causador de herpes, desenvolvimento mais apressado de imunodeficiência e alteração na eficácia das vacinas. Num estudo recente, os cientistas expuseram pessoas com demência (um caso onde é comum desenvolver stress crónico) à vacina contra a pneumonia e perceberam que a resposta imunitária era mais fraca do que em pessoas saudáveis.

Depressão/ansiedades e problemas de memória 

A exposição constante a eventos stressantes é um dos fatores que mais contribui para que este problema se torne crónico. Mas os químicos também podem ser perigosos: de acordo com este estudo, os corticóides – muitas vezes utilizados em problemas respiratórios como a bronquite – podem criar quadros depressivos ou psicóticos.

Outro problema envolve a memória. Um nível de stress normal pode ajudar a memória a fortalecer-se. Mas quando o stress se torna mais forte e prolongado, a capacidade de atenção e concentração diminui. O motivo ainda é pouco claro, mas há estudos que sugerem que o hipocampo diminui de tamanho.

Ingestão de calorias a mais, vícios e taquicardias

Os problemas cardíacos são uma das consequências mais expressivas deste problema. E as raízes podem estar no trabalho: um estudo com 83 mil pessoas demonstrou que as pessoas submetidas a mais stress no emprego tinham uma probabilidade 50% maior de desenvolver problemas cardíacos, como enfarte.

Se já teve problemas com o tabagismo ou o alcoolismo, tenha cuidado: este tipo de problemas costuma intensificar-se perante situações de elevado stress. O habitual é compensar com a ingestão de mais calorias. Eis outro erro, uma vez que esse comportamento diminui a atuação das hormonas da saciedade, levando o corpo a continuar a comer.

Texto editado por Marlene Carriço