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Com Manuel Pestana Machado, Catarina Peixoto, Mauro Gonçalves, Gonçalo Correia e Ana Pimentel
São mais de 800 oradores distribuídos por 21 palcos e três dias e meio. Entre 5 e 8 de novembro, há 70 mil pessoas que vão encher os pavilhões da FIL e o Altice Arena para participarem naquela que é a maior conferência de empreendedorismo e tecnologia da Europa, a Web Summit. Selecionamos 17 oradores que achamos que não pode perder, de áreas tão distintas como a (óbvia) tecnologia, política, música, moda ou xadrez. Da sustentabilidade às fake news, são vários os temas em destaque na terceira edição portuguesa da Web Summit. Dos 17 oradores, quatro são repetições do ano passado que não quisemos deixar de incluir.
Lisa Jackson, a mulher da Apple que nos quer pôr mais ecológicos
Lisa Jackson é a vice-presidente da Apple responsável pela sustentabilidade e iniciativas sociais, e um dos braços direitos de Tim Cook, presidente executivo da empresa. Está neste cargo desde 2013 e a a gigante tecnológica anuncia cada vez mais produtos feitos com materiais 100% reciclados. Antes de desempenhar este cargo, Lisa já batalhava por um mundo mais sustentável, tendo sido a escolha de Barack Obama, antigo presidente dos Estados Unidos da América, para a liderança da agência norte-americana para o ambiente, de 2009 a 2013.
A executiva da Apple nasceu em 1962 na Pensilvânia, nos Estados Unidos da América. Os estudos na prestigiada universidade de Princeton fizeram com que se tornasse engenheira química e, logo em 1987, começou a trabalhar com a agência que iria liderar duas décadas depois. Também esteve ligada à política, depois de ter ficado responsável na agência por garantir que as fábricas e as empresas não descartavam resíduos tóxicos na região. Foi devido a este trabalho que se tornou chefe de gabinete do governador de Nova Jérsia, em 2008.
O trabalho que desenvolveu garantiu que a lei americana adicionasse à legislação existente novos químicos prejudiciais para o evento. Foi durante o mandato na agência do ambiente que teve de gerir como é que a BP teve de resolver o derrame de milhões de litros de petróleo no Golfo do México. Atualmente, tem defendido a continuação dos Estados Unidos no Acordo de Paris, com o apoio de Tim Cook.
Na Web Summit vai falar sobre o que a Apple está a fazer para garantir que só vai funcionar e produzir novos produtos a partir de 100% de energias renováveis.
Data: 5 de novembro às 19h00
Local: Centre Stage
Tim Berners-Lee, o pai da Internet que é responsável por ler isto
“Só tive de pegar na ideia de hipertexto e conectá-la com o protocolo de transmissão de controlo e domínios de nomes de sistema e… tchram! – a World Wide Web”. É assim que o britânico Tim Berners-Lee descreve o trabalho que fez nos laboratórios do CERN, em Geneva, que levou à primeira proposta do que seria a Internet. Era 1989. Atualmente, é o diretor do World Wide Web Consortium, a principal organização internacional para a Internet.
O cientista informático nasceu em 1955 em Londres, Inglaterra. Fez o curso em Física, na prestigiada universidade de Oxford. Em 1980, começou a trabalhar com o CERN e a criar o conceito de hipertexto (a base dos conteúdos na Internet). O objetivo era o de facilitar a comunicação entre os investigadores e cientistas no laboratório. Em 1991 criou o primeiro site da Internet (ainda existe, pode vê-lo aqui).
Desde aí tornou-se o “Pai da Internet”. Foi-lhe concedido o grau de cavalheiro da Coroa britânica, entre outros reconhecimentos. Desde então tem defendido uma Internet mais aberta e que possa chegar a todos os humanos. É defensor da neutralidade da rede e, recentemente, apresentou uma revisão para a invenção que criou, o Solid . Com este conceito, Berners Lee quer corrigir os abusos de proteção de dados que, nos últimos anos, têm mostrado os grandes perigos da Internet para o mundo.
O “pai” da Internet tem um novo projeto para proteger os dados pessoais
Na Web Summit vai falar sobre porque é que é preciso batalhar por uma Internet mais justa que continue a juntar a humanidade e não a separá-la.
Data: 5 de novembro às 18h40; Dia 6 de novembro às 10h30
Local: Centre Stage e Forum
Garry Kasparov, o génio do xadrez que joga na política contra Putin
É considerado o melhor jogador de xadrez de todos os tempos, e também o exemplo que as máquinas são cada vez mais inteligentes. Apesar do título de mestre da modalidade, em 1997 jogou contra um computador da IBM e perdeu. A derrota foi o indício de que até os melhores têm de temer a capacidade das máquinas. Mas isso não o parou. Atualmente, é embaixador da Avast, onde fala das vantagens e perigos da inteligência artificial e novas tecnologias e ativista contra Putin e contra o atual governo russo.
Kasparov nasceu no Azerbeijão, na antiga União Soviética. Em 1985, Garry Kasparov tornou-se, com apenas 22 anos, o melhor jogador de xadrez do mundo. Sendo o melhor da modalidade (que nunca perdia) durante mais de uma década, em 1996 até venceu um robô da IBM que se acreditava ser o melhor. Tudo correu bem até à desforra, em 1997, quando perdeu. Deixou de competir profissionalmente em 2005. Foi aí que começou a ter um vida política mais ativa e, em 2008, chegou a ser considerado para a oposição de Putin, mas não avançou porque o partido não podia nomeá-lo.
Desde esse ano que Kasparov é bem mais do que “o melhor jogador de xadrez do mundo”. É uma das principais caras contra o atual regime russo e várias vezes refere que o presidente russo é um inimigo do mundo livre. A oposição fez com que se tornasse cidadão croata, por não ser possível continuar o ativismo na Rússia. Agor,a trabalha com a empresa de cibersegurança Avast, desde 2016, e vive em Nova Iorque, nos Estados Unidos. O livro mais recente que escreveu fala sobre a criatividade dos humanos e se é possível as máquinas terem esta capacidade.
Na Web Summit vai falar, juntamente com o diretor tecnológico da Avast, Ondrej Vlcek, sobre como as tecnologias disruptivas, como a inteligência artificial, podem resolver problemas no mundo.
Data: 7 de novembro às 13h00 e às 14h10
Local: Forum e binate.io
Brenda Freeman, a mulher que nos quer aumentar a realidade
https://twitter.com/DallasoGoing/status/806591639149940736
O trabalho de Brenda Freeman é fazer-nos querer comprar produtos. A especialista em Marketing já trabalhou como responsável da área em empresas como a National Geographic, a DreamWorks Animation, a Pepsico ou a Viacom/MTV. Agora? Está no mesmo departamento, mas na Magic Leap, a empresa de óculos de realidade aumentada criada por Andy Rubin, cocriador do sistema Android.
A Magic Leap é uma startup criada em 2010 que já angariou milhares de milhões de euros em investimento e, mesmo não tendo um produto lançado no mercado para todos os consumidores, tem uma avaliação que ultrapassa muitas outras empresas bem mais consolidada. A razão é a tecnologia que quer vender — óculos de realidade aumentada, um dispositivo que permite mapear uma divisão e acrescentar objetos digitais nesta como se fossem hologramas. Ainda é um projeto embrionário, mas também pelo trabalho de Freeman, é a empresa que mais olhos tem postos no futuro da interação com o mundo digital.
A executiva de sucesso tem estado à frente desta startup desde 2016. O primeiro protótipo já pode ser comprado por programadores desde este verão (e até é publicitado por estrelas da NBA, como o Shaquille O’Neal. A formação de Freeman é em engenharia química, finanças e marketing, tudo na universidade de Maryland.
Na Web Summit, Brendan vai falar sobre a história da Magic Leap e como o produto de realidade aumentada vai ajudar empresas e media a comunicarem de formas inovadoras, que até agora só eram cenário de ficção científica.
Data: 6 de novembro às 10h25; 8 de novembro às 11h20
Local: Centre Stage e PandaCof
Cristopher Wylie, que contou tudo sobre a Cambridge Analytica
Foi o “denunciante” do caso Cambridge Analytica. Em março de 2018, o agora ex-diretor de Investigação da Cambridge Analytica revelou ao The Observer (do The Guardian) e ao The New York Times que a empresa de análise de dados britânica tinha utilizado indevidamente as contas de 50 milhões de utilizadores do Facebook — soube-se mais tarde que foram cerca de 80 milhões — para ajudar a eleger Donald Trump e que também teve interferência no referendo do Brexit.
O canadiano de 29 anos tornou-se assim no rosto da polémica que conseguiu pôr Mark Zuckerberg, fundador da maior rede social do mundo, a ser questionado no Congresso norte-americano e ao Parlamento Europeu. No The Guardian, escreveu que “é extremamente desconfortável considerar que a nossa democracia pode ter sido corrompida. Os potenciais crimes que aconteceram — alguns decorreram nos servidores do Facebook — parecem estar àquem do alcance da lei. É por isso que testemunhei na semana passada no Parlamento”.
Programador que expôs o caso Cambridge Analytica vai ser ouvido no Congresso dos EUA
Wylie já não trabalhava com a empresa de análise de dados quando entregou os documentos à imprensa. Revelou que o Facebook sabia que a Cambridge Analytica estava a utilizar a informação na sua plataforma há cerca de dois anos, “mas que nada fez” e explicou que expôs o caso “para as pessoas saberem o que andam a fazer com a informação que põem na plataforma”. Na Web Summit, Wylie, vai falar sobre a forma como a nossa privacidade está comprometida e o que há a fazer para resolver isto.
Data: 6 de novembro às 14h
Local: Centre Stage
Mitchell Baker, que mantém a raposa de fogo da Mozilla relevante
Quando se fala em browsers da Internet normalmente fala-se em três: do Google Chrome; do Internet Explorer; e do Mozilla Firefox. Este último navegador continua a concorrer com a Google e com a Microsoft, mesmo não pertencendo a uma grande tecnológica. Como? O browser é realmente bom e protege os dados dos utilizadores, mas não é só isso: desde 1999 tem Mitchel Baker à frente da empresa.
Mitchell Baker formou-se em Direito, na universidade de Berkeley. Depois de ter trabalho no início dos anos de 1990 em Propriedade intelectual numa sociedade, em 1994 tornou-se numa das primeiras pessoas a integrar o departamento jurídico da Netscape Communications (responsável por um dos primeiros browsers para a Internet que evoluiu para o Firefox). Em 1999, depois de ter estado perto das batalhas jurídicas que a empresa teve com a Microsoft para o Netscape poder competir num mundo dominado pelo Windows e o Internet Explorer, tornou-se a diretora geral da Mozilla, o novo browser que surgiu depois de a Netscape acabar.
Desde aí foi fundamental para a criação da Mozilla Corporation e da Mozilla Foundation, responsáveis pelo Firefox. O navegador foi percursor em formas de interagirmos com a Internet que ainda hoje em dia utilizamos, como os vários separadores numa janela. Apesar de, em 2008, ter deixado de ser presidente executiva da empresa, continuou como presidente do conselho de administração, sendo várias vezes considerada como uma das mais importantes mulheres na indústria tecnológica.
Na Web Summit, vai falar de como é importante as empresas de tecnologia responsáveis pela interação com a Internet combaterem as notícias falsas e sobre como o modelo de investimento de Silicon Valley precisa de mudar para permitir mais inovação.
Data: 6 de novembro às 11h35; 7 de novembro às 13h00; e às 15h40
Local: Centre Stage; Forum Rostra (apenas convite); e Startup University
Young Sohn, o responsável por garantir a estratégia da Samsung
A Samsung pode ser rapidamente conhecida pelos smartphones que fabrica, um sector na qual continua a ser líder, mas também está no topo de outros mercados de produtos tecnológicos. Sejam máquinas de lavar, frigoríficos, computadores ou televisores, rara é a tecnologia doméstica em que a empresa não só está presente como tem dos produtos mais desejados do mercado. À frente dessa estratégia vencedor está um homem: Young Sohn.
Desde 2012 que Sohn é presidente da Samsung Electronics. Antes, o sul-coreano de 62 anos passou pela liderança de empresas tecnológicas como a Agilent Technologies ou a Quantum Corporation, entre outras (algumas ao mesmo tempo). A carreira de sucesso começou-a numa empresa que pode ser familiar para muitos: a Intel. Apesar de ter passado a adolescência na Coreia do Sul, desde o início do liceu que vive nos Estados Unidos da América. Como refere a Forbes, “é um caso clássico de uma história americana de sucesso”. Depois de o pai morrer, a mãe optou por emigrar para os EUA e quando Young Sohn teve de escolher um curso disse-lhe: “Vais ser um engenheiro informático e vais estudar”. Foi assim que acabou a estudar engenharia eletrotécnica na Universidade da Pensilvânia e fez o mestrado no MIT em administração.
Além de ser investidor em inúmeras empresas e também responsável pela aposta da Samsung no sector automóvel, a Harman International, Sohn tem sido um dos líderes da Samsung durante momentos mais complicados para a empresa, como os recentes casos de corrupção que levaram a que o presidente executivo da empresa fosse detido durante um ano por subornos na Coreia do Sul. Na Web Summit, Young Sohn vai falar sobre uma das grande apostas da empresa, a inteligência artificial. Em dois painéis vai mostrar qual pode ser o impacto benéfico para o mundo desta tecnologia disruptiva.
Data: 6 de novembro às 11h00 e às 16h30
Local: Centre Stage e Forum Rostra (apenas convite)
Ev Williams, o fundador do Blogger, do Twitter e do Medium
Ev Williams tem no currículo a fundação do Blogger e do Twitter e é o presidente e fundador da Medium, uma plataforma de blogs criada em 2012 para ser “um local que permite a qualquer pessoa partilhar facilmente histórias que importam”.
Nascido a 31 de março de 1972, Ev Williams cresceu na pequena cidade de Clarks, no Nebraska, e durante vários anos trabalhou com a família no campo. Aos 20, viu o mar pela primeira vez e nos anos 90 já vendia tutoriais que ajudavam a perceber como funcionava o mundo da Internet. Durante um ano e meio, Ev frequentou a Universidade do Nebraska, mas decidiu desistir do curso para perseguir uma carreira em sistemas informáticos.
Mais tarde, e depois de ter aprendido a programar sozinho, criou o Blogger, juntamente com mais dois amigos. Em 2003, a plataforma de edição e gestão de blogs foi vendida à Google e o empresário encontrou três cenários que nunca tinha enfrentado: agora tinha chefes, trabalhava numa empresa com mais de 600 funcionários e teve de mudar de cidade. Nesse mesmo ano, fez parte do top 100 dos investidores mundiais com menos de 35 anos da revista MIT Technology Review.
Considerado pela Forbes um dos 400 homens americanos mais ricos em 2014, com uma fortuna equivalente a 2,8 mil milhões de euros, Ev Williams foi também um dos fundadores do Twitter e presidente entre 2009 e 2010, estando agora a fazer parte dos quadros da direção da rede social que já conta com mais de 284 milhões de utilizadores. Na Web Summit, vai falar sobre o futuro da indústria dos media e como esta se pode salvar de si mesma, depois de tentativas como a publicidade e as subscrições.
Data: 8 de novembro, às 14h10 e 16h35
Local: ContentMakers e Centre Stage
Cal Henderson, o fundador do Slack que é apaixonado por ficção científica
O programador britânico é um dos fundadores e diretor de tecnologia da Slack, uma startup que desenvolveu uma ferramenta de comunicação e organização para empresas e que um ano depois da sua criação já valia mil milhões de dólares. Henderson, que desde os cinco anos sabia que queria ser programador, concluiu o curso de engenharia informática na Universidade de Birmingham em 2002.
Um ano depois, o também autor do best-selling “Building Scalabe Websites” começou a trabalhar com Stewart Butterfield, Eric Costello e Serguei Mourachov, tendo sido a primeira pessoa a ser contratada para o Flickr, uma plataforma de partilha de fotografias. Mas, o verdadeiro objetivo de Cal Henderson era ajudar a desenvolver videojogos. Em 2009, quatro anos depois da venda do Flickr ao Yahoo, os quatro deixaram a plataforma para criarem o jogo que deu origem à Slack.
Cal Henderson tem uma vasta experiência em palestras, ajudou a desenvolver a comunidade online B3ta e partilha uma paixão por livros de ficção científica. Só num ano, o programador ouviu 140 adiolivros porque “exigem foco mental”. Como é daltónico, ajuda também a desenvolver várias aplicações para tornar a web mais acessível. Vai estar na Web Summit para falar do Slack e do que está planeado para o futuro de uma das maiores startups a nível mundial.
Data: 6 de novembro, às 10h00
Local: Centre Stage
Greg Peters, o empresário e astrónomo que está há 10 anos na Netflix
Greg Peters, de 47 anos, chegou à plataforma de streaming Netflix em 2008. Começou por ser chefe de desenvolvimento internacional na empresa, estando responsável pelas parcerias com empresas de produtos eletrónicos, fornecedores de serviços e distribuidores de programação. Foi na Ásia, em especial no Japão, que o empresário encontrou várias oportunidades. Em julho de 2017, passou a ocupar o cargo de diretor de produtos da Netflx, que já alcançou os 93 milhões de membros em 190 países.
Formado em física e astronomia pela Universidade de Yale, os caminhos que Greg Peters percorreu nunca foram relacionados com esta área. Antes da aventura na Netflix, foi vice-presidente sénior na área de produtos eletrónicos de consumidor na Macrovision Solutions Corp. e ocupou outros cargos na empresa de entretenimento Mediabolic Inc. e na Red Hat Network.
Foi descrito por Neil Hunt, que antes detinha o cargo de diretor de produtos, como “um engenheiro e empresário especialmente talentoso”. Vai estar na Web Summit para falar sobre como a tecnologia ajuda a Netflix a compartilhar histórias de todo o mundo.
Data: 7 de novembro, às 11h00
Local: Content Makers
Alexander Wang, o designer empreendedor de Nova Iorque
Aos 36 anos, Alexander Wang é muito mais do quem nome de sonante da moda norte-americana, é também um homem de negócios e um empreendedor. Natural de São Francisco, mas filho de pais taiwaneses, mudou para-se Nova Iorque aos 18 anos para estudar na Parsons School of Design. Na realidade, o sucesso de Wang é recente. A sua primeira coleção feminina completa chegou no outono de 2007, fruto da vontade de vingar em nome próprio. Logo aí, o registo autoral do designer ficou bem marcado. A cor predominante é o preto, até hoje, o seu guarda-roupa fortemente influenciado pelo vestuário desportivo. O brilharete teve consequências imediatas.
Um ano depois da estreia em passerelle, é premiado pelo Council of Fashion Designers of America com o Vogue Fashion Fund Award. A distinção trouxe com ela 20.000 dólares (cerca de 17.530 euros), como forma de Wang impulsionar a sua marca. Foi o que aconteceu. Em 2009, lança T by Alexander Wang, uma segunda linha de roupa com preços mais acessíveis. No ano seguinte, a novidade estendeu-se à moda masculina. Em 2011, abre a primeira loja, no Soho, em Nova Iorque.
Mas Alexander não fez só um percurso em nome próprio. No final de 2012, foi anunciado como sucessor Nicolas Ghesquière na direção criativa da Balenciaga. Deixou a casa francesa no verão de 2015, altura em que volta a dedicar-se única e exclusivamente à sua marca homónima. Pelo meio, em 2014, Wang assinou uma coleção para a H&M. Atualmente, também a Adidas Originals tem uma linha desenhada pelo criador. Wang tem vindo a construir um caminho para a sua moda e a fazer jus ao título de marca independente. Em 2016, tornou-se CEO e chairman da sua própria empresa, substituindo a mãe e a cunhada. No início deste ano, outra viragem. Alexander deixou de participar na Semana da Moda de Nova Iorque. As suas coleções continuam a ser apresentadas em desfiles, em junho e dezembro, mas fora do calendário do evento.
Para contar a história de Alexander Wang também é preciso falar de casos judiciais. Em 2012, foi acusado de dirigir uma unidade de produção clandestina em China Town, Nova Iorque. Seriam 30 os trabalhadores queixosos e 450 milhões de dólares o valor exigido ao criador, em tribunal. Meses depois, o processo acabou por não avançar, ao que tudo indica, na sequência de um acordo feito com os lesados. Em 2016, Wang viu-se do outro lado da barricada, ao processar mais de 45 pessoas pela venda de peças contrafeitas. O caso rendeu-lhe 90 milhões de dólares, quase 79 milhões de euros.
Data: 7 de novembro às 12h05
Local: ContentMakers
Cristopher Leacock, o discreto músico empreendedor dos Major Lazer
Como é que se escreve um “hit”? A pergunta vale um milhão de dólares para quem procura singrar na indústria musical e Cristopher Leacock, apesar de discreto (não há jornalista que o tenha entrevistado que não o diga), saberá por certo a resposta. O nome de batismo não fará soar campainhas e mesmo o nome artístico, Jillionaire, não denuncia que se trata de um dos mais bem sucedidos artistas de música de todo o mundo.
Nascido nas Caraíbas, na ilha Trindade e Tobago, Leacock, 40 anos, é tão conhecido pelo bom ouvido quanto pela técnica de produção e DJing. Certo dia, já depois de abrir um restaurante, trabalhar como DJ, começar a compor graças a um software chamado Serato e trabalhar como consultor de energia em tecnologias e informação durante seis anos, convidou dois rapazes para atuar em festas no seu país. Um dos rapazes chamava-se Switch e é hoje um produtor que trabalha na sombra para artistas pop. O outro chama-se Diplo e é uma das grandes estrelas da indústria musical.
Quando se encontraram com Leacock, Swiss e Diplo faziam parte de uma banda em ascensão chamada Major Lazer, que lançara um primeiro álbum em 2009. O disco deixava pistas mas não antecipava ainda inteiramente o sucesso que aí vinha. Entretanto, Swiss saiu (no final de 2011), Diplo contactou “Jillionaire”, chamou-o para a banda e acrescentou a esta o DJ e MC Walshy Fire. De repente, os Major Lazer eram um trio e os êxitos começaram a suceder-se a uma velocidade e dimensão assombrosa. Quem nunca ouviu “Lean On”, “Cold Water” (com participação de Justin Bieber), “Sua Cara” (com Anitta & Pablo Vittar) e “Watch Out For This” (com Busy Signal, The Flexican e FS Green), por exemplo?
Com influências que vão da música de dança eletrónica e do hip hop norte-americano aos ritmos tropicais como a soca, calypso, reggae e dancehall, Leacock é um renovador tanto da música caribenha quanto da norte-americana (porque as mistura). No grupo, a notoriedade de Diplo, que tem uma carreira a solo bastante sólida, é muito maior. Porém, um pouco mais na sombra, “Jillionaire” compõe êxitos como poucos, move-se na indústria com uma intervenção discreta mas próativa, passou de mero músico a interveniente executivo (fundou uma editora em Brooklyn chamada Feel Up Records, onde edita trabalhos seus e de jovens de que é mentor) e viaja pelo mundo à procura das novas tendências da pop. É por isso que gosta de trabalhar com artistas de diferentes origens geográficas, é por isso que saiu da Trindade e Tobago, “país carnaval” onde “a música se ouve 24 horas por dia e faz parte do nosso estilo de vida”, para conquistar o planeta. Na Web Summit, vai falar sobre o negócio da criatividade.
Data: 6 de novembro às 14h30 / 8 de novembro às 12h30, 13h55 e 14h40
Local: Q+A, Music Notes, Content Makers e Centre Stage
Brad Smith, o advogado que chegou a presidente da Microsoft
Texto publicado originalmente a 4 de novembro de 2017 e atualizado para a Web Sumit 2018
Brad Smith é o jurista da Microsoft: todos os assuntos legais da gigante norte-americana passam por Smith. Há 25 anos a trabalhar na Microsoft, lidera agora mais de 1300 consultores jurídicos em 55 países. Desde 2015 que é uma das principais caras da empresa acumulando os títulos de presidente e diretor de assuntos jurídicos.
Nasceu no Wisconsin, nos EUA, em 1959. Formou-se em 1981, com distinção, na Universidade de Princeton. Em 1985, pela Escola de Direito da Universidade de Columbia, concluiu os estudos em Direito. Após o curso, trabalhou como conselheiro de juiz no tribunal federal americano, uma honra normalmente dada aos melhores alunos. De 1986 até 1993 foi advogado associado e sócio na sociedade de advogados Covington & Burling LLP.
Em 1993, tornou-se conselheiro jurídico na Microsoft Europa, tendo, em 2002, passado a responsável pela assessoria jurídica a nível global. Smith é conhecido por ter tido um papel crucial nas batalhas jurídicas que a Microsoft nas últimas duas décadas teve em matérias como propriedade intelectual, direito da concorrência ou cibersegurança. Em 2007, foi descrito pela revista Fortune como “a cara credível e amável de uma Microsoft não monopolista”. Na Web Summit já esteve também no ano passado, sendo também orador no Collision, um dos eventos irmãos no Canadá. Vai falar sobre os desafios da cibersegurança e como a ciberdiplomacia pode ser uma solução para salvar o mundo.
Data: 7 de novembro às 10h45; às 12h30; e às 16h30
Local: SaaS Monster; Q+A; e Centre Stage
Sean Rad, o iraniano que fundou o Tinder
Texto publicado originalmente a 4 de novembro de 2017 e atualizado para a Web Sumit 2018
Filho de pais iranianos, que emigraram para os EUA na década de 1970, Sean Rad teve (desde cedo) a tecnologia mesmo à porta de “casa”. Os progenitores tiveram um negócio de equipamentos eletrónicos já em solo norte-americano, o que permitiu dar conforto e desafogo financeiro à família e apostar no futuro do filho – Sean estudou num liceu privado de Los Angeles e ingressou depois no ensino superior.
Tal como muitos empreendedores da área da tecnologia, Sean Rad decidiu desistir da universidade e apostar no negócio próprio. Antes do Tinder, aplicação de relacionamentos da qual é fundador e atual CEO, teve outras empresas como Orgoo – servidor de email que não teve muito sucesso – e Ad.ly, empresa de marketing para celebridades vendida a um fundo de investimento privado. Setembro de 2012 foi mesmo uma datas mais importantes para este empreendedor: o lançamento do Tinder.
Atualmente, a aplicação reúne milhares de utilizadores em todo o mundo, presente em 196 países, que procuram o amor ou uma noite de copos com novos amigos – um dos objetivos da opção Tinder Social e da qual Sean Rad falou com o Observador em 2016, mas que terá sido desativada entretanto. Apostar no amor entre pessoas solteiras foi o grande sucesso desta startup, que está inserida na empresa Match Group, juntamente com outros sites de encontros.
Porém, nem tudo é perfeito. A aplicação tem sido muito conotada com as relações de sexo casual e descomprometido, colocando em causa a seriedade do negócio. Além disso, Sean Rad foi em novembro de 2015 acusado de assédio sexual por uma antiga funcionária e cofundadora do Tinder, Whitney Wolfe, ex-namorada do também cofundador e melhor amigo de Rad, Justin Mateen, igualmente acusado e julgado.
O processo judicial levou a que Sean, hoje com 32 anos, saísse do cargo de presidente executivo do Tinder, regressando 11 meses depois à mesma função. Em dezembro de 2016, saiu da liderança e tornou-se presidente não executivo da aplicação. Na Web Summit, vai falar sobre o estado da indústria tecnológica.
Data: 7 de novembro às 11:10 e às 16h20
Local: Centre Stage e Startup University
Margrethe Vestager, o David que enfrentou os Golias empresariais
Texto publicado originalmente a 4 de novembro de 2017 e atualizado para a Web Sumit 2018
Lembra-se quando, em agosto de 2016, a Comissão Europeia exigiu à Apple que pagasse 13 mil milhões de euros em impostos atrasados? A marca da maçã só pagava 0,005% dos impostos por causa de benefícios fiscais cedidos ilegalmente pela Irlanda. Por detrás da decisão estava Margrethe Vestager, uma mulher a quem os monopólios nunca agradaram. Desde que assumiu o cargo de comissária europeia para a Competição, Margrethe Vestager já mobilizou um batalhão de 900 investigadores para estudarem a Amazon, o McDonald’s, a Google, a Starbucks, a Gazprom e a Fiat por desconfianças de taxação ilegal de impostos no Luxemburgo. E ainda tem dois anos e meio de mandato pela frente. Os resultados já se começam a ver, este ano, em agosto, a Google foi sancionado em 4300 milhões de euros, a maior coima aplicada pela União Europeia, tudo na liderança de Vestager.
Considerada uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time, Margrethe Vestager até é chamada de “superstar” pelo embaixador norte-americano na União Europeia, Anthony Gardner. “Os políticos devem dar a todas as pessoas oportunidades e permitir-lhes fazer escolhas livres”, disse ela ao The Guardian. Uma posição que vincou numa entrevista à Bloomberg: “Se ganhares no mercado, isso é ótimo e nós vamos parabenizar-te. Mas se fizeres batota enquanto sobes, isso começa a ser um problema nosso”. Quando questionada sobre se ia continuar a bater o pé agora que Trump está na presidência, Margrethe Vestager respondeu que “se alguém quiser fazer negócio na Europa terá de o desenvolver segundo as nossas regras”.
Na Dinamarca, de onde é natural, há uma palavra que expressa a importância que alguém dá à honra. É aerekaer. Para a eurocrata, a aerekaer é a coisa mais importante da caminhada política. Quando, em 2008, a embaixada da Dinamarca no Paquistão foi alvo de um ataque terrorista, uma jornalista perguntou-lhe se concordava que o país estava na mira dos fundamentalistas islâmicos tal como os EUA. Ela, que liderava um pequeno partido liberal dinamarquês, disse que “se isso for verdade, então há que repensar a nossa política de imigração”. A frase fez manchetes minutos depois. É que Vestager não gosta de meias palavras: “Para fazer um bom acordo, é preciso ter um ponto de partida muito forte para que as pessoas saibam com o que estão a lidar”. Foi essa filosofia que a lançou na carreira política com apenas 20 anos.
São também esses pilares que fazem dela uma das pessoas mais respeitadas nos corredores de Bruxelas. Não só respeitada, mas também adorada, disseram os colegas de trabalho numa entrevista à Bloomberg. Porque Vestager também é feita de proximidade à equipa de 900 pessoas com que lida diariamente no escritório no Berlaymont, forrado com fotografias das filhas e de desenhos da artista Kristina Gordon. Pela janela, tem uma vista para o horizonte belga. Para a semana, a vista vai mudar: a comissária vai estar em Lisboa para falar sobre como se deve construir uma economia digital mais justa. Na Web Summit, vai falar sobre como deve ser o caminho para a inovação e sobre justiça.
Data: 7 de novembro às 11h55
Local: Centre Stage
Sophia the Robot, o primeiro robô cidadão
Texto publicado originalmente a 4 de novembro de 2017 e atualizado para a Web Sumit 2018
Esteve nas edições passadas da Web Summit e logo aí mostrou que era um robô diferente de todos os outros. Em 2017, integrou o painel de oradores do palco principal juntamente com o robô Han. Sophia é um robô com figura feminina, capaz de interagir e manter diálogo com humanos e ainda com capacidade de fazer 62 expressões faciais. Fala mandarim e inglês e já viajou um pouco por todo o mundo.
Em 2017, tornou-se no primeiro robô a ter cidadania, uma distinção atribuída pelo governo da Arábia Saudita durante o Future Investment Initiative (evento que junta investidores deste país com inventores). Apesar do caráter inédito do reconhecimento, várias vozes nas redes sociais criticaram a atribuição de cidadania a Sophia, já que os direitos humanos, sobretudo os direitos das mulheres, ainda não foram totalmente alcançados no país. Além disso, muitas pessoas que vivem atualmente no país não têm cidadania, seja porque são emigrantes estrangeiros, não praticam a religião muçulmana ou porque são crianças com um pai ou uma mãe que não nasceu no país.
Sophia é considerada um dos robôs mais desenvolvidos do mundo. Foi criado(a) por David Hanson, fundador da Hanson Robotics e tem recolhido interesse internacional devido à grande proximidade e parecenças com o ser humano. Já fez capa na revista de moda Elle, jogou ao “papel-pedra-tesoura” com o apresentador norte-americano Jimmy Fallon e até já deu entrevistas. Numa das conferências em que esteve presente, no festival SXSM no estado norte-americano do Texas, deixou um certo desconforto quando afirmou que ia “destruir humanos”.
Após esse lapso (ou talvez não), Sophia tem sido questionada sobre a potencial prevalência dos robôs sobre os humanos. Em forma de piada ou com mais seriedade, vai intercalando as respostas: se numas vezes diz querer dominar o mundo, noutras refere que quer aproveitar as características humanas como a compaixão e a empatia para, mais tarde, poder ajudar crianças e idosos nas suas tarefas e atividades. A realidade é que Sophia tem relançado a conversa sobre a ética relativa à inteligência artificial, a mesma que no futuro poderá ter impacto na vida de milhões de pessoas, seja nos empregos ou nas relações interpessoais. Na Web Summit, vai tentar responder à pergunta: quanto tempo falta para os robôs governarem o mundo?
Data: 7 de novembro às 14h00
Local: Centre Stage
António Guterres, o único português no cargo de secretário-geral da ONU
Texto publicado originalmente a 4 de novembro de 2017 e atualizado para a Web Sumit 2018
Tem 69 anos e o atual secretário-geral das Nações Unidas — cargo que ocupa desde 1 de janeiro de 2017 mas que está longe de definir António Guterres. No dia em que fez o juramento da Carta das Nações Unidas, a embaixadora dos EUA na ONU disse que o português era “o homem para o trabalho em tempos tão desafiantes”. De facto, desde que tomou posse, Guterres viu-se em mãos com problemas de escala mundial. Na sua primeira visita ao Parlamento Europeu, em maio de 2017, o já secretário-geral das Nações Unidas apontou a “paz e segurança” como o foco da ação da ONU. “Enfrentamos um número de desafios sem precedentes”, disse, exemplificando: nova ameaça do terrorismo no mundo, tráfico de pessoas, mudanças climáticas.
Durante 10 anos — entre 15 de junho de 2005 e 31 de dezembro de 2015 –, foi Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados. O ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) sofreu uma reforma nas suas mãos: corte de pessoal e custos administrativos e expansão da capacidade de resposta de emergência. O apoio internacional aos refugiados da guerra civil da Síria foram a sua principal preocupação, tendo nomeado a atriz norte-americana Angelina Jolie enviada especial do ACNUR.
O ex-primeiro-ministro António Guterres foi nomeado conselheiro de Estado pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa — cargo que ocupou menos de sete meses e ao qual renunciou após a sua eleição como Secretário-Geral da ONU, em 24 de novembro de 2016. Na Web Summit, vai falar sobre os desafios que o mundo enfrenta atualmente.
Data: 5 de novembro às 19h35
Local: Centre Stage