Três épocas e meia de magia no Pavilhão do antigo Estádio da Luz, ou no “sótão” como lhe chama. Pouco tempo no Benfica, mas uma impressão forte, um impacto imediato, um dos atletas mais badalados e imponentes das modalidades do Benfica, neste caso do hóquei em patins, nos últimos 20 anos. Mesmo que os títulos não tenham sido tantos quanto os jogadores, os técnicos e os adeptos queriam, a história do argentino Francisco Velázquez, conhecido por Panchito, nome que provavelmente despoletará mais facilmente memórias, mesmo que longínquas, em benfiquistas e não só, não se limitou, nem limita aos complicados e felizes anos que viveu de águia ao peito.
Em 1999, o super titulado Carlos Dantas ainda comandava os destinos da modalidade no clube da Luz, apesar das dificuldades vividas, fossem elas financeiras, de gestão ou de resultados desportivos. Dantas havia ganho cinco títulos nacionais entre 1992 e 1998, três Taças de Portugal – viria a conquistar mais duas com Panchito –, três Supertaças (viria a ganhar mais com Panchito), e uma Taça CERS, competição europeia de hóquei em patins, em 1990/1991. Quem viveu aquela altura, dentro ou fora do clube, sabe quem é, o que fez e o que poderia ter feito ainda mais Francisco Velázquez, que à altura já vinha de experiências em Itália e, acima de tudo, uma passagem pelo Barcelona que a páginas tantas podia ter corrido melhor. Assim, no início do ano 2000, chega a Lisboa o “Maradona do hóquei”, como chegaram a chamar-lhe, um atleta campeão do mundo pela Argentina em 1995 e, apesar de alguns problemas, com um currículo já assinalável.
Natural de San Juan, Argentina, terra de hóquei em patins e onde reside, é com alguma frequência que nos últimos anos, exceto no passado recente devido à Covid-19, passa por Portugal, onde fica em casa do ex-treinador e, acima de tudo, amigo. Foi na zona da grande Setúbal, onde mora Carlos Dantas, que o Observador foi encontrar os dois amigos, certo dia mestre e pupilo, treinador e jogador, e agora tranquilos e bem dispostos camaradas, com Panchito a referir que tinha acabado de vir da Praia da Figueirinha, da qual gosta muito, tal como, por exemplo, das praias da Costa da Caparica. “Tentamos vir todos os anos a Portugal, agora com a Covid é que se passou mais tempo. Mas desde 2015 ou 2016 que venho todos anos. É quando ele convida”, diz olhando para Carlos Dantas.
“Eu não o convido. Ele é que diz ‘vou aí'”, diz o ex-treinador.
“Porque é um chato e nunca quer ir lá [à Argentina]”, responde Velázquez, que torna pouco estranhas, se é que por algum motivo teriam de sê-lo, as suas constantes passagens por Portugal.
É que para o argentino Lisboa e o território nacional são “casa”. “É o Benfica… É Lisboa… Nós vamos a Espanha, a Madrid, e sinto-me um turista, um visitante. Aqui não”, diz de forma perentória. De seguida, e tendo Carlos Dantas como testemunha (mais uma vez), Panchito recorda que a primeira vez que começou a perceber aquilo que entende ser a grandeza do Benfica foi contra o Óquei de Barcelos. “Vencemos 3-2 e comecei a ver pelo pavilhão o que iria ser o futuro. Foi impressionante, ainda hoje fico arrepiado”, diz, mostrando o braço. E confirma-se: pele de galinha 20 anos depois.
Às tais dificuldades vividas no Benfica naqueles anos, Panchito responde com um tímido “Isso não sei”, mas desde logo justificou que o que interessava era trazer alegrias aos adeptos e que Carlos Dantas era muito respeitado: “Nunca sentimos isso… Era entrar e jogar. Não me lembro muito bem e até foram eles que me trouxeram para cá. É verdade que o Benfica não estava bem mas nunca sentimos isso e o mais importante era entrar e jogar. Sabíamos que a única coisa que devíamos fazer era ganhar. Ele [Dantas] puxava as orelhas de todos, tem um caráter muito forte. Quando falava, ficávamos todos caladinhos”. Nessa espécie de carpe diem do hóquei em patins das águias, o antigo craque argentino admite que a sua passagem “não foi muito boa em termos de títulos” mas, ao mesmo tempo, refere que “foi o que deu para fazer”. “Tentou-se e não há que procurar justificações. Se tivéssemos ganho algo mais importante… Mas como é que faço para fazer voltar o tempo atrás? Se calhar fico mais magoado [com a tal falha em alguns títulos] do que fiquei em outros sítios ou até na seleção argentina”, admite.
Panchito contou ainda como a vinda para o Benfica, além das já referidas dificuldades do clube, foi ainda afetada, de forma positiva e negativa por outros fatores, uns físicos, outros contingências do hóquei e do desporto. “Tinha deixado de jogar hóquei em patins no ano anterior [a vir para Portugal]. Fui jogar futebol depois de ter problemas com o Barcelona. Isso fez mal ao meu joelho. O Benfica foi contratar alguém que não jogava há um ano. Eu nem sabia se ia conseguir. Quando o corpo sente que tens um problema limita-te logo. Ligaram-me a 20 de novembro e a 29 ou 30 cheguei a Portugal. Até fui a Rosário antes ter com um primo, a 1000 km de distância de minha casa, para experimentar uma máquina médica. Mas nem havia lá sítio para jogar. Cheguei a uma situação complicada. Não só ia para o Benfica para safar uma situação difícil, como tinha também medo de quem era eu a jogar“, explicou.
Chegado a Lisboa, então, Carlos Dantas e Francisco Velázquez, tiveram logo a primeira pequena querela entre futuros amigos. Segundo o então treinador, “naquela altura o Benfica perdia com frequência” e pretendia, depois de “olhar para o planning”, que Panchito entrasse logo em campo para fazer uma série de jogos até ao Natal de 1999, para que os encarnados passassem à segunda fase do Campeonato de uma forma mais “desafogada”. A ideia de Dantas era que o argentino chegasse, jogasse e, ao invés de entrar a 1 de janeiro, entrasse depois a 15. “Não, o meu contrato é a 1 de janeiro”, terá dito, mais coisa, menos coisa, o atleta que vestiu o número 7 no Benfica e, campeão do mundo pela Argentina em 1995.
“Nunca tínhamos falado disto”, confessou Francisco timidamente…
Carlos Dantas continuou sobre aquela época em particular: “Continuo a pensar nessa minha ideia porque nós para sermos apurados para a parte final do Campeonato, nesse ano, só o definimos no último jogo, no Seixal. E se nos quatros últimos jogos tivéssemos ganho dois ou três… ele entra em 2000 e chegamos depois à fase final e ganhámos a Taça. Ainda recuperámos pontos na segunda fase e foi resvés Campo de Ourique para ganhar o Campeonato. Na segunda fase fomos primeiros mas ainda contavam metade dos pontos que tínhamos feito na primeira fase”.
Na conversa com o Observador os dois homens, entre risos, não se entenderam relativamente ao próximo aspeto, mas a verdade é que, no primeiro treino de Panchito no antigo Pavilhão da Luz, o argentino, que calça o número 42, recebeu uns patins 45. Carlos Dantas lembra-se de o seu jogador ter “colocado papel de jornal” no espaço de sobra do patim e que o fez por “brincadeira”, dando-lhe ainda um stick maior do que o normal. Panchito diz que “foi de propósito” mas realça o que se passou nesse treino. “Havia uma diferença grande entre os titulares e os outros. Ele meteu-me com os suplentes. Foi um jogo… [risos]. Mas safei”. E, sem papas na língua, referiu que nesse treino estava “cagado”.
Chegaram a assobiá-lo, mas os adeptos sempre adoraram Panchito e Panchito sempre adorou os adeptos, provavelmente quem lhe passou a paixão que ele ainda tem hoje em dia pelo clube. Diz com orgulho que “ainda o conhecem”, “pedem fotografias” e tem “uma bola relação com os Diabos Vermelhos”, que ainda atualmente o “convidam para almoços e o levam ao futebol”. Em paralelo, o argentino explicou a razão pela qual sempre se ouviu dizer que não gostava de treinar. Para Carlos Dantas, ainda mais claro e com a propriedade de quem era o treinador, diz inclusivamente que é “mentira”.
Mas por partes.
“O que ele gostava era de jogar. Se fosse treino conjunto durante três horas ele estava, se eu fizesse uma hora só de exercícios técnicos, não queria. Mas é um mito. Com a condição dele, ele precisava de brincar com a bola, brincar com os outros, ter competição. Agora sozinho, não gostava disso, nem andar à volta do ringue. A preparação física dele era o jogo de treino e aí ele gostava. Depois tinha uma particularidade, que era jogar sempre a qualquer coisa: a uma Coca-Cola, a um jantar… Mas isso era uns acordos que eles tinham entre os jogadores. Esse estímulo obrigava-o a correr muito no jogo treino e por conseguinte, nessa perspetiva, as pessoas estão erradas relativamente ao treino. Ele gostava da competição”, diz Carlos Dantas. Já Panchito tem uma posição clara: “Joga-se o que se treina”.
“Se calhar os treinos eram até mais fortes do que os jogos. E eu também sofria muito do joelho. Ele [Carlos] acompanhava a minha situação e não havia ginásios, às vezes esperava três horas pelo fisioterapeuta do basquetebol, às vezes só seis horas antes do jogo é que me ajudava. Havia exigência e eu não dizia a ninguém como estava o meu joelho, tapava tudo e entrava já todo o ligado no rinque”, disse, acrescentando: “Antes de um grande jogo frente ao FC Porto, o Dantas sem me dizer levou-me a um profissional e eu lembro-me da cara deles quando olharam para a minha perna esquerda, porque eu os enganava, tinha muito menos massa muscular e tudo. O médico disse-me para ir jogar, visto que andava a jogar assim, mas eu tinha medo de não voltar a jogar mais. Jogo foi sábado e na terça-feira operaram-me. Não sabia se voltava jogar. Já tinha sido operado na Argentina mas não ficou bom e o Dr. António Martins disse que me ia curar. Eu não conseguia a extensão e flexão da perna. Quando saí da operação, e lembro-me que estava a minha mãe e um padre, passadas seis horas eu estava numa máquina de extensão e flexão. A recuperação foi rápida, dois meses, não foi?”, perguntou ao seu ex-treinador, que acenou que sim com a cabeça.
Nota-se uma cumplicidade entre os dois, mesmo a residirem a milhares de quilómetros de distância um do outro, porque afinal conhecem-se mais de 20 anos. Mas, diz Carlos, a “ligação inicial não foi pacífica”. Mas depois, como o treinador queria que “todos se sentissem em casa, visto alguns serem estrangeiros, outros do Norte e etc”. Acrescenta, olhando de lado para Panchito, que o argentino é “possessivo” e que, por isso, “era a toda a hora” que estavam em casa um do outro, “até porque não tinha muitos amigos cá”.
Começou assim o que o ex-treinador do Benfica, mas também dos italianos do Bassano e dos açorianos do Candelária, chama de “uma relação próxima”. “A ligação inicialmente não foi pacífica, até porque o Benfica vivia tempos difíceis em termos competitivos e quando ele veio as coisas começaram a melhorar, mas ele é como os animais selvagens e é difícil domá-los. Mas à medida que o tempo foi avançando, cada um foi cedendo parte a parte e a coisa estabilizou”. Depois disto, começaram então a surgir as tais visitas a casa e, agora, as visitas de um continente do planeta até outro, da terra das pampas para solo luso.
Mas esta ligação Panchito-Benfica-Dantas surgiu ainda com alguma ausência de informação, visto que, claro está, o scouting de há 20 anos, mais ainda de um clube em que as modalidades andavam tremidas, não é o mesmo de 2021. “A primeira vez que o vi jogar foi em Madrid, com o Barcelona, e o treinador deles disse-me que tinha um miúdo muito engraçado. Também tinha visto o Mundial da Argentina e depois vi na internet, que ainda era muito arcaica, que havia um Velázquez que queria vir a Portugal. Comentaram depois comigo num treino e eu disse aos diretores para falarem com o Barcelona, se ele não gostava de estar lá, para vir para cá emprestado, podia ser que melhorasse a situação. Uma análise cuidada? Não fiz. Era nome, habilidade natural e pouco mais. Não havia este tipo de comunicação, mas tinha conhecimento de que era artista. Falei com o António Livramento, que na altura era treinador do Sporting, acho eu, e disse-me que era um ‘miúdo muito giro’. E aconteceu. Agora fazem muitas análises e não acertam em nada”, rematou Carlos Dantas.
Mas o saudoso António Livramento não tem apenas esta participação na história de Francisco Velázquez, visto que certa vez em que “a Argentina ganhou na Suíça a Portugal, na final da Taça das Nações”, o argentino foi interpelado pelo português. “Disse-me que tinha de jogar no Benfica. Eu sabia que jogava lá o Caniggia [no futebol]”, refere Panchito, encolhendo os ombros, como que retratando o que terá pensado naquela altura, ainda jovem, empurrado de certa forma do futebol para o hóquei por ter chegado “muito rápido” à 1.ª Divisão argentina (14 anos) e ter “necessidades de dinheiro, com pais separados, mãe doente”. “Foi tudo muito rápido”, resume.
Essa ascensão meteórica no hóquei em patins levaria Panchito muito cedo a Itália, jogando no seu país e no Campeonato transalpino quase que aos saltos, antes da tal passagem por Espanha, pelo Barcelona, a paragem e a chegada ao Benfica. E a passagem pelo clube que tudo lhe deu, como faz questão de referir, foi talvez abençoada por um dos grandes do Benfica, de Portugal e do mundo do desporto, mesmo que este nem se apercebesse. “Nos primeiros dias, claro que não falava português e havia um café em frente ao pavilhão. O Carlos disse-me ‘Estás a ver aqueles três? Dois são adeptos importantes, tens de agradar-lhes’. Perguntei quem era o outro homem e ele disse que era o Eusébio. O Eusébio. Para nós é um ídolo, a Pantera Negra. Um tio meu que foi jogador tinha uma foto com ele. Cumprimentei-o e talvez tenha ficado também com aquela coisa de ter conhecido o Eusébio. A verdade é que depois de um par de treinos estava a jogar no sótão”. “Eu chamo-lhe sótão mas é cave”, acrescentou de seguida.
“No primeiro jogo nem estava muito cheio e era escuro. Mas logo a seguir em Paço de Arcos já eram mais adeptos do Benfica. Às vezes pensam que falo só para dizer mal do Barcelona, mas fomos jogar à ponta de França, em Itália, e tínhamos adeptos, cachecóis e gritos. Joguei em muitos sítios com o Barcelona e não era assim. Fomos a Itália e no aeroporto já havia palmas para nós. Não sei se é do português, se é do clube, mas eu falo do que vivi no Benfica e é impressionante”, afirma, comparando até com o futebol atual, inclusivamente com a Liga dos Campeões, em que o Benfica “tem sempre gente” noutros estádios.
“Eu vivi coisas que noutro sítio nunca vivi. Jogávamos em qualquer lado e era mais gente do Benfica. O Igualada era impossível de ganhar e nós fomos lá, ganhámos e havia adeptos nossos. Fui lá jogar com o Barcelona e nem um culé. O Barcelona é maior, tem mais dinheiro, mas a malta daqui passa o normal. Não é normal e eu vivi, a mim ninguém me conta. Por isso é que digo que o Benfica é o melhor clube do mundo para jogar. Nunca viram, nem vão ver e quem disser o contrário é mentiroso”, diz o pai orgulhoso de uma rapariga de 16 anos e de um rapaz de 18, futebolista que, sem querer adiantar muito, Velázquez admitiu que ia tentar ser jogador em Portugal. Ainda nas recordações de Panchito, lembra-se com um sorriso do antigo Pavilhão da Luz, cheio, referindo que “às vezes nem se respirava”.
Talvez como retribuição, talvez apenas por paixão clubística, a quinta de Panchito, em San Juan, tem um nome muito característico. Ao que na sua língua se chama finca, o argentino deu o nome que lhe pareceu lógico: La Gloriosa. “Tudo o que tenho é graças ao Benfica. Penso que sou uma pessoa agradecida e por isso também passo aqui tempo com o Carlos há muito tempo. Achei que a quinta que me permite viver e à qual me dedico tivesse o nome do clube de que verdadeiramente gosto. E não digo isto da boca para fora”, exclama, explicando que além de vender lotes de terreno, tem espaços para eventos, um campo de futebol e o cultivo e trabalho da uva. “A minha mulher está dedicada a isso”, explica.
Figura relevante do panorama desportivo encarnado durante aquele período (2000-2003), Panchito, sem saber explicar-se melhor, diz que vai ao futebol até com os Diabos Vermelhos mas refere que no hóquei em patins se sente “estranho”. “Não sei, sinto-me estranho. E é evidente que não gostam de mim, senão convidavam mais vezes”, diz sem problema, “obrigando” Carlos Dantas a explicar que “há diferença entre adeptos e dirigentes”. “Somos mais acarinhados pelos adeptos, embora não tenha problemas. Convidaram-me recentemente para o jogo de apresentação, fiz questão e fui com todo o gosto”, frisou Carlos Dantas que, como qualquer treinador de clube grande, seja em crise ou não, tem muito para contar.
“No Benfica tive a sorte ou o azar de conhecer cinco presidentes. E apoio às modalidades só a partir de Luís Filipe Vieira. Todos os outros queriam acabar com aquilo”, frisa o treinador que ao serviço do clube lisboeta conquistou cinco Campeonatos, seis Taças de Portugal, seis Supertaças António Livramento e uma Taça CERS. Com isto tudo na vitrina e sem falsa modéstia diz que “é muito mais fácil ganhar agora”. “Houve épocas dessas em que durante nove e dez meses não recebíamos um tusto. Se calhar uns cheques meus“, refere, com Panchito a finalizar: “Connosco também foi assim, nove ou dez meses e era ele que ajudava”.
“Tenho a vaidade de dizer que se o hóquei não acabou nessa altura a mim se deveu. Cheguei a ir bater mesmo à porta dos presidentes e até lhes menti, a dizer que arranjava publicidade e etc.”, conta.
No culminar da conversa, Panchito diz que vê “futebol, andebol, hóquei…”. “Se o Benfica ganha, fico feliz”, fazendo questão de frisar que embora se tenha ido embora em 2003, já “muita água tinha passado pelo moinho”. “Continuei por causa do Carlos. O presidente Vilarinho dizia que eu tinha de ir embora, até gravei uma conversa uma vez para o Dantas ouvir. Ele [Manuel Vilarinho] aparece num grande golo meu contra o FC Porto a bater palmas, mas depois vinha dizer que eu tinha de ir embora e que o hóquei ia acabar”. Esse golo, para Panchito, ainda é um dos que guarda com mais carinho da passagem pela Luz.