Domingo, dia 23 de julho, será um dia histórico para o futebol feminino português. Em Auckland, bem longe na Nova Zelândia, a Seleção Nacional vai estrear-se em Campeonatos do Mundo no jogo contra os Países Baixos (8h30). Depois, seguem-se Vietname e EUA, com a equipa de Francisco Neto a manter vivo o sonho de garantir o difícil apuramento para os oitavos de final da competição.
Numa lista de 23 jogadoras onde a larga maioria esteve no último Europeu, no verão passado, existem vários perfis: as licenciadas, as mais velhas que pagaram para jogar, as mais novas que já passaram pelas camadas jovens dos clubes e até uma única campeã europeia. Estes são os percursos (e as melhores histórias) das jogadoras portuguesas que vão disputar o Mundial de futebol feminino.
Ana Rute Campos Costa
Idade: 29 anos (Barcelos)
Clube: Benfica
Títulos: 2 Campeonatos, 2 Taças de Portugal, 2 Supertaças e 1 Taça da Liga
Clubes que representou: Casa do Povo de Martim, Boavista, Clube de Albergaria, Sp. Braga, Famalicão e Benfica
Rute Costa é guarda-redes de futebol. Mas essa evidência acabou por ser um mero acaso – isto se partirmos do princípio de que a jogadora do Benfica poderia ser agora jogadora de voleibol ou guarda-redes de futebol de praia. A guarda-redes jogou voleibol dos dez aos 16 anos e chegou a ter a possibilidade de se tornar profissional na altura em que era júnior, acabando por recusar a oportunidade devido aos compromissos escolares.
Foi nessa altura que acompanhou uma amiga a um treino de captação, começando a treinar como avançada para depois assumir a responsabilidade da baliza. Já representou Portugal no Mundialito feminino de futebol de praia, é licenciada em Ciências do Desporto e chegou ao Benfica no início de 2022/23, assumindo desde logo a titularidade depois de duas épocas bem conseguidas no Famalicão.
A história
Há cerca de dez anos, em 2014 e quando representava o Boavista, Rute Costa lesionou-se durante um jogo e teve de ser operada à mão – chegando a receber o duro diagnóstico de que nunca poderia voltar a praticar um desporto que obrigasse à utilização da mão. “Fiquei cinco dias internada à espera de uma operação que devia, no máximo, acontecer no prazo de dois dias. A primeira operação passava por colocar uma placa e nove parafusos no espaço limitado da minha falange e 60 sessões de fisioterapia. A segunda operação foi para remover o que antes suportava o osso estilhaçado, como se fosse um pedaço de vidro, e mais 40 sessões de fisioterapia”, contou. Oito meses depois de se lesionar – e contrariando as opiniões mais pessimistas –, regressou aos relvados.
Inês Teixeira Pereira
Idade: 24 anos (Lisboa)
Clube: Servette (Suíça)
Títulos: 2 Campeonatos, 2 Taças de Portugal, 1 Supertaça e 1 Taça da Suíça
Clubes que representou: Atl. Cacém, 1.º Dezembro, CAC, Estoril, Sporting e Servette (Suíça)
Começou por surgir na sombra de Patrícia Morais no Sporting, assim como na Seleção Nacional, mas as boas exibições sempre que era chamada à baliza garantiram-lhe a titularidade nas duas equipas. Apesar dos parcos 24 anos, Inês Pereira já é uma espécie de veterana do conjunto de Francisco Neto, tendo cumprido a estreia há já cinco temporadas e contando com mais de 30 internacionalizações.
Saiu para o Servette da Suíça em 2021, sendo uma das poucas jogadoras portuguesas que ainda atuam no estrangeiro, e assumiu a titularidade da equipa e um preponderância clara no conjunto que disputa a Liga dos Campeões e que conquistou a Taça da Suíça na época passada.
A história
Conhecida pela qualidade do jogo de pés, começou por estimular essa qualidade no Atl. Cacém e acabou mesmo por atuar enquanto jogadora de campo no Estoril – apontando um hat-trick num dos três jogos que cumpriu longe da baliza. “Na altura estávamos com poucas jogadoras, o treinador tinha saído. Algumas jogadoras saíram com ele e, como era o meu último ano no Estoril, o clube sabia e preferiu meter a outra guarda-redes que ia continuar. Tive de jogar à frente e gostei muito, foi uma grande experiência. Se algum dia for preciso ter de jogar à frente, jogo, para ajudar a equipa. Mas não gosto de correr, três jogos já foi demasiado”, explicou ao Expresso.
Patrícia Isabel Sousa Barros Morais
Idade: 31 anos (Loures)
Clube: Sp. Braga
Títulos: 4 Campeonatos, 4 Taças de Portugal, 1 Taça da Liga e 1 Supertaça
Clubes que representou: Santa Iria, Ponte Frielas, Escola de Futebol Feminino de Setúbal, 1.º Dezembro, A-dos-Francos, FF Yzeure (França), ASPTT Albi (França), Sporting e Sp. Braga
É das caras mais conhecidas e reconhecidas da Seleção Nacional – talvez pelos longos caracóis que são uma imagem de marca e que até Marcelo Rebelo de Sousa impressionaram, na receção do Presidente da República à equipa após a qualificação para o Mundial. Teve breves experiências no futebol francês, regressando a Portugal para integrar o projeto do Sporting e tornar-se a guarda-redes titular no período em que os leões assumiram a hegemonia nacional.
Com 31 anos, é das jogadoras mais experientes da equipa de Francisco Neto e um dos nomes mais importantes do balneário. Começou por ser jogadora de campo – assumindo até que só gostava de correr para a frente, nunca para trás e para defender –, mas rendeu-se às balizas quando teve de assumir esse papel na Seleção Sub-19.
A história
Patrícia Morais não sabe nadar. Há cerca de um ano, durante um fim de semana de folga passado no Gerês, arriscou um mergulho numa cascata onde achava que tinha pé. Não conseguiu vir ao de cima assim que entrou e foi salva por dois turistas, enquanto que a colega Carolina Mendes deixava tudo gravado num vídeo. “Nunca mais vou a uma cascata”, desabafou a guarda-redes no podcast “Pod: Ser do Braga”.
Ana Rita Silva Seiça
Idade: 22 anos (Coimbra)
Clube: Benfica
Títulos: 3 Campeonatos, 3 Taças da Liga, 2 Supertaças
Clubes que representou: ADCR Pereira, Juventude de Arzila, AR Casaense, Académica, Condeixa e Benfica
A central é uma das jogadoras mais novas da convocatória de Francisco Neto – e uma das três que vão estar no Mundial e não estiveram no Europeu –, mas já leva mais de 100 jogos pelo Benfica e oito títulos conquistados. É um dos nomes mais recentes na comitiva portuguesa, tendo cumprido a primeira internacionalização apenas no passado mês de fevereiro, mas depressa deixou claro que dificilmente vai sair das escolhas do selecionador nacional.
A história
Cresceu na sombra de Carole Costa e Sílvia Rebelo e aprendeu a idolatrar os mais experientes, tendo Virgil van Dijk, o central neerlandês do Liverpool, como principal referência.
Carole Silva Costa
Idade: 33 anos (Braga)
Clube: Benfica
Títulos: 4 Campeonatos, 3 Taças da Liga, 2 Supertaças e 1 Taça de Portugal
Clubes que representou: Casa do Povo de Martim, Leixões, SGS Essen (Alemanha), FCR Duisburgo (Alemanha), MSV Duisburgo (Alemanha), BV Cloppenburg (Alemanha), Sporting e Benfica
Aconteça o que acontecer na Nova Zelândia e na Austrália, Carole Costa já tem o nome garantido na história do futebol feminino português. A central do Benfica marcou o penálti decisivo nos descontos contra os Camarões, no jogo que garantiu o inédito apuramento para o Mundial, e cimentou-se ainda mais como um dos nomes mais importantes de sempre na modalidade.
Campeã nacional pelo Sporting e pelo Benfica, passou por vários clubes alemães antes de regressar a Portugal à boleia dos leões e aproveitou para concluir a licenciatura em Educação Física e Desporto. É uma das jogadoras mais internacionais de sempre pela Seleção Nacional, a par de Ana Borges e Carla Couto, e faz parte da geração que ainda pagou para jogar futebol e que navegou as primeiras ondas da profissionalização.
A história
Carole Costa estreou-se pela Seleção Nacional em setembro de 2006, há já 17 anos, mas a verdade é que a primeira internacionalização até poderia não ter acontecido. A jovem jogadora esqueceu-se do passaporte no dia em que iria viajar pela primeira vez com a comitiva portuguesa e teve de ser o treinador da Casa do Povo de Martim, onde ainda atuava na altura, “a voar” para lhe levar o documento e permitir que se estreasse por Portugal.
Catarina Isabel Silva Amado
Idade: 23 anos (Lousã)
Clube: Benfica
Títulos: 3 Campeonatos, 3 Taças da Liga e 1 Supertaça
Clubes que representou: Lousanense, AD Poiares, Estoril e Benfica
Teve o primeiro contacto com o futebol através do Desporto Escolar, ainda na Lousã, e foi precisamente no município de Coimbra que conheceu Ana Rute, outra das convocadas de Francisco Neto. Ainda jogava no Poiares quando começou a ser convocada para as seleções jovens, merecendo um salto para Lisboa que a levou para o Estoril – e a deixou cheia de saudades da família, tema que recorda recorrentemente.
Começou por ser ala, algo que explica a dimensão ofensiva que coloca no jogo apesar de ser lateral. Foi uma das surpresas positivas do Europeu do ano passado, atuando a alto nível antes de se lesionar gravemente contra a Suécia. Com apenas 23 anos, presença habitual nas convocatórias da Seleção Nacional e autora do golo que valeu a história primeira vitória do Benfica na Liga dos Campeões, é claramente um dos nomes mais entusiasmantes do futuro.
A história
A representar o Benfica desde 2019, Catarina Amado nunca escondeu que é adepta dos encarnados e que estava a cumprir um sonho. “Sinto-me muito feliz. O Benfica é o clube do meu coração. Tinha o sonho de jogar aqui desde criança. Consegui concretizá-lo e ter esta oportunidade de representar o clube por muitos mais anos”, disse a lateral na altura em que renovou contrato até 2025.
Diana Catarina Ribeiro Gomes
Idade: 24 anos (Paços de Ferreira)
Clube: Sevilha (Espanha)
Títulos: 1 Campeonato, 2 Supertaças, 1 Taça de Portugal e 1 Taça da Liga
Clubes que representou: Leões da Citânia, Freamunde, Valadares Gaia, Sp. Braga e Sevilha (Espanha)
A central faz parte do grupo de jogadoras que estiveram nos dois Europeus em que Portugal participou, em 2017 e 2022, e que agora também viajaram para o Campeonato do Mundo. Marcou o golo que colocou a Seleção Nacional em vantagem no jogo decisivo contra os Camarões, em fevereiro, e já tinha sublinhado essa capacidade goleadora no Europeu do ano passado, ao marcar de cabeça na partida inaugural contra a Suíça.
Já disse várias vezes que quis ser jogadora de futebol “desde a barriga da mãe” e a verdade é que foi descoberta a partir dos jogos que realizava na varanda de casa, com os irmãos – ainda que se divertisse sozinha a fazer das meias umas caneleiras falsas e a atirar-se para o chão para fingir faltas. “A minha mãe achava que eu era maluca. Mas eu só lhe dizia: ‘Mãe, eu vou ser jogadora de futebol’”, contou em entrevista ao jornal Record.
A história
Tal como muitas das atuais profissionais, Diana Gomes começou a jogar futebol com equipas masculinas. Contudo, e ao contrário da realidade de muitas jogadoras, garante que teve uma experiência muito positiva. “Os rapazes tinham muito respeito por mim. Nos jogos davam-me sempre prioridade, tanto para me equipar como para tomar banho no final. Adorei começar a jogar com rapazes. Para além de ter desenvolvido muito mais rápido o meu futebol, foi fundamental para crescer a nível pessoal. Era mesmo uma princesa, defendiam-me sempre em todas as situações”, recordou, também ao Record.
Joana Filipa Gaspar Silva Marchão
Idade: 26 anos (Abrantes)
Clube: Sem clube
Títulos: 4 Campeonatos, 4 Taças de Portugal e 2 Supertaças
Clubes que representou: Abrantes Benfica, U. Tomar, Atl. Ouriense, Sporting e Parma (Itália)
Se Francisco Geraldes ficou para sempre associado à mítica fotografia em que surge a ler um livro de José Saramago no banco de suplentes do Sporting, o que dizer de Joana Marchão. A lateral portuguesa é conhecida e reconhecida pelo especial gosto pela leitura, aproveitando os tempos mortos no balneário e nas viagens mais longas para ler vários capítulos – uma paixão que apanhou do pai, Orlando, que trabalha numa livraria.
Gosta de ouvir música clássica antes dos jogos, embora seja Freddie Mercury o eleito para estar tatuado num dos braços, e não escapa às brincadeiras das colegas, que a chamam “velha”. Depois de ganhar praticamente tudo com o Sporting, saiu para o Parma há um ano e já anunciou que não vai representar os italianos na próxima temporada, não sendo ainda conhecido o próximo destino.
A história
Em 2008, quando tinha apenas 12 anos, Joana Marchão foi a protagonista de uma reportagem da RTP sobre a promissora jogadora que jogava com rapazes no Abrantes Benfica e sonhava chegar à Seleção Nacional. Mais de uma década depois, “Menina Não Joga” foi apenas o início da vida mais pública de alguém que já leva mais de 30 internacionalizações, uma participação num Europeu e uma convocatória para um Mundial.
Lúcia Catarina Sousa Alves
Idade: 25 anos (Paredes)
Clube: Benfica
Títulos: 3 Campeonatos, 3 Taças da Liga e 2 Supertaças
Clubes que representou: USC Paredes, Águias de Santa Marta, Paredes, Freamunde, Valadares Gaia e Benfica
O futebol foi mais uma inevitabilidade do que uma escolha, com a defesa a contar em várias entrevistas que já jogava aos dois anos, com o pai, e que andava sempre “de boné para trás e com uma bola debaixo do braço”. Chegou ao Benfica em 2019 e vinda do Valadares Gaia, tendo ainda passado mais um ano por empréstimo na equipa nortenha depois de assinar pelos encarnados, mas regressou à Luz para ficar e já foi campeã nacional em três ocasiões.
A história
Tal como acontece com Catarina Amado, Jéssica Silva ou Kika, nunca escondeu que é adepta do Benfica. “É um sentimento muito especial. Sou do Benfica desde pequenina, quase toda a minha família é benfiquista e é um orgulho poder vestir esta camisola e festejar três vezes a conquista do Campeonato com este clube”, afirmou no passado mês de maio, quando os encarnados voltaram a ser campeões nacionais.
Sílvia Marisa Garcia Rebelo
Idade: 34 anos (Gouveia)
Clube: Benfica
Títulos: 3 Campeonatos, 3 Taças da Liga, 2 Supertaças, 1 Taça de Portugal e 1 Segunda Liga
Clubes que representou: ED Gouveia, Fundação Laura Santos, Sp. Braga e Benfica
A central do Benfica é uma das jogadoras mais experientes da Seleção Nacional, tendo estado tanto no Europeu de 2017 como no de 2022. Foi de Gouveia para Lisboa à procura do sonho do futebol, depois de jogar com rapazes no clube da terra, e fez de tudo durante os 14 anos em que representou a Fundação Laura Santos: até trabalhou na lavandaria do lar de idosos, depois de terminar o 12.º ano à boleia de um curso profissional em Marketing, Relações Públicas e Publicidade.
Sissi, como é tratada pelas colegas de equipa, começou por jogar como avançada – mas depressa recuou no terreno e passou a assumir a posição de defesa central, beneficiando também do 1,74m que tem. Assinou pelo Sp. Braga em 2016, passando a ser recompensada financeiramente pela primeira vez na carreira, e mudou-se para o Benfica dois anos depois.
A história
Para além de ser um dos pilares da Seleção, Sílvia Rebelo foi responsável pelo início da carreira daquela que é a jogadora mais internacional de sempre: Ana Borges. “Nós frequentávamos a mesma escola, eu via-a jogar no inter turmas e falei como ela, para ir para a Fundação. Ela começou por dizer que não, que não achava piada nenhuma a futebol. Tentei convencê-la, mas não consegui. Entretanto, num dia de treino na Fundação, chegou um senhor com uma menina rapazinho. Tinha o cabelo curtinho, calças de ganga e botas e quando olhei percebi que era ela. Treinou nesse dia connosco e a partir daí começou a fazer parte da equipa”, contou a central ao jornal Expresso.
Ana Rute Santos Marques Rodrigues
Idade: 25 anos (Lousã)
Clube: Sp. Braga
Títulos: 1 Taça da Liga
Clubes que representou: Lousanense, Gândaras, AD Poiares, Condeixa e Sp. Braga
Licenciada em Gestão de Empresas, Ana Rute chegou a trabalhar na empresa da família na região de Coimbra enquanto jogava no Condeixa. A proposta do Sp. Braga e a profissionalização, porém, levaram-na a largar a carreira mais administrativa para se lançar na aventura do futebol.
Natural da Lousã, assim como Catarina Amado, partilhou balneário com a lateral do Benfica tanto no Lousanense como nas competições de futsal do Agrupamento de Escolas da Lousã, prolongando a relação agora para a Seleção Nacional. “É uma médio assertiva, distribuidora, inteligente e boa no jogo aéreo. Aliás, muito boa no jogo aéreo”, disse Amado ao órgãos oficiais da FPF sobre Rutex, a forma carinhosa como trata a colega.
A história
Ana Rute chegou à Seleção Nacional em 2021, com 23 anos e quando ainda estava no Condeixa, e era a única jogadora da concentração que não tinha um contrato profissional. “Sou a única jogadora não profissional e não remunerada no leque das 25 que estão na Cidade do Futebol. Se por um lado me deixa mais ansiosa e até nervosa, por outro faz-me querer mais e focar-me totalmente no meu objetivo, que é fazer com que esta convocatória seja a primeira de muitas”, explicou a jogadora, na altura, ao jornal Record.
Andreia Alexandra Norton
Idade: 26 anos (Ovar)
Clube: Benfica
Títulos: 1 Campeonato, 2 Taças da Liga, 1 Taça de Portugal e 1 Supertaça
Clubes que representou: CD Furadouro, UD Oliveirense, Cesarense, Clube de Albergaria, Barcelona (Espanha), Sp. Braga, SC Sand (Alemanha), Inter Milão (Itália) e Benfica
Antes de Kika, Andreia Jacinto ou Catarina Amado, os nomes mais jovens que hoje em dia tornam o futuro do futebol feminino bem mais promissor, apareceu Andreia Norton. Em 2015, quando tinha apenas 18 anos, encheu páginas de jornais por ter sido contratada pelo Barcelona ao Clube de Albergaria na sequência de duas temporadas em que foi eleita a melhor jogadora do Campeonato – numa altura em que era uma quase veterana, já que se estreou no principal escalão aos 13 anos.
A passagem pela Catalunha, porém, foi marcada pelo azar. A média lesionou-se gravemente antes de viajar, teve de ser operada aos dois joelhos e não chegou a representar os catalães. Regressou a Portugal para assinar pelo Sp. Braga, ainda passou pelos alemães do SC Sand e os italianos do Inter Milão, mas voltou ao Minho em 2020 para reencontrar a sua melhor versão e garantir o salto para o Benfica dois anos depois.
A história
Para além de ter a particularidade de ser filha de Pingo, antigo jogador brasileiro que representou a Ovarense nos anos 90 (ainda que nunca tenha tido grande relação com o pai), Andreia Norton garantiu a entrada na história logo no dia em que se estreou pela Seleção Nacional. Em outubro de 2016, contra a Roménia e na primeira internacionalização, marcou o golo que garantiu a Portugal o apuramento para o Europeu do ano seguinte, a primeira competição internacional em que a Seleção participou.
Andreia de Jesus Jacinto
Idade: 21 anos (Cascais)
Clube: Real Sociedad (Espanha)
Títulos: 1 Taça de Portugal e 1 Supertaça
Clubes que representou: Sintrense, Associação da Torre, Estoril, Sporting e Real Sociedad (Espanha)
Leandro Jacinto, atualmente com 27 anos e a jogar no Atl. Cacém, começou a carreira nas camadas jovens no Sintrense. A irmã mais nova, Andreia, ia assistir a praticamente todos os treinos, em conjunto com os pais – e não demorou muito até pedir para saltar da bancada para o relvado, iniciando um percurso que a levou até ao Campeonato do Mundo.
Depois de passar pela Associação da Torre e pelo Estoril, a médio assentou arraiais no Sporting e tornou-se um dos nomes mais promissores da atual geração de jogadoras, conquistando um salto para Espanha e para uma Real Sociedad que disputa a Liga dos Campeões. É conhecida pela característica fita que utiliza na cabeça em todos os jogos e com apenas 21 anos já leva mais de 20 internacionalizações, tendo falhado o último Europeu por se ter lesionado gravemente na antecâmara da competição.
A história
A par de Kika, Andreia Jacinto é a personalização de um pilar do futebol feminino que durante muito tempo não existiu: a formação. Ao contrário da larga maioria das jogadoras com quem partilha o balneário na Seleção, a médio teve a possibilidade de crescer e evoluir ao longo das camadas jovens do Sporting, chegando à equipa principal com uma maturidade e competitividade que só agora começa a ser mais habitual.
Dolores Isabel Jacome Silva
Idade: 31 anos (Sintra)
Clube: Sp. Braga
Títulos: 5 Campeonatos, 5 Taças de Portugal, 1 Taça da Liga e 1 Campeonato espanhol
Clubes que representou: Real Massamá, 1.º Dezembro, FCR Duisburgo (Alemanha), MSV Duisburgo (Alemanha), FF USV Jena (Alemanha), Sp. Braga e Atl. Madrid (Espanha)
Número 14 nas costas, braçadeira no braço esquerdo, uma cara trancada de quem está sempre com os níveis de concentração no máximo. A capitã Dolores é das jogadoras mais experientes da Seleção, a par de Carole, Ana Borges e Sílvia Rebelo, e faz parte da geração que ainda pagou para jogar, treinava à noite e no pelado e lavava os próprios equipamentos depois dos jogos.
Com 150 internacionalizações, esteve nos últimos dois Europeus e tem experiência internacional, tendo representado três clubes alemães e também o Atl. Madrid (onde acabou mesmo por conquistar a liga espanhola). No Sp. Braga desde 2019, é titular indiscutível nos minhotos e também na Seleção, funcionando como uma autêntica voz de comando e extensão de Francisco Neto dentro de campo.
A história
Dolores apaixonou-se pelo futebol a jogar na rua, perto da mercearia dos pais na Linha de Sintra, e não esqueceu a influência e o apoio do pai num dos momentos mais importantes da carreira. Quando recebeu o prémio de MVP da primeira vitória de sempre de Portugal numa grande competição, no Euro 2017 e contra a Escócia, ofereceu-lhe o troféu – já depois de lhe ter oferecido o voo para que estivesse presente no estádio.
Fátima Alexandra Figueira Pinto
Idade: 27 anos (Funchal)
Clube: Sporting
Títulos: 3 Campeonatos, 4 Taças de Portugal e 2 Supertaças
Clubes que representou: Juventude Atlântico, GD APEL, Atl. Ouriense, Santa Teresa CD (Espanha), Sporting e Alavés (Espanha)
Tal como outras companheiras de equipa, a jogadora de 27 anos demorou a dar prioridade total ao futebol e começou por dividir o tempo e a energia com o triatlo, que também praticava. No dia em que se sentiu mal dentro de água durante um treino, por estar demasiado cansada, tomou a decisão de se dedicar aos relvados e deixar a natação, a corrida e o ciclismo para hobby.
Natural do Funchal, tornou-se mesmo a primeira jogadora madeirense a ser campeã nacional, em 2014, quando ainda estava no Atl. Ouriense. A breve passagem por Espanha não teve grande sucesso e a médio decidiu regressar a Portugal à boleia do Sporting, conquistando outros dois Campeonatos e garantindo o bilhete de volta ao futebol espanhol para representar o Alavés. Ainda assim, a aventura no País Basco durou uma única época, já que os leões já anunciaram que a jogadora será reforço para a próxima temporada.
A história
Em 2020, Fátima Pinto foi operada a um tumor benigno, acabando por perder por completo a audição no ouvido direito. “O tumor apanhou-me o nervo facial, mas tive a sorte de não sofrer qualquer paralisia. Fui operada e perdi a audição total do ouvido direito, mas correu tudo bem e já estou pronta para outra”, escreveu, na altura, nas redes sociais.
Tatiana Vanessa Ferreira Pinto
Idade: 29 anos (Águeda)
Clube: sem clube
Títulos: 2 Campeonatos, 2 Taças de Portugal e 1 Supertaça
Clubes que representou: Oliveira do Bairro, Fermentelos, Clube de Albergaria, SC Sand (Alemanha), Bristol City (Inglaterra), Sporting e Levante (Espanha)
Se Jéssica Silva tem o mediatismo óbvio e se Kika Nazareth é a estrela do futuro, a verdade é que Tatiana Pinto é atualmente a jogadora portuguesa mais bem cotada. Aos 24 anos e depois de já ter passado pela Alemanha e por Inglaterra antes de relançar a carreira no Sporting, tornou-se indispensável para um Levante que na última temporada ficou em terceiro, apenas atrás de Barcelona e Real Madrid.
Já anunciou que vai deixar os espanhóis, não estando ainda confirmado o próximo destino – sendo que as opções mais prováveis vão do PSG ao Arsenal. Em resumo, e tendo em conta que está num ótimo momento de forma à entrada para o Mundial, é expectável que a jogadora natural de Águeda seja a internacional portuguesa mais bem sucedida no contexto europeu já na próxima temporada.
A história
Tatiana Pinto perdeu a mãe quando tinha apenas 16 anos, acabando por tatuar o nome da progenitora no braço. “Agarrei-me ao futebol. Nessa altura teria sido muito fácil perder-me e ir por outros caminhos, porque podia ter ficado revoltada. Mas felizmente agarrei-me ao futebol e às pessoas à minha volta, que também foram fundamentais”, contou ao jornal Expresso.
Francisca (Kika) Ramos Ribeiro Nazareth Sousa
Idade: 20 anos (Lisboa)
Clube: Benfica
Títulos: 3 Campeonatos, 3 Taças da Liga e 1 Supertaça
Clubes que representou: Os Torpedos, Futebol Benfica, Casa Pia e Benfica
“Amanhã eu tenho exame e não estudei”. A frase, cantada e repetida por Kika Nazareth enquanto festejava a conquista de um título com o Benfica, tornou-se um hino e foi o primeiro momento público de uma personalidade que entretanto conquistou o país. A jovem avançada portuguesa é o nome maior da atual geração, tanto pela qualidade que demonstra dentro de campo como pelo carisma natural, e é expectável que não demore muito tempo a saltar para outra liga europeia.
Tal como Andreia Jacinto, mas no Benfica, passou pelas camadas jovens encarnadas até se estrear na equipa principal – demonstrando desde logo um potencial acima da média, entre a capacidade goleadora e a forma como desequilibra até sem bola. Esteve limitada fisicamente no último Europeu, começando até no banco nos dois primeiros jogos, e tem agora a possibilidade de se mostrar no maior palco internacional no Campeonato do Mundo.
A história
Kika Nazareth foi a primeira jogadora a ser agenciada por Jorge Mendes, num exemplo notório do potencial desportivo e comercial que tem. Está ligada a várias marcas e entidades, desde a Nike ao BPI, e é a primeira superstar do futebol feminino português – algo que não a impede de exprimir o amor ao Benfica, surgindo várias vezes entre os adeptos encarnados durante os jogos da equipa masculina. Ainda assim, já garantiu que nunca sonhou ser presidente do clube, já que “nem sequer sabe o que escolher para vestir de manhã”.
Ana Catarina Marques Borges
Idade: 33 anos (Gouveia)
Clube: Sporting
Títulos: 2 Campeonatos, 3 Taças de Portugal, 2 Supertaças, 1 Campeonato inglês e 1 Taça de Inglaterra
Clubes que representou: Fundação Laura Santos, Prainsa Zaragoza (Espanha), SC Blue Heat (Estados Unidos), Atl. Madrid (Espanha), Chelsea (Inglaterra) e Sporting
A polivalente jogadora tem a particularidade de só se ter estreado na Liga portuguesa aos 26 anos, em 2016: saiu da Fundação Laura Santos para Espanha, passando depois pelos EUA e por Inglaterra, e só regressou a Portugal para integrar o embrionário projeto do Sporting. Tornou-se capitã, figura de proa e indiscutível, entre a lateral direita da defesa ou o setor mais ofensivo, e nunca perdeu espaço na Seleção Nacional.
É já a jogadora mais internacional de sempre por Portugal, tendo ultrapassado Carla Couto há cerca de um ano no último Europeu. Conhecida como Pocahontas, devido às tranças que usa muitas vezes no cabelo, é um dos elementos cruciais na ligação entre a geração anterior e a atual e uma das principais opinion makers do futebol feminino português – tendo sublinhado recentemente a importância da normalização da gravidez na modalidade.
A história
Ana Borges conquistou a Liga inglesa com o Chelsea em 2015, tornando-se a primeira jogadora portuguesa a ser campeã em Inglaterra. Na altura, quando José Mourinho era o treinador da equipa masculina dos blues, contou a conversa que teve com o técnico na gala de fim de temporada do clube. “Ele contou-me que tinha estado a falar com a minha treinadora e que ela tinha dito que eu era muito boa, mas não gostava de ginásio. Disse-me para lhe dizer que eu não precisava de ginásio, só precisava de bola no pé”, explicou ao MaisFutebol.
Ana Inês Palma Capeta
Idade: 25 anos (Aljustrel)
Clube: Sporting
Títulos: 3 Campeonatos, 3 Taças de Portugal, 1 Supertaça e 1 Segunda Liga
Clubes que representou: Operário Rio Moinhos, Aljustrelense, CB Castro Verde, Atl. Ouriense, CAC, Sporting, Famalicão e PSV (Países Baixos)
Alentejana, começou a jogar no Operário Rio Moinhos e passou pelo Aljustrelense e o CB Castro Verde antes de aterrar no Atl. Ouriense, que dominou o futebol feminino português antes da profissionalização e da criação da Liga BPI. Chegou a ser guarda-redes, nos primeiros tempos, mas um jogo em que começou a chorar por estar na baliza e não poder marcar golos foi o suficiente para se perceber que teria de estar sempre na frente de ataque.
Saiu do Sporting em 2021 para tentar a internacionalização, mas a experiência nos Países Baixos com o PSV não foi bem conseguida. Voltou a Portugal à boleia do Famalicão e falhou o Europeu do ano passado, por não estar no melhor momento de forma – algo que recuperou na última temporada, marcando 12 golos na época de regresso ao Sporting e merecendo novamente a confiança de Francisco Neto.
A história
Apesar da velocidade dentro de campo, Ana Capeta não tem a carta de condução. Tal como contou em entrevista ao podcast “ADN de Leão”, do Sporting, a avançada já pagou a carta de condução em três ocasiões mas não chegou a assistir a uma única aula de código, permanecendo sem a possibilidade de conduzir.
Carolina Ana Trindade Coruche Mendes
Idade: 35 anos (Estremoz)
Clube: Sp. Braga
Títulos: 1 Campeonato, 1 Taça de Portugal e 1 Taça da Liga
Clubes que representou: Eléctrico, Desportalegre, Ponte Frielas, 1.º Dezembro, UE L Estartit (Espanha), SPC Llanos Olivenza (Espanha), ASD Riviera (Itália), Rossiyanka (Rússia), Djurgarden (Suécia), Grindavík (Islândia), Atalanta Mozzanica (Itália), Sporting e Sp. Braga
Filha de um treinador de hóquei em patins, a avançada praticou a modalidade até ter 20 anos e chegou a ser convocada para as camadas jovens da Seleção Nacional feminina. A paixão nunca se perdeu e Carolina Mendes até já confessou que, ainda em 2006 e logo depois de representar Portugal pela primeira vez, foi jogar hóquei em patins para sentir que não tinha perdido a ligação às raízes.
É a jogadora mais velha de toda a convocatória, esteve nos últimos dois Europeus e já jogou em Espanha, Itália, Rússia, Suécia e Islândia. Regressou a Portugal em 2018, para representar o Sporting, e ao fim de três anos nos leões saiu para o Sp. Braga. Vai cumprir a última grande competição da carreira neste Campeonato do Mundo, provavelmente – sem nunca esquecer que foi a primeira jogadora a marcar um golo num Europeu, em 2017, contra a Escócia.
A história
Quando jogava em Itália, no ASD Riviera, foi multada por circular com uma mota de 50cc na auto-estrada – em conjunto com Raquel Infante, internacional portuguesa que está no Famalicão. “Uma vez o senhor que tratava do relvado do Riviera emprestou-nos uma mota, a mim e à Carolina, porque queríamos dar uma volta. Fomos para a auto-estrada com a mota, uma 50cc. Às tantas a mota parou num túnel, veio a polícia e apanhámos uma multa porque a mota não podia circular na auto-estrada. Nem sequer tínhamos os documentos da mota e era só para uma pessoa. Resumindo, metade do nosso ordenado ficou logo ali”, recordou Infante em entrevista ao jornal Expresso.
Diana Micaela Abreu de Sousa e Silva
Idade: 28 anos (Amadora)
Clube: Sporting
Títulos: 4 Campeonatos, 4 Taças de Portugal, 2 Supertaças e 1 Segunda Liga
Clubes que representou: Atl. Ouriense, Clube de Albergaria, Sporting e Aston Villa (Inglaterra)
É licenciada e mestre em Ciências Farmacêuticas, tendo sido avaliada com 18 valores na apresentação da tese. Começou a jogar com rapazes no Atl. Ouriense, sendo rapidamente promovida à equipa principal feminina do clube, e é atualmente a melhor marcadora de sempre do Sporting. Passou uma única temporada em Inglaterra, onde ainda marcou três golos pelo Aston Villa, mas depressa regressou aos leões.
Conhecida por ser pouco pontual, a verdade é que esse não foi um fator decisivo para terminar os estudos na Universidade de Coimbra. “Até agora tive a felicidade de conseguir conciliar tudo. Acho que há sempre tempo para tudo. Temos de conciliar bem as coisas. Tudo é possível desde que queiramos mesmo fazer as coisas”, explicou a jogadora em entrevista ao zerozero.
A história
Apesar de ser uma goleadora nata e recordista no Sporting, a verdade é que Diana Silva não tem um festejo pessoal e acredita que “não sabe” celebrar golos. “Esta temporada já decidi que vou trabalhar nisso e arranjar um festejo qualquer, mas ainda tenho de melhorar. Fico um pouco inibida à frente das câmaras, mas tenho de arranjar qualquer coisa que funcione e que faça com que as pessoas percebam que estou feliz”, indicou recentemente numa entrevista à Rádio Comercial.
Jéssica Lisandra Manjenje Nogueira Silva
Idade: 28 anos (Vila Nova de Milfontes)
Clube: Benfica
Títulos: 1 Liga dos Campeões, 2 Campeonatos, 1 Supertaça, 1 Taça da Liga, 1 Campeonato francês e 1 Taça da Suécia
Clubes que representou: União Ferreirense, Clube de Albergaria, Linköping (Suécia), Sp. Braga, Levante (Espanha), Lyon (França), Kansas City (EUA) e Benfica
Aos 28 anos, a verdade é que a avançada já precisa de poucas apresentações. Uma das melhores jogadoras portuguesas de sempre, tornou-se a primeira a conquistar a Liga dos Campeões, com o Lyon, e ganhou enorme preponderância ao atuar nos EUA. Voltou a Portugal em 2021, para atuar no Benfica, e nunca escondeu que está a representar o clube do coração.
Filha de jogador de futebol, Jéssica Silva começou a jogar com as laranjas do quintal da avó e deu nas vistas no Clube de Albergaria, passando depois pela Suécia, pelo Sp. Braga e pelo Levante antes do tal (impressionante) salto para o Lyon, que era e é uma das melhores equipas do mundo. Costuma marcar presença nos jogos importantes das outras modalidades do Benfica, como o basquetebol, o futsal ou o vólei, e é a par de Kika uma das figuras mais comerciais da Seleção.
A história
Saltou para a ribalta há alguns anos, até à boleia de Catarina Furtado e do facto de ter sido apoiada pela Corações com Coroa, a associação Corações com Coroa, e tem aproveitado essa exposição pública para exigir melhores condições para o futebol feminino – nos últimos dias, até pediu ao FC Porto que crie uma equipa feminina, para estimular a competitividade da Liga BPI. “A cidade do Porto tem tantas jogadoras. Julgo que, quando o FC Porto entrar para a modalidade, isso vai aguçar a competitividade interna. Deixo um apelo ao FC Porto, para que pense nisto com carinho, porque o futebol feminino precisa de todos”, atirou a avançada, em entrevista ao jornal O Jogo.
Telma Raquel Velosa Encarnação
Idade: 21 anos (Câmara de Lobos)
Clube: Marítimo
Títulos: –
Clubes que representou: Os Xavelhas e Marítimo
Com toda a formação realizada no Marítimo e toda a experiência profissional a residir também no clube madeirense, a avançada é a única jogadora da Seleção Nacional que nunca conquistou um título. O salto para outras paragens estará para breve – ainda que exista o rumor de que ainda não saiu da Madeira porque não quer e não por falta de oportunidades.
Natural de Câmara de Lobos e apaixonada por futebol desde muito pequena, teve de ser criativa e encontrar alternativas quando não existia uma bola mas existia a vontade de jogar: entre folhas de papel enroladas com fita-cola à volta ou dentro de meias velhas e até uma bola de basquetebol, quase vazia, que rematava contra a parede para ensaiar jogadas.
A história
Nascida na Madeira, cresceu sob o estrelato de Cristiano Ronaldo e teve sempre o avançado do Al Nassr como óbvio herói, procurando repetir os movimentos que corriam o mundo na escola e nos treinos n’Os Xavelhas. “Cheguei a magoar-me na escola a tentar imitar um pontapé de bicicleta dele”, contou ao Canal 11, revelando ainda que quando assinou pelo Marítimo pediu para ter parte do salário em compras de supermercado, para ajudar a família.