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No seu período áureo, entre 1951 e 1965, a Blue Note gravou jazz a uma cadência frenética, tão frenética que, por se recear que o mercado não fosse capaz de absorver tantos discos do mesmos músicos em rápida sucessão, algumas bobinas ficaram nas prateleiras e só foram lançados uma década ou duas depois.

A Blue Note foi fundada em 1939, em Nova Iorque, por três figuras improváveis: dois judeus berlinenses – Alfred Löw (Alfred Lion) e Frank Wolff (Francis Wolff) – fugidos de uma Alemanha que o nazismo tornara hostil a judeus e apreciadores de jazz, e um escritor comunista americano, Max Margulis, que financiou o modesto empreendimento. Os recursos eram muito parcos, pelo que o ritmo de edição dos primeiros anos foi esparso, para o que também contribuiu a II Guerra Mundial e o boicote às gravações imposto pelo sindicato dos músicos em 1942-44. No final dos anos 40, a orientação estética da editora sofreu uma inflexão: Alfred Lion, que privilegiara até então o jazz convencional – os primeiros discos foram com os pianistas Meade Lux Lewis e Albert Ammons e o catálogo incluía Sidney Bechet e James P. Johnson – apaixonou-se pelo bebop, a nova e febril corrente congeminada por Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Bud Powell, Kenny Clarke e Thelonious Monk. As gravações de Monk realizadas em 1947-52 são um marco dessa inflexão, a que se somou, em 1951, a mudança dos discos de 78 rpm para os LPs de 10 polegadas e 33 rpm.

Outro momento decisivo para a Blue Note foi o recrutamento dos serviços do engenheiro de som Rudy Van Gelder, que fez as primeiras gravações para a editora em 1952 e cujo estúdio (primeiro em Hackensack, depois em Englewood Cliffs, New Jersey) se tornaria, a partir de 1954, no local de registo da esmagadora maioria dos discos Blue Note (ver “Ninguém ouviu jazz como Rudy Van Gelder”). Diria mais tarde Rudy Van Gelder, “Alfred Lion sabia o que queria e levava o tempo que fosse preciso para chegar lá” – e, com efeito, as obras-primas começaram a suceder-se a um ritmo impressionante, sempre com a mesma pequena equipa, formada por Lion (produção), Van Gelder (gravação), Wolff (fotografia) e Reid Miles (design gráfico).

O ímpeto começou a quebrar em 1965, com a aquisição da editora pela Liberty Records e a reforma de Lion dois anos depois. Wolff assumiu durante algum tempo funções de produtor, mas pouco depois Reid Miles também deixaria a editora e o marcante grafismo deste brilhante designer foi dando lugar a capas incaracterísticas. Em 1969, a Liberty foi absorvida pela United Artists e da década de 70 não há muito a contar, pois foi uma travessia do deserto para a maioria das editoras de jazz. A Blue Note acabaria, em 1979, por ir parar às mãos da EMI e a editora foi reanimada – ainda existe hoje, integrada no grupo Universal, embora esteja longe de ter a relevância alcançada nas décadas de 50-60 e, em geral, privilegie músicos de cariz conservador e jazz vocal (a quem queira aprofundar a história da editora recomenda-se Blue Note Records: A biography, de Richard Cook, e o sumptuosamente ilustrado e apresentado Blue Note: Uncompromising expression, de Richard Havers).

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A partir do advento do CD, a Blue Note tem mantido um activo programa de reedições, que a partir dos anos 90 se refinou na RVG Edition, remasterizada pelo veterano Rudy Van Gelder, completada por generosa dose de alternate takes e outtakes (faixas deixadas de fora pelo limite de tempo de 20 minutos para cada lado de um vinil de 12 polegadas) e enquadrada por novas notas de capa. O programa de reedições disponibilizou não só os discos históricos como outros que tinham sido postos de lado e editados anos mais tarde, e que estavam descatalogados há muito, o que permitiu fazer uma reavaliação das carreiras dos músicos.

Nos últimos anos têm vindo a proliferar as caixas com reedições super-económicas de gravações cujos direitos entraram no domínio público (ver “Uma discoteca de jazz clássico por uma ninharia: Parte 1: Reedições Enlightenment” e “Uma discoteca de jazz clássico por uma ninharia: Parte 2: Jazz vocal”), mas a Blue Note não desenvolveu grandes esforços nesta área. A colecção 4 Albums, reunindo quatro discos clássicos de um músico cimeiro do catálogo Blue Note, pecava por uma apresentação pobre e omissa em informação. As debilidades são parcialmente remediadas na nova série 5 Original Albums, em que cada CD surge num envelope de cartão que reproduz a capa e contracapa dos discos originais (o que significa que as notas de capa são ilegíveis) e em que informação pertinente como autoria das composições, minutagem das faixas e músicos intervenientes é creditada no próprio CD, ficando inacessível quando o CD está a rodar. O conceito “original album” é levado à letra: não há, como na RVG Edition, alternate takes e outtakes; o alinhamento é o do disco original, embora o som provenha das remasterizações da RVG Edition.

Os primeiros seis volumes são dedicados a Art Blakey, Kenny Burrell, Dexter Gordon, Herbie Hancock, Joe Henderson e Wayne Shorter.

Art Blakey

O baterista Art Blakey (1919-1990) foi um dos jazzmen mais prolíficos e foi na Blue Note que registou alguns dos discos mais emblemáticos dos seus Jazz Messengers.

A caixa contém três clássicos que não podem faltar em qualquer discoteca de jazz: A night in Tunisia (de 1960, não confundir com o disco homónimo e não tão inspirado, registado para a Vik em 1957), The freedom rider (1961) e Free for all (1965). Blakey sempre teve extraordinário faro para descobrir novos talentos, que manteria até aos anos 80, mas os Jazz Messengers da primeira metade da década de 1960 são porventura a sua encarnação mais brilhante, contando com a juventude de sangue na guelra de Lee Morgan ou Freddie Hubbard na trompete, Wayne Shorter no saxofone tenor, Bobby Timmons ou Cedar Walton no piano e Jymie Merritt no contrabaixo, a que se juntaria, a partir de 1961, Curtis Fuller no trombone.

[“A night in Tunisia” (Dizzy Gillespie/Frank Paparelli), do álbum homónimo]

São discos de hard bop fogoso, por vezes escaldante, como nas faixas que abrem A night in Tunisia e Free for all – com esta última a conseguir manter durante 11 minutos o estado de paroxismo que alguns grupos só logram atingir durante alguns segundos. Não será descabido ver nos títulos The freedom rider e Free for all um manifesto solidário com os movimentos pelos direitos cívicos dos afro-americanos que, por esta altura, agitavam os EUA.

[“Free for all” (Wayne Shorter), do álbum homónimo]

https://youtu.be/HbogvQzDpxM

Buhaina’s delight (1961), embora não seja tão conhecido como os três acima mencionados é um bom disco e o seu título alude ao nome – Abdullah ibn Buhaina – que Blakey adoptou quando, no final dos anos 40, se converteu à fé muçulmana.

O pouco conhecido The African Beat (1962) é um dos poucos discos liderados por Blakey que não o encontram à frente dos Jazz Messengers: o grupo, denominado The Afro-Drum Ensemble, conta com Yusef Lateef (sopros) e vários percussionistas da África Ocidental e é representativo da curiosidade que alguns jazzmen afro-americanos de então começavam a revelar pelas suas raízes étnicas e musicais.

[“Obirin african”, de The African Beat]

https://youtu.be/qImNzlgGWwI

Kenny Burrell

Kenny Burrell (n. 1931) foi um dos mais prestigiados guitarristas das décadas de 1950 e 1960. Foi parceiro de John Coltrane, gravou mais de uma vintena de discos como sideman de Jimmy Smith, não teve mãos a medir para atender as solicitações de grandes cantoras (Ernestine Anderson, Betty Carter, Chris Connor, Blossom Dearie, Aretha Franklin, Nancy Harrow, Billie Holiday, Lena Horne, Etta Jones, Gloria Lynne, Dakota Staton, Dinah Washington) e cantores (Tony Bennett, Ray Charles, Joe Williams), esteve num momento fulcral do jazz samba, o célebre Getz au GoGo, de Stan Getz… e ainda lhe sobrou tempo para gravar umas largas dezenas de discos como líder.

Estreou-se como líder na Blue Note, com Introducing Kenny Burrell e Kenny Burrell, ambos de 1956, ostentando o segundo uma capa de Andy Warhol, que por esta altura ainda estava longe de ser famoso e a quem Reid Miles encomendava capas quando não conseguia dar vazão sozinho ao ritmo de edição da Blue Note.

[Capa de Andy Warhol para o segundo disco, homónimo, de Kenny Burrell]


É também de Warhol a capa dos dois volumes de Blue lights (ambos de 1958). A caixa fecha-se com On view at the Five Spot Cafe (1959), um concerto ao vivo com Art Blakey na bateria. Um dos melhores temas da caixa provém deste concerto: é uma calorosa versão do clássico “Lady be good”, com solos endiabrados do saxofonista Tina Brooks (um dos grandes músicos desta época, mas que caiu num relativo olvido) e do pianista Bobby Timmons, enquanto Ben Tucker (contrabaixo) e Blakey se ocupam de manter a máquina a swingar a todo o vapor.

[“Lady Be Good” (George & Ira Gershwin), de On view at the Five Spot Cafe]

https://youtu.be/c9bL1GaPf6o

Dexter Gordon

O saxofonista tenor Dexter Gordon (1923-1990) foi, no final dos anos 40, um dos pioneiros do bebop e a sua maneira de tocar exerceu influência determinante em John Coltrane e Sonny Rollins, mas em 1949 o vício da heroína começou a levar a melhor sobre a música e Gordon passou largos períodos da década de 1950 na prisão. Os discos que gravou para a Blue Note no início da década de 1960 marcaram o seu regresso à ribalta e, apesar de ter tido uma longa carreira – que incluiu o papel principal no filme Round midnight (1986), de Bertrand Tavernier, que lhe valeu uma nomeação para Oscar de melhor actor – não voltaria a superar as obras que registou para a Blue Note entre 1961 e 1965.

Estão quase todas nesta caixa, que conta com Doin’ allright (1961), um título que equivale a dizer que está em forma, obrigado, e os problemas de drogas são coisa do passado, Dexter calling (1961), A swingin’ affair (1962), One flight up (1964) e Gettin’ around (1965) – para complementar o ramalhete dos indispensáveis só faltam Go! (1962) e Our man in Paris (1963), que facilmente podem ser obtidos separadamente.

[“I was doing all right” (George & Ira Gershwin), a faixa de abertura de Doin’ allright, o disco “de regresso” de Dexter Gordon: uma improvável combinação de descontracção e intensidade]

https://youtu.be/Z6jQ9j1bdkI

Nos concertos, Dexter Gordon, que era um comunicador nato, tinha o hábito de recitar as letras dos standards do American Songbook antes de os tocar. Para alguns jazzmen, os standards eram apenas uma sequência de acordes que serviriam de base a uma improvisação, mas Gordon estava interessado na sua essência como canções e era nessa essência que radicavam os seus solos – atente-se por exemplo na pungência que Gordon confere à balada “Dont’ explain”, em A swingin’ affair.

[“Don’t explain” (Arthur Herzog Jr./Billie Holiday), de A swingin’ affair]

https://youtu.be/YmkyWePgiDU

Herbie Hancock

Herbie Hancock (n. 1940) era um rapaz de 22 anos que tocava piano no combo de Donald Byrd e frequentava a Manhattan School of Music quando Alfred Lion o ouviu e lhe deu a oportunidade de se estrear a gravar como líder, e logo com uma banda de luxo, com Freddie Hubbard, Dexter Gordon, Butch Warren e Billy Higgins. Não foi uma aposta insensata, como Takin’ off (1962) e a subsequente carreira de Hancock mostrariam.

Antes que passasse um ano, já Miles Davis recrutava Hancock para o seu “segundo grande quinteto”, onde permaneceria até 1968. No final dos anos 60 Hancock trocou a Blue Note pela Warner Bros., aderiu incondicionalmente aos teclados eléctricos, enveredou pela fusão de jazz com funk e rock e obteve mais popularidade e dinheiro do que algum jazzman dos anos 50 ou 60 poderia ter sonhado. Todavia, não tem na sua extensa discografia (mais de 40 álbuns de estúdio, uma dúzia de álbuns ao vivo) nada com o apuro, a frescura e o equilíbrio dos sete discos que gravou para a Blue Note entre 1962 e 1969.

Da caixa estão ausentes os dois mais famosos, Empyrean isles (1964), que inclui o êxito “Cantaloupe Island”, e Maiden Voyage (1965); entram Takin’ off, My point of view (1963), Inventions and dimensions (1963), Speak like a child (1968) e The prisoner (1969).

[“Watermelon man” (Hancock), de Takin’ off]

“Watermelon man”, a faixa de abertura do primeiro disco de Hancock já tem os traços característicos do que seria o seu registo mais popular nos anos 60. Foi inspirada pelo pregão de um vendedor de rua que anunciava melancias, que ouvira na sua Chicago natal, e mescla uma estrutura de blues com pinceladas de gospel, soul e rhythm ‘n’ blues e um groove relaxado e hipnótico.

Inventions and dimensions, em quarteto, com contrabaixo (Paul Chambers) e dois percussionistas, costuma ser negligenciado, mas é uma das mais originais criações de Hancock e um dos melhores discos de 1964. A sua faixa de abertura, “Succotash”, prefigura, nalguns momentos, o minimalismo de Steve Reich.

[“Succotash” (Hancock), de Inventions and dimensions]

https://youtu.be/hE41xbloQVk

Por altura de Speak like a child e The prisoner já Alfred Lion e Reid Miles tinham deixado a Blue Note, estando a produção confiada a Duke Pearson. São discos bem diversos dos anteriores, quer do ponto de vista musical, pois exibem elaborados e originais arranjos para os sopros – três em Speak like a child, e cinco a seis em The prisoner –, quer do ponto de vista das intenções: Hancock entendeu que não poderia continua a fazer música despreocupada e aprazível enquanto se viviam tempos de agitação social nos EUA. O título de The prisoner alude, segundo Hancock, à condição “em que os negros [americanos] foram forçados a viver durante muito tempo”, porém, salvo excepções como a faixa “The prisoner”, a música não exprime revolta nem turbulência e é frequentemente serena e requintada.

[“The prisoner”, do álbum com o mesmo título; Hancock já recorre aqui ao piano eléctrico]

https://youtu.be/RbxzDaOItsY

Joe Henderson

Aos 18 anos, o saxofonista Joe Henderson (1937-2001) já andava a tocar por Detroit e gravou o primeiro disco para a Blue Note em Abril de 1963, como sideman do trompetista Kenny Dorham, em Una mas. Dois meses depois estava a gravar como líder, numa sessão em que Dorham surge como sideman e de onde sairia Page one, o primeiro dos cinco discos para a Blue Note na década de 60; Henderson surgiria ainda como sideman numa trintena de discos Blue Note até meados da década de 60, em sessões lideradas por Horace Silver, Lee Morgan, Andrew Hill e Herbie Hancock.

Esta caixa omite o primeiro e o último disco como líder para a Blue Note e contém Our thing (1965), In ‘n’ out (1965) e Inner urge (1966), discos em que Henderson surge rodeado por músicos que representavam a vanguarda do jazz: Our thing tem Andrew Hill no piano, e In ‘n’ out e Inner urge contam com McCoy Tyner no piano e Elvin Jones na bateria (metade do quarteto de John Coltrane à data). E é, com efeito, na vanguarda que estes discos de inserem – tome-se, por exemplo “El barrio”, de Inner urge, uma peça ao nível do melhor Coltrane, ondulante, hipnótica e com um solo torrencial do líder (e outro também de alto gabarito por McCoy Tyner).

[“El barrio” (Joe Henderson), de Inner urge]

https://youtu.be/8wZHJXPoFpI

Ao contrário das restante série 5 Original Albums, a caixa Joe Henderson não se confina aos anos 50-60 e inclui dois discos bem mais tardios do saxofonista para a Blue Note: os dois volumes de The state of the tenor: Live at the Village Vanguard foram gravados em Novembro de 1985 com Ron Carter (contrabaixo) e Al Foster (bateria). A toada é quase sempre intimista (embora possa ganhar intensidade e sinuosidade, como em “The bead game”), e Henderson mostra um absoluto domínio do instrumento. O protagonismo é repartido com Ron Carter, que dialoga a todo o momento com o saxofonista, enquanto Foster se remete a um papel discreto.

[“Beatrice” (Sam Rivers), de The state of the tenor]

Wayne Shorter

O saxofonista Wayne Shorter (n. 1933) não só tem uma carreira prolífica que atravessa várias décadas e estilos e é um dos mais influentes músicos de jazz, quer como instrumentista quer como compositor, como é dos raros jazzmen nascidos na década de 1930 que continuou a produzir trabalho relevante pelo século XXI dentro.

Começou a gravar como líder para a Vee-Jay, em 1959, ano em que foi recrutado para os Jazz Messengers de Art Blakey, tornando-se num elemento fulcral da formação até 1965, altura em que foi aliciado a juntar-se ao “segundo grande quinteto” de Miles Davis. Acompanharia Miles na sua fase “eléctrica”, participando na obra magna que é Bitches brew (1970), e partiria em 1971 para fundar o colectivo Weather Report, a formação mais marcante do jazz de fusão da década de 70 (e que durou até 1985)

A presente caixa trata dos discos que gravou para a Blue Note como líder enquanto militava nos grupos de Art Blakey e Miles Davis: comparecem à chamada Night dreamer (1964), The soothsayer (1965), Etcetera (1965), Adam’s apple (1966) e Schizophrenia (1967). As equipas são de luxo: Lee Morgan ou Freddie Hubbard na trompete, McCoy Tyner ou Herbie Hancock (seu parceiro no quinteto de Miles) no piano, Reggie Workman, Ron Carter ou Cecil McBee no contrabaixo, Elvin Jones, Tony Williams (outro colega do quinteto de Miles) ou Joe Chambers na bateria.

[The soothsayer, do álbum homónimo]

https://youtu.be/EKH8uXzRNtY

A selecção desta caixa convida a rever o cânone “oficial”, pois dois dos discos foram colocados na gaveta pela editora e só viram a luz do dia muitos anos depois – Soothsayer saiu em 1979 e Etcetera em 1980, e, todavia, são superiores aos discos que a editora escolhera lançar de imediato. No primeiro, “The soothsayer” é uma faixa incandescente, com solos arrebatadores de James Spaulding, Freddie Hubbard Shorter, e “Lady Day” (uma homenagem a Billie Holiday) é uma balada de uma dolência sumptuosa. No segundo, “Etcetera” prefigura a rítmica angulosa e a harmonia enviesada da estética M-Base dos anos 80, e a ondulante, nocturna e misteriosa “Indian song” é uma das mais brilhantes composições de Shorter.

Se esta reedição servir para chamar a atenção para estas duas obras-primas negligenciadas, já terá valido a pena.

[“Indian song”, de Etcetera]

https://youtu.be/y6NhD9r8cR0