895kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

i

Getty Images/iStockphoto

Getty Images/iStockphoto

Como é que um líder pensa o mundo?

Pensar de forma inovadora e orientada para a resolução criativa de situações é algo que se treina, de preferência com os melhores líderes. Este novo programa leva-lhe inspiração em estado puro.

Bem-vindo ao admirável mundo de quem desafia lógicas reinantes e treina, por sistema, um pensamento próprio, criativo e ousado. Reunir numa plataforma os ensinamentos de várias personalidades deste calibre é o objetivo do SAS Portugal através da 5 Great Things Talks, uma série de conversas inspiracionais que marca o arranque da iniciativa 4Leaders, integrada no projeto Do Great Things – From Home. Este é o nome do hub lançado em abril por aquela companhia, como resposta à situação resultante da pandemia, em que o confinamento ditou que uma parte considerável dos profissionais ficasse em teletrabalho. Para ajudar empresas e colaboradores na transição do presencial para o virtual, o SAS Portugal passou a disponibilizar eventos online, formação e conteúdos destinados a executivos, profissionais de tecnologias de informação, data scientists e pessoas interessadas em aprofundar o conhecimento sobre analítica, tendências tecnológicas ou acrescentar valor às suas carreiras e empresas. Tudo isto de forma gratuita e sem ninguém sair de casa.

Inicialmente focado em três dimensões – 4Business, 4Data Scientist e 4Social – o projeto Do Great Things – From Home inclui agora mais uma vertente – a 4Leaders – e o desafio para o arranque não podia ser mais atrativo. Chama-se 5 Great Things Talks e consiste numa série de entrevistas a conceituados líderes de opinião, que irão partilhar a sua visão do mundo através da resposta a, pelo menos, cinco perguntas. Identificar a sua maior realização pessoal e profissional, o livro mais marcante ou a personalidade histórica mais inspiradora são algumas das questões a que todos irão responder, revelando os fios com se tece o pensamento de cada um.

Encontrar o flow e seguir em frente

O primeiro entrevistado da 4Leaders é conhecido não só pelos seus talentos de académico e gestor, mas também por ter o condão de colocar plateias inteiras a rir – mas não, não é humorista – levando-as a refletir e a aguçar o espírito crítico até ao limite. À conversa com Sofia Real, do SAS Portugal, Nadim Habib, professor na Nova School of Business and Economics, não hesitou em apontar a sua maior realização, que é simultaneamente pessoal e profissional: “Os meus filhos dizem-me que estou a ficar velho e eu digo-lhes que tive sorte, porque aos 45 anos encontrei o meu flow, encontrei a coisa que queria fazer para o resto da vida.” Encontrar o que designa por flow, o seu fluxo, foi sinónimo de encontrar “um sítio onde nunca sentia stress e que gostava de explorar mais”. Em termos práticos, significa que descobriu que aquilo que mais o realizava era juntar a gestão à academia e à ciência. “A minha vida está feita, já fiz a transição”, pensou, quando percebeu o caminho, livrando-se assim da tensão que – sabe por experiência própria – assola quem ainda não sabe bem o que quer fazer ao longo da vida. “Estou a divertir-me, gosto do que faço. Claro que também tenho dias maus, como toda a gente, mas não estou com aquela ansiedade do falta-me qualquer coisa”, remata.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Quanto a destacar uma grande personalidade da história, aponta de imediato Nelson Mandela. Sim, o também consultor internacional nas áreas de estratégia, inovação e criatividade reconhece-lhe, como toda a gente, as capacidades de grande homem e grande estadista, mas o que mais o fascina é “aquela capacidade de olhar para a frente em vez de ficar preso no passado”. Enquanto professor de gestão, assume que é determinante o exemplo fornecido por Nelson Mandela de “ser muito mais estratégico e muito menos operacional e olhar para a frente e conseguir dizer: Ok, é por aí que quero ir e é assim que vou construir o meu futuro.” Nas suas palavras, esta é uma capacidade que por vezes sente falta “não só nos estados, nas nossas democracias, mas também nas organizações e também nas nossas escolas”.

Os livros que marcaram Nadim Habib  

Mostrar Esconder

Questionado sobre um grande livro, Nadim Habib mantém-se na zona de conforto da gestão – porque não lê ficção, acaba por confessar – e identifica não apenas um, mas dois. Good Strategy, Bad Strategy, de Richard P. Rumelt, porque nele viu pela “primeira vez” o que entende como a estratégia analisada de forma “completa e clara”. Outro livro que o marcou igualmente foi The Tipping Point: How Little Things Can Make a Big Difference, da autoria de Malcom Gladwell, porque marcou “o início do mundo em que começamos a dizer que há maneira de utilizar dados para entender pessoas e mesmo coisas mais complexas sem ser da maneira mais clássica”. Na sua opinião, este livro inicia o que pode ser designado como a “lógica de personalização que estamos a ver cada vez mais”.

A curiosidade como motor

“Ser humano é ser curioso”, diz o entrevistado quando lhe é pedido para partilhar uma grande ideia para a humanidade. Lembra-se de uma citação de Walt Whitman – “Be curious, not judgmental”, que em português poderá aproximar-se a algo como “sê curioso, não preconceituoso” – e que, para si, contém a essência da humanidade. A curiosidade é importante “para continuamente aprender, tentando nunca julgar neste processo”, defende, mas admitindo que “estamos numa década mais difícil”. Porquê? Porque “deixámos cair a curiosidade e temos pessoas com certezas a mais; acho que é uma pena para a humanidade ter tanta certeza sobre coisas em relação às quais deveríamos ser muito mais curiosos”, diz, apontando a curiosidade “sobre os que os outros povos fazem, o que outras culturas pensam” ou até em relação a “outras maneiras de trabalhar, de pensar, de viver a vida”. “Acho que quando perdemos esta curiosidade perdemos muita coisa e quando nos tornamos judgmental travamos na vida e travamos no mundo e por isso, para mim, é isso que nos torna humanos, foi isto que fez construir o mundo moderno e seria uma pena pararmos de ser assim”.

“Acho que quando perdemos esta curiosidade perdemos muita coisa e quando nos tornamos judgmental travamos na vida e travamos no mundo e por isso, para mim, é isso que nos torna humanos, foi isto que fez construir o mundo moderno e seria uma pena pararmos de ser assim”.
Nadim Habib, professor na Nova School of Business and Economics

Uma das ferramentas hoje disponíveis para responder a perguntas e saciar curiosidades é a analítica de dados. Mas, qual será o seu impacto hoje e no futuro? Nadim Habib acredita que tal “depende de nós”. “Acho que vai ter um impacto grande, sem dúvida nenhuma. O que estamos a começar a ver é que o que antigamente era complexo demais para analisar, hoje conseguimos analisar e isto dá-nos uma força ou cria desafios”, afirma. O académico volta a Whitman para lembrar que perante os dados devemos seguir o princípio da curiosidade em detrimento do preconceito. “Se eu utilizar a analítica para confirmar um bias [viés] que eu já tenho para tomar decisões erradas, acho que é utilizar [a analítica] de forma errada”, salienta, deixando clara a importância que atribui a este recurso: “Acho que a analítica pode dar-nos enormes vantagens do ponto de vista da tomada de decisão na nossa sociedade.”

“Deixámos cair a curiosidade e temos pessoas com certezas a mais; acho que é uma pena para a humanidade ter tanta certeza sobre coisas em relação às quais deveríamos ser muito mais curiosos.”
Nadim Habib, professor na Nova School of Business and Economics

O poder da analítica de dados

Um exemplo de como a analítica de dados pode ser um importante contributo para a tomada de decisão tem vindo a verificar-se a propósito da pandemia de Covid-19. Embora esta seja “uma coisa negativa que nos apanhou a todos”, também “nos fez lembrar da importância da ciência e de dados e da tomada de decisão com base em dados”, sustenta. “Não há dúvida nenhuma que vemos acelerar [o desenvolvimento de] vacinas por causa desta lógica de poder analisar grandes volumes de dados”, reconhece, reforçando que, ao mesmo tempo, estamos a pedir aos governos do mundo inteiro que “tomem decisões com base em ciência e em factos”.

“O futuro está nas analytics, acho que todos nós gostamos de tomar decisões com base em analytics, todos estamos fascinados por perceber melhor os nossos clientes, o seu comportamento, etc., mas temos de ter o cuidado de utilizar isto como parte da nossa curiosidade e não para o lado mais negativo das coisas.”
Nadim Habib, professor na Nova School of Business and Economics

Enquanto destaca as virtudes da analítica, o entrevistado adverte também para as suas implicações e a necessidade de um debate na sociedade: “O futuro está nas analytics, acho que todos nós gostamos de tomar decisões com base em analytics, todos estamos fascinados por perceber melhor os nossos clientes, o seu comportamento, etc., mas temos de ter o cuidado de utilizar isto como parte da nossa curiosidade e não para o lado mais negativo das coisas.”

A curiosidade é, pois, a força motriz para Nadim Habib, o que justifica que, já a terminar a entrevista, quando lhe foi pedida uma grande palavra para o futuro, o também mestre em economia pela London School of Economics não tenha hesitado: “Vou ter de dizer: é curiosidade.” A este propósito diz mesmo que um dos conselhos que dá à filha adolescente, que “tem agora 14 anos e está naquela fase em que tem muitas certezas”, é sobre isto precisamente: “No dia em que tens certezas paraste de crescer.” Por isso, desafia-a: “Olha para o mundo lá fora, aprende. Quando encontras alguém que não conheces faz perguntas. É isto que nos faz crescer como pessoas.” A rematar, reforça que “temos tudo para sermos curiosos”, mas “parece que, às vezes, fazemos tudo para pararmos de pensar e para julgar e tomar decisões com base em falta de informação”.

Admite que ser curioso possa ser uma “doença” resultante de ser professor e de trabalhar numa instituição de ensino, mas não é só isso: “Continuo a ser curioso, porque é isso que faz o mundo progredir e acho que é isto que nos torna humanos e é a inspiração que devemos dar aos nossos filhos.”

Veja o vídeo na íntegra aqui.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.