Politicamente, está mais próximo de Jair Bolsonaro ou de Lula da Silva, de Ciro Gomes ou de Simone Tebet? Qual o seu nível de concordância com os diferentes candidatos em temas como a economia, a diplomacia, o aborto ou o porte de armas? Estes são alguns dos temas que o Votómetro Brasil 2022 permite explorar.
Com a coordenação científica de Jorge Fernandes — investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa — e a coordenação temática de João Gabriel de Lima — jornalista e cientista político brasileiro —, e concebida pela equipa de programação do Observador, a nova ferramenta interativa (web e mobile) permite aos leitores compreender qual o candidato que mais se aproxima dos seus valores a partir do seu posicionamento perante 19 afirmações.
Para ajudar a explicar o que é, ao certo, o Votómetro Brasil 2022, como participar e qual a metodologia que orientou o desenvolvimento da plataforma e que tipo de resultados esperar, preparámos um conjunto de perguntas e respostas.
O que é o Votómetro Brasil 2022?
É uma ferramenta gratuita e intuitiva desenhada para ajudar os leitores a encontrar o candidato que melhor corresponde às suas perspetivas políticas, inspirada noutras plataformas cientificamente validadas como a europeia euandi e a alemã wahl-o-mat.
Para que serve o Votómetro Brasil 2022?
“Permite aos leitores posicionarem-se, conseguirem perceber o quão distantes, ou próximos, estão dos diferentes candidatos à Presidência do Brasil”, diz Jorge Fernandes. O investigador tem feito parte de equipas europeias e nacionais de criação de plataformas desta natureza.
A plataforma é independente?
Sim, claro. O Votómetro é totalmente independente de quaisquer partidos políticos e candidatos.
Como participar?
Basta entrar no endereço online do Votómetro e escolher o botão “Iniciar”. O teste começa logo de seguida, apresentando a primeira de 19 frases para o utilizador posicionar o seu nível de concordância em relação a ela. Tem seis opções: “Concordo totalmente”, “Tendo a Concordar”, “Neutro”, “Tendo a Discordar”, Discordo Totalmente” e “Sem Opinião”.
Preciso de me registar para responder?
Não é preciso qualquer registo de utilizador. Pode começar a responder de imediato.
A participação na plataforma é anónima?
Sim, a participação é anónima. Ninguém terá acesso às suas respostas. Mesmo que seja um utilizador voluntariamente registado no site do Observador ou nosso assinante, os dados das respostas na ferramenta não ficam associados ao seu utilizador. “A plataforma foi feita de raiz”, diz Leo Xavier, diretor técnico do Observador. “Tudo acontece no próprio browser do utilizador, não acontece nos nossos servidores.”
Preciso de pagar para participar?
Não. A utilização da ferramenta é gratuita.
Como funciona a participação na plataforma, no geral?
Funciona em duas fases e de forma intuitiva. Primeiro, responde-se ao nível de concordância com as 19 frases apresentadas. Depois, atribui-se uma maior ou menor ponderação a cada uma dessas 19 declarações, para analisar o nível de importância de cada tema apresentado – e, depois, comparar com o de cada candidato. Quem quiser, pode não fazer a ponderação e seguir diretamente para os resultados finais.
Como funciona a resposta às declarações?
São apresentadas, de forma sequencial, 19 frases relacionadas com temas políticos que definem os vários candidatos. Nesta fase, os utilizadores são desafiados a responder ao nível de concordância com cada uma dessas afirmações escolhendo uma das já referidas seis opções: “Concordo Totalmente”, “Tendo a Concordar”, “Neutro”; “Tendo a Discordar”, “Discordo Totalmente” e “Sem Opinião”. Esta metodologia chama-se Escala de Likert – nome do sociólogo norte-americano que a desenvolveu – e é amplamente usada para medir, de forma fiável, comportamentos e opiniões, com um maior nível de nuance, indo além do sim ou não, pois especificam o nível de concordância.
Como funciona a resposta às ponderações?
Depois de responder às 19 afirmações, chega-se à secção “Adicionar ponderadores”, onde são listadas as 19 declarações numa mesma página. No final de cada uma dessas declarações, o utilizador poderá optar por ponderar qual a importância de cada uma delas para si: mais (+), menos (-) ou igual (=) ponderação. Em alternativa, poderá saltar essa secção. “Se saltar, estará a dizer: todas elas são igualmente importantes”, esclarece Leo Xavier.
No final, que tipo de resultados se obtém?
Os resultados são apresentados em duas perspetivas detalhadas: “Correspondência” (política) e “Bússola” (bidimensional: Mais Estado/Mais Mercado e Libertário-Cosmopolita/Conservador-Nacionalista).
O que posso ficar a saber na secção “Correspondência”?
A “Correspondência” exibe, por ordem percentual, a ligação do respondente a cada candidato, com um gráfico de barras horizontal. Evidencia-se, assim, a proximidade política, de acordo com os pontos de vista, valores e prioridades e o nível de concordância com as ideias e propostas dos candidatos. Se o utilizador selecionar, na lista do gráfico, a barra de cor de cada candidato, terá acesso a uma nova secção informativa, com as camadas das 19 respostas de forma detalhada, que relaciona o que ele respondeu com o posicionamento do partido em relação a essa afirmação. Para cada uma dessas afirmações, existe ainda mais informação sobre elas, conduzindo à fonte de onde se extraiu esse posicionamento/declaração do candidato em análise.
O que posso ficar a saber na secção “Bússola”?
A “Bússola” é um gráfico que evidencia o posicionamento do utilizador numa base ideológica bidimensional. Por um lado, o eixo horizontal identifica a dimensão económica Mais Estado/Mais Mercado. Por outro, o eixo vertical identifica a dimensão cultural, considerando posições Libertária-Cosmopolita e Conservadora-Nacionalista. Mas há um ponto a ter em conta: esta análise às respostas é menos exacta do que a análise da “Correspondência”, pelo que é possível que não fique junto do candidato com o qual tem maior correspondência.
Qual foi a metodologia para chegar às declarações?
A plataforma é absolutamente transparente e mostra quais as fontes que estiveram na base do posicionamento de cada candidato — podem ser declarações públicas, notícias ou programas eleitorais, entre outros. Esse trabalho de pesquisa de fontes foi realizado por duas investigadoras que colaboraram no processo de anotação. Diana Rebelo Rodriguez e Ana Giulia Aldgeire trabalham na Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro. São ainda alunas de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Posso mudar as minhas respostas e as ponderações?
Sim. Nesta fase de análise dos resultados, o utilizador tem a opção de “alterar respostas” e analisar como isso influenciaria os resultados.
Posso voltar a responder?
Sim. Basta voltar à homepage da plataforma.
Posso partilhar os resultados?
Sim. Se desejar partilhar os resultados, basta selecionar essa opção. Poderá fazê-lo quer através de uma hiperligação que é gerada, por e-mail, ou através das redes sociais Facebook, Twitter, LinkedIn e WhatsApp. A decisão de partilha é exclusivamente sua.
Quem são os coordenadores do Votómetro Brasil 2022?
O coordenador científico do Votómetro Brasil 2022 é Jorge Fernandes, Investigador Auxiliar no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Doutorado em Ciência Política pelo Instituto Universitário Europeu, Florença. Em 2015, publicou O Parlamento Português (FFMS). É co-editor do Oxford Handbook of Portuguese Politics (2022). Foi investigador visitante da Universidade da Califórnia (2012) e do Center for European Studies em Harvard (2018-2019).
O coordenador temático do Votómetro Brasil 2022 é João Gabriel de Lima, jornalista e escritor. Nasceu em São Paulo, morou no Rio de Janeiro, vive em Lisboa. É colunista do jornal Estado de São Paulo (um dos maiores do Brasil), colaborador da respeitada revista Piauí e do site ambientalista Um Só Planeta. Foi editor de Cultura na revista Veja e diretor das revistas Época (grandes reportagens) e Bravo! (temas culturais). Atualmente, realiza o doutoramento em Ciência Política na Universidade de Lisboa.