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Como se chega ao sucesso?

No dia 15 de novembro, no espaço Fábrica L, na LX Factory conversámos com empreendedores corajosos. Foi o concluir do projeto “Rule Breakers”, desenvolvido numa parceria do Observador com a Renault

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“O automóvel do futuro vai ser elétrico, autónomo e conectado”, foi assim que Ricardo Oliveira, Diretor de Comunicação da Renault, deu início à sua intervenção na Conferência “Rule Breakers”. Desta forma, ligava a presença da mais recente tecnologia na indústria automóvel, à necessidade que as novas gerações têm de um meio de transporte que seja também um meio de comunicação. “O mundo está a mudar profundamente e as novas gerações têm uma abordagem diferente relativamente ao sucesso profissional e vão querer do carro mais do que só conduzi-lo. Vão querer que seja uma extensão do que é a sua vida”.

"O mundo está a mudar profundamente e as novas gerações têm uma abordagem diferente relativamente ao sucesso profissional." 
Ricardo Oliveira, Diretor de Comunicação da Renault

O uso do automóvel como um prolongamento da vida profissional é algo que se cola à imagem dos novos empreendedores. E os vídeos feitos a propósito deste projeto provam-no. A realidade é que, se o carro ainda pode fazer parte de um certo estatuto, não é (só) isso que esta nova geração procura.

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Em busca de um sentido

“Sempre me considerei um bocadinho um Rule Breaker”, afirmou Pedro Rocha Vieira, CEO da Beta-i. A sua juventude foi passada em vários países – o que lhe deu uma abertura de horizontes providencial –, estudou gestão “porque não sabia o que queria fazer da vida” e passou pela banca, mas não foi aí que encontrou a felicidade.

Despediu-se e deu a volta ao mundo sozinho. Acredita que esta foi a melhor forma de conhecer outros e a si mesmo. “Quebrar as regras é também uma forma de nos conhecermos. Encontrei o meu propósito na interseção daquilo que é a minha personalidade, as minhas competências e o que me motiva”, conclui. Em 2009 criou a Beta-i, com o objetivo de contribuir para que esses “rule breakers” pudessem ter um espaço para ser o seu melhor. Em cinco anos passaram de uma para 50 pessoas na empresa. “Quisemos trazer valor para as grandes empresas que, com a crise, tiveram de colocar em causa as suas metodologias”, diz.

"Sempre me considerei um bocadinho um Rule Breaker."
Pedro Rocha Vieira, CEO da Beta-i

Hoje, estão focados em fazer a gestão de inovação dentro de algumas empresas, promovendo mesmo a sua conexão a startups. Acreditam que o maior entrave da inovação é a gestão da mudança, mas que “as startups são mensageiros e pioneiros dessa mudança. Queremos, por isso, criar um ecossistema onde cada um pode realizar o seu potencial, resolvendo desafios que fazem sentido e nos preocupam a todos”.

Ter coragem e identificar oportunidades

Também para Alexandre Barbosa, Presidente Co-Fundador e Managing Partner da Faber Ventures, lançar uma empresa quando a crise em Portugal estava no seu pleno, pareceu não só uma boa ideia, como algo necessário ao desenvolvimento do país. “A crise tornou mais evidente uma necessidade de mercado. Acreditávamos que, para Portugal prosperar como um ecossistema e ter a ambição de vir a afirmar-se na área da tecnologia a nível europeu, não só teria de ter empreendedores com vontade de arriscar, como de investidores independentes, com capacidade de investir no estrangeiro e de se associarem a parceiros internacionais”.

"(...)trabalhamos com empreendedores que usam software e lançam empresas de base tecnológica para revolucionar as indústrias. Empreendedores que olham para os desafios e regras definidas numa determinada indústria e veem oportunidades."
Alexandre Barbosa, Presidente Co-Fundador e Managing Partner da Faber Ventures

Relaciona facilmente o conceito de “rule breakers” aos projetos em que aposta: “trabalhamos com empreendedores que usam software e lançam empresas de base tecnológica para revolucionar as indústrias. Empreendedores que olham para os desafios e regras definidas numa determinada indústria e veem oportunidades”.

“Onde uns veem lutos e dores…”

“…uns outros descobrem cores”. Podem usar-se as palavras de António Gedeão do poema “Impressão digital” para ilustrar a ideia de que, tal como refere Alexandre Barbosa, onde uns veem dificuldades, outros descobrem desafios. Esse tem sido também o trabalho que Aida Chamiça tem feito com executivos de topo: identificar oportunidades e desenvolver as potencialidades para chegar ao seu potencial máximo. Ajudar a descobrir as cores pelas quais devem, ou querem, lutar. “Verifiquei que, na altura da crise, havia um conjunto de pessoas que estavam a conseguir superar-se muito para além dos objetivos propostos, com talentos inimagináveis, mas que estavam a ser despedidas. Nessa altura, era como se perdessem o acesso aos seus talentos”, lembra. No decorrer dos últimos anos, Aida Chamiça, acumulou experiência em coaching de executivos – individualmente ou em equipa – identificou ferramentas e desenvolveu algumas teorias, que reuniu no livro “Break Heaven”, recentemente lançado pela editora RH. Durante a conferência referiu que “coragem, criatividade e colaboração”, são palavras-chave determinantes para o sucesso.

"Há aqui um espaço para que freelancers, pessoas muito especializadas em determinadas competências, possam encontrar esquemas colaborativos de parcerias – células que são formadas para determinado projeto e que se desagregam, para se voltarem a formar novas. Tenho muita esperança em que estejamos a viver uma era em que está a surgir este outro novo paradigma." 
Aida Chamiça, Executive and Team Coach

“Cada um de nós pode tomar consciência de que tem muito mais potencial do que considerava e que, quando tem de encarar uma mudança radical – e por vezes assustadora – como um despedimento aos 40 anos e uma dificuldade em reposicionar-se no mercado, a criatividade pode iluminar o caminho”. E esclarece: “a criatividade, ou seja, esta capacidade de mobilizar potencial para criar uma possibilidade ou várias possibilidades, aceitando que se pode falhar e que há um caminho para fazer, requer coragem. Mas, pela minha experiência, eu diria que é uma coragem que vale a pena viver.” Acrescentou ainda que todas as crises trazem oportunidades e que alguns profissionais, “que ao perderem o emprego, ficaram muito perdidos, muito desconectados das suas capacidades e da sua confiança, deram a volta e, ao fazerem-no, vieram para o mercado com propostas altamente inovadoras mas muito sustentadas em todo este capital de ativos que tinham e que souberam reenquadrar”. No final desta conferência, em que se falou de quem quebra as regras, Aida Chamiça, introduziu um novo tema de conversa: “a colaboração entre os profissionais que não criaram empresas – ou nem estão empregados – mas que têm um potencial de muitos anos a exercer funções de elevada exigência e com mais do que provas dadas, têm aqui um desafio, que passa por criar outros modelos além do empreendedorismo. Há aqui um espaço para que freelancers, pessoas muito especializadas em determinadas competências, possam encontrar esquemas colaborativos de parcerias – células que são formadas para determinado projeto e que se desagregam, para se voltarem a formar novas. Tenho muita esperança em que estejamos a viver uma era em que está a surgir este outro novo paradigma. Falta-nos ainda ultrapassar a timidez e criar este espírito colaborativo, talvez mais fácil para quem inicia agora a sua carreira. Para quem já tinha carreiras de sucesso, pode haver maior timidez em recriar estas colaborações e estou muito otimista de que é por aqui que as coisas hão de seguir. É a isto que chamo “a zona do meio”, que não é nem o empreendedorismo da criação de empresas, nem as grandes empresas que dão emprego.” Quem sabe se não será este o tema de uma próxima conversa?

Fazer o percurso ao contrário

Mas antes de se chegar ao fim deste evento, que nasceu da parceria entre o Observador e a Renault, José Manuel Fernandes, Publisher do Observador e António Carrapatoso, Presidente do Conselho de Administração do Observador, falaram da sua experiência enquanto detentores de uma startup e de como este projeto de comunicação social generalista foi também um desafio que quebrou as regras. “Há cerca de quatro anos, apostámos num novo projeto de comunicação social quando nos diziam que não era possível. Além disso, quisemos que fosse independente e que não tivesse as amarras do papel”. Foram igualmente disruptivos quando conseguiram manter os fundadores do jornal como “guardiães da sua integridade” e ter um foco permanente no interesse do leitor. E, se houve momentos difíceis, o entusiasmo, a estratégia e o formar de uma equipa alinhada com essa estratégia, “não só fizeram valer a pena todo o esforço”, garantem, como trouxe “melhores resultados do que esperavam”. “Somos líderes como título único com receitas de publicidade, temos 4,5 milhões de visitantes únicos, 13 milhões de visitas e 50 milhões de pageviews. Portanto, em termos de expectativas até correu melhor do que se previa”.

"Há cerca de quatro anos, apostámos num novo projeto de comunicação social quando nos diziam que não era possível. Além disso, quisemos que fosse independente e que não tivesse as amarras do papel."
António Carrapatoso, Presidente do Conselho de Administração do Observador

Avançaram, assim, para projetos complementares, como as revistas anuais de aniversário e uma revista apresentada no dia da Conferência. Este número único e especial alarga o conceito da rubrica “100% Português” a diversas áreas do Lifestyle e pretende mostrar o melhor da criatividade nacional. A revista “Observador” já está nas bancas e pode ser folheada à moda antiga. Porque inovação é também aproveitar o que há de melhor na tradição.

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