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André Carrilho/Observador

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Homens no varão. Quem disse que o pole dance é só para elas?

Associado às mulheres e ao erotismo, o pole dance tem atraído também praticantes masculinos. O Observador foi conhecer as histórias de cinco homens que se renderam aos encantos do varão.

Há quem ache que é coisa de meninas, mas basta passar por uma aula experimental para perceber que que a dança do varão é uma modalidade à altura de qualquer homem. No limite, não serão todos os que estão à altura dela. Paciência. Mais do que movimentos sensuais e do que um par de stilettos, a maioria dos homens que pratica pole dance aprendeu a aplicar a força ao varão, a elevar o corpo, a explorar a flexibilidade e a trabalhar posições muito mais acrobáticas do que as que vemos no cinema. Outros deixaram-se contagiar pela dança contemporânea e ainda há os que sobem para cima de saltos e rivalizam com o erotismo feminino.

Ah, depois é um jogo de resistência à dor. Os braços doem, há nódoas negras, salta pele e os músculos ressentem-se. Há quem diga que ou se adora, ou nada feito. E não são todas as escolas que abrem as portas a alunos homens. Os que experimentam e continuam contam-se pelos dedos das mãos. Alguns chegam a professores, mas nenhum consegue a proeza de se dedicar ao varão a tempo inteiro. Mais do que entretenimento, defendem o pole dance como modalidade desportiva.

Ouvimos as histórias de cinco homens, não as de vida, mas as de como chegaram a vias de facto com o varão. Há quem tenha vindo através do yoga, mas também através de uma namorada. Um deles disse-nos que “não há géneros nem idades” para fazer pole dance. Fomos ver se é mesmo assim.

“Isto não é tão fácil como parece”

Quando começou a ter aulas de dança do varão, há dois anos, Ricardo Raposo julgava ter tudo a seu favor, sobretudo a força. Vinha do râguebi, desporto de confronto físico. Estava habituado a levar tudo à frente, mas não a adaptar os seus movimentos a um elemento estático que também exige flexibilidade e leveza. No início custou — o varão exige muita resistência à dor –, mas hoje já lhe é difícil imaginar uma rotina sem as aulas em torno do varão. “Isto não é tão fácil como parece. Antes de começar a praticar, nem sabia que o próprio varão girava, achava que as pessoas é que eram muito boas e conseguiam girar sozinhas. No varão, aquilo que pesamos pesa mesmo, mas parte da arte do pole dance é fazer parecer que não pesamos nada. Foi difícil, mas quanto mais difícil mais vontade tenho de insistir”, conta o tradutor de 44 anos.

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Ricardo tem 44 anos e há dois trocou o râguebi pela dança do varão © André Carrilho/Observador

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Os amigos ficaram perplexos. Afinal, quem é que passa do râguebi para a dança do varão? Ricardo quis fugir à forma quase automática com que se pratica a maioria dos desportos. Procurou isso, o contraste entre as duas modalidades e a rebeldia de subir no varão ao final de um dia sentado à secretária. Num dia o treino em campo cheio de testosterona, no outro a aula em estúdio. “Era quase como assumir personas diferentes”, afirma. O facto de haver poucos homens só tornou tudo mais desafiante. Deslocado só se sentiu nas primeiras aulas, por ser o único homem entre mulheres, mas principalmente pela frustração de não conseguir aprender tão depressa como esperava.

“Não é por acaso que as pessoas que trouxe não ficaram. É preciso permanecer numa posição e segurar o peso todo, no meu caso 69 quilos, enquanto de comprime o varão entre o braço e as costelas, por exemplo. Demorei seis meses a conseguir fazer isso”, relembra. No que toca a estilos, há mais do que uma maneira de subir e girar no varão. A vertente mais acrobática foi um dos argumentos que convenceu Ricardo a permanecer fiel à modalidade durante os últimos dois anos e a que alicia a maioria dos homens. “A imagem mais presente que temos é a do pole dance feminino, mas os homens que praticam não têm necessariamente de ser femininos. Existe um lugar para a demonstração de força. Encontrei esse caminho e sinto-me bem aqui. É mais acrobático e menos exótico, que é bonito de se ver, mas não é o meu varão”, completa.

"Há nove anos, quando comecei a dançar, ninguém queria mostrar a cara. Ter um homem na aula então, meu Deus."
Cátia Silva, professora de dança do varão

Quanto à existência de estigma em torno da modalidade, Ricardo ignora a eventual estranheza de ver um homem a rodopiar num varão. Diz que está longe de ser só mais uma moda, mesmo entre o público masculino, e que não esconde o que faz duas vezes por semana ao fim do dia. Para os vizinhos de mais idade abre uma exceção. “São as únicas pessoas a quem eu digo que vou à ginástica, para não perder tempo. De resto, cada um faz o juízo que quiser”, afirma.

“Foi difícil começar. Disseram-me que era só para senhoras”

No caso de Hugo Matos, o interesse na dança do varão surgiu subitamente. Fascinado por tudo o que tinha a ver com ginástica, incluindo as transmissões das provas olímpicas na televisão, teve o primeiro contacto com a modalidade praticada por homens na internet. “Vi o vídeo de um amigo a fazer algumas figuras no varão. Fiquei bastante curioso, queria ser capaz de fazer aquilo”, conta. A parte menos fácil veio depois: conseguir encontrar uma escola que estivesse aberta a alunos homens. “Foi difícil começar. Pesquisei em várias escolas e disseram que as aulas eram só para senhoras. Fiquei um bocado triste, mas entretanto descobri esta escola e disseram logo que sim”, recorda.

Hugo é professor e tem um estilo invulgar. Como performer, mistura acrobacias e movimentos sensuais © André Carrilho/Observador

André Carrilho/Observador

A realidade de há cinco anos continua a existir. Há escolas que funcionam exclusivamente para mulheres sob o pretexto de deixar as alunas mais confortáveis sem a presença de olhares masculinos. Em 2007, a Academia de Pole Dance, em Lisboa, abriu com uma premissa diferente. Além de ter sido a primeira do país dedicada exclusivamente à modalidade, esteve aberta a alunos de ambos os géneros desde o primeiro dia. Atualmente, dois dos três professores são homens e já se contam sete alunos inscritos nos diferentes níveis. No primeiro, aprendem-se as bases. No segundo, os movimentos e técnicas mais acrobáticas. No terceiro, o lado mais exóticos e sensual da dança do varão, onde os saltos altos são ferramentas de trabalho indispensáveis. Há dois anos, Hugo foi convidado a tornar-se professor, mas esta é uma das aulas que continua a frequentar.

Apesar da destreza com que hoje, aos 29 anos, se move no varão, Hugo lembra-se bem da sua primeira aula. “Correu muito mal. Estava sempre a transpirar e não conseguia fazer nada. As minhas colegas tinham que estar sempre a empurrar-me para conseguir fazer os movimentos porque não tinha força nenhuma”, relembra. Transpiração e demasiada roupa, os principais inimigos de quem tenta a sua sorte no varão. A aderência do corpo ao aço é essencial, por isso, erotismos à parte, quanto mais pele de fora melhor. Ter uma toalha por perto, para limpar o varão entre exercícios, também é importante, tal como o pó de magnésio para secar a palma das mãos.

https://www.instagram.com/p/BUFBv_CBw1k/?taken-by=cyanide_x

No caso de Hugo, as primeiras modificações físicas compensaram todo o esforço. “Os primeiros meses não foram fáceis. Tinha andado sempre no ginásio, mas só com o pole dance é que comecei a sentir o meu corpo mais tonificado. No início não tinha flexibilidade nenhuma. Ainda pensei que tivesse força, mas também não tinha nada. Mesmo que tivesse, é uma ideia falsa pensarmos que isso é o suficiente para chegar aqui e fazer”, admite.

Graças à persistência, passou de lingrinhas a dono de um corpo atlético. Além da academia, frequentou aulas noutras escolas e fez workshops com ases da modalidade que foram passando por Portugal. O resultado está à vista. Enquanto performer, Hugo combina várias vertentes da dança do varão, com espaço para força, flexibilidade e algum exotismo. “Acho que tenho um estilo bastante próprio. Não sigo só a linha acrobática ou só a mais sensual, gosto de misturar e fazer coreografias diferentes”, afirma. A formação continua, há sempre novos movimentos a aparecer e se for preciso apanhar um avião até França ou Espanha também não são umas centenas de quilómetros que o vão impedir de progredir. Dá aulas e faz performances pontuais em festas e discotecas, mas o varão não lhe paga as contas. Trabalha num call center de apoio ao cliente, enquanto sonha com o dia em que vai poder viver da dança.

"Foi extremamente doloroso. Eu, que levantava 120 quilos de peito no supino, cheguei aqui e não consegui fazer uma bandeira. Por muitos exercícios que façamos no ginásio, nunca vai ser igual ao pole dance."
Ernesto Coelho, praticante de dança do varão há dois anos

Questionado sobre a relação entre a dança do varão e a orientação sexual dos praticantes, Hugo responde remetendo para uma visão redutora e ainda generalizada da modalidade. “Depende do que a pessoa mostra às outras numa apresentação. Mas sim, é possível que algumas pessoas ainda pensem assim, da mesma forma que ainda associam o pole dance a strip tease. Mas acho, que nos estamos a afastar dessa imagem. O pole dance não é só uma dança erótica, pode ser utilizado como desporto, como exercício físico”, afirma. Afinal, parece que há muito mais varão para além do imaginário cinematográfico e Hugo também teve as suas surpresas. “Quando comecei a dar aulas, pensei que o público mais interessado fosse o feminino, mas tenho visto cada vez mais homens a virem”, completa.

“Não ia ser menos homem por fazer isto”

A incursão de Caetano de Oliveira ao mundo da dança do varão começou no YouTube. Através de vídeos, percebeu que pole dance e yoga têm muito mais em comum do que imaginava. “Os exercícios são idênticos, só têm outra conotação. É preciso permanecer nas posições e desenvolver a consciência de corpo. No fundo, é estares em esforço mas com uma expressão agradável na cara, tal como no yoga”, partilha o artista plástico de 26 anos. Por insistência de uma amiga, foi a uma aula experimental no estúdio Brown Sugar, em Lisboa. “Não ia ser menos homem por fazer isto”, pensou na altura.

Falámos com Caetano depois de uma aula experimental. Já marcou mais duas © André Carrilho/Observador

André Carrilho/Observador

Alinhou e compareceu. Era um homem entre nove mulheres, quase todas de calças de licra, justas ao corpo (um pesadelo para conseguir o mínimo de aderência entre a pele e o varão), e inicialmente meio desconfortáveis com a presença do sexo oposto. Ele, esperto, foi de calções. “Fisicamente, é muito duro, sobretudo para a pele. Senti isso quando fui tomar banho depois da aula, algumas partes ardiam”, conta. Ainda assim, ficou logo alistado para fazer mais duas aulas e já há um plano em marcha para trazer amigos.

“Há nove anos, quando comecei a dançar, ninguém queria mostrar a cara. Ter um homem na aula então, meu Deus”, conta Cátia Silva, dona do estúdio do Bairro Alto. Hoje, a dança do varão já é vista como uma modalidade desportiva. Depois de uma maior abertura para as mulheres, também os homens começaram a bater-lhe à porta. “Afinal, isto é ginástica. E quem está a passar na rua para muito mais quando vê um homem no varão do que uma mulher”, afirma.

"O pole dance não é só uma dança erótica, pode ser utilizado como desporto, como exercício físico."
Hugo Matos, professor de dança do varão

Cátia abriu o estúdio há quatro anos e só ao fim de dois é que começou a ter os primeiros alunos homens. Foram quatro desde então. É certo que, por natureza, têm mais força, mas normalmente cometem um erro crasso, subestimar o varão. “Eles pensam que se conseguem levantar x no ginásio também conseguem subir no varão, só que não é bem assim”, admite a professora. Outra desvantagem masculina: a tolerância à dor. “Isto é um desporto e, como tal, exige disciplina. É preciso querer muito”, conclui Cátia.

Enquanto a maioria dos homens se vira para a vertente mais acrobática da dança do varão, Caetano continua com o exotismo debaixo de olho, das músicas mais sugestivas aos movimentos mais sensuais. “Há sempre um imaginário — sluty, sluty, sluty!”, brinca. Apesar do desgaste físico, no final da primeira aula, experimentou calçar saltos altos. Cresceu em altura e em elegância, mas aumentou também o nível de exigência. O melhor é mesmo aprender as bases descalço e regressar aos stilettos mais tarde.

“Ela foi e eu fiquei”

Paulo Nogueira tem 36 anos e é engenheiro eletrotécnico. Como é que se tornou professor na Academia de Pole Dance, em Lisboa? Veio com a mulher. “Ela inscreveu-se e foi aí que comecei a ver vídeos de mulheres a dançarem. Depois, encontrei os mesmos vídeos, mas com homens. Sempre fiz exercício físico e fiquei entusiasmado com a modalidade”, conta Paulo. Seis meses depois, também estava inscrito e já lá vão quatro anos. Entretanto a mulher virou-se para para outras danças. “Ela foi e eu fiquei”, acrescenta.

Paulo inscreveu-se nas aulas à boleia da mulher. Ela já não pratica dança de varão, ele é professor © André Carrilho/Observador

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Aprendeu as bases com uma professora, mas foi com um professor que enveredou por uma dança do varão muito mais focada na força. X, bandeira e prancha são algumas das figuras exigentes que já domina. Se no início começou por frequentar duas aulas por semana, a vontade de ver progressos no varão levou-o a praticar quase todos os dias. Força não lhe falta, até porque mantém uma rotina complementar de musculação no ginásio, mas é na amplitude dos movimentos que os homens estão em desvantagem. “A mulher domina muito mais a sensualidade e a flexibilidade. Não é tão fácil para nós desenvolvermos essa segunda parte, mas é como em qualquer desporto — é preciso gostar muito, batalhar e batalhar, às vezes, com alguma frustração”, confessa.

Às segundas, dirige a aula de condição física. Sempre que é necessário, substitui Hugo. Quanto ao interesse dos homens na modalidade, Paulo acredita que tem crescido, embora os homens no varão continuem a ser vistos como corpos estranhos. “A nível internacional, já é visto como um desporto. A nível nacional, ainda é um tabu”, afirma. A começar na própria família. “Os meus pais ficaram apreensivos, nem sabiam muito bem o que isto era”, conta. Mas nada que umas fotografias, uns vídeos e, mais tarde, um convite para assistir à festa de final de ano da escola não tenham resolvido. Segundo explica, é um jogo ganho pela curiosidade, que fala sempre mais alto.

Há poucos dias, Paulo lançou o desafio na empresa onde trabalha. Convidou os colegas a experimentar a modalidade numa aula dada por si. Resultado: 24 pessoas inscritas, mulheres e homens, o que obrigou o instrutor a dividir o grupo em três sessões. Resta saber se todos vão ter estofo para subir no varão.

“Então, agora és stripper?”

Sexo e strip tease — há dois anos, quando ouvia falar em dança do varão, o raciocínio Ernesto Coelho era este. Até ao dia em que conheceu Alexandra Gonçalves, dona do estúdio Deep Dance, nos arredores de Lisboa. De amigos passaram a namorados e não demorou muito até a professora de pole dance desafiar o homem do ginásio a experimentar a modalidade. “Foi extremamente doloroso. Eu, que levantava 120 quilos de peito no supino, cheguei aqui e não consegui fazer uma bandeira. Por muitos exercícios que façamos no ginásio, nunca vai ser igual ao pole dance. Depois, foi a dor causada pelo varão — fica negro, tira pele. Costumam dizer que é para meninas, mas não é”, admite Ernesto, de 38 anos.

Ernesto tem 38 anos e há dois descobriu que o varão é muito melhor do que o ginásio © Fábio Vilares/Observador

Fábio Vilares/Observador

Foram precisamente os progressos na condição física que deixaram Ernesto com vontade de continuar a ter aulas. Core, zona lombar, abdominais e oblíquos nunca tinham sido postos à prova desta maneira. Nunca mais voltou a subestimar o varão e foi intensificado as doses de treino. Hoje, pratica cinco dias por semana e ainda ajuda Alexandra nas aulas de iniciação. Volta e meia, lá aparece um curioso e ter uma figura masculina no estúdio ajuda a convencer os mais indecisos. “Eles vêm experimentar mas ainda não houve nenhum que se entusiasmasse. Para mim, é aquele desporto em que não há um meio termo. Quem gosta gosta mesmo, quem não gosta não volta”, afirma.

Com a prática, Ernesto aperfeiçoou as demonstrações de força. Coreografias sensuais não são com ele, tal como não é a dança, no geral. “Sigo alguns homens nas redes sociais, muitos dançam com saltos e melhor do que muitas mulheres. Admiro sobretudo a paixão deles pela modalidade”, conta. Agora, é altura de ir explicando aos outros que isto do pole dance não é só para meninas, principalmente aos que ainda pensam como ele pensava antes do batismo de varão. Alguns conhecidos já lhe perguntaram “Então, agora és stripper?”, nada que não se resolva em dez minutos de aula experimental.

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