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Jogador brasileiro marcou 11 golos em 18 partidas na primeira metade da época 2023/24

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Jogador brasileiro marcou 11 golos em 18 partidas na primeira metade da época 2023/24

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"Massimiliano Allegri marcou a minha carreira": entrevista a Nenê, avançado de 40 anos que ainda brilha no AVS

Primeiro dia de 2024 trouxe a renovação de Nenê com o AVS, líder da Segunda Liga. Ao Observador, avançado de 40 anos que já foi o melhor marcador da Liga recorda carreira com passagem por Itália.

Os golos podem ser o melhor suplemento vitamínico. A Nenê têm-lhe prolongado a carreira. Aos 40 anos, o avançado admite que a equipa técnica do AVS o dispensa ao desgaste de alguns treinos, o que não deixa contente o jogador brasileiro que em 2008/09 foi o melhor marcador da Primeira Liga ao serviço do Nacional. “Não gosto quando me poupam. Gosto de fazer o treino igual a toda a gente”. Nenê completou 18 jogos na primeira metade da época 2023/24 nos quais marcou 11 golos ao serviço do conjunto que comanda de forma surpreendente a Segunda Liga mas promete não ficar por aí.

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Além do AVS, a carreira de Nenê na Europa passou por Leixões, Moreirense, Nacional, Cagliari, Hellas Verona, Spezia e Bari

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Quando entrou em campo contra o Benfica na Taça da Liga defrontou o João Neves, que tem menos 21 anos. Este dado diz-lhe alguma coisa?
Realmente, depois de tanto tempo, voltar a jogar contra o Benfica no Estádio da Luz e ver que há jogadores tão jovens como o João Neves e eu com 40 anos ainda estar a defrontar um jogador com excelente qualidade… É muito gratificante por aquilo que fiz e por aquilo que a equipa fez. Comprova que estamos num bom caminho.

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O facto de ter jogadores adversários com este tipo de idades dá-lhe alguma vantagem por já saber mais “truques”?
Creio que não. Hoje em dia, o futebol está muito evoluído. Da minha parte, tenho experiência, mas um miúdo, como o João Neves, conhece muito bem os espaços onde deve atacar. A única diferença que vejo é a experiência.

Há alguma coisa que repares que os jovens hoje em dia não façam e que tu fazias?
Na altura em que eu tinha a idade deles, nós estávamos sempre a ouvir os mais velhos. Estávamos sempre a ouvir e a fazer o que as pessoas mais experientes nos diziam. Hoje em dia, muitos jovens não escutam a experiência. Isso tem mudado bastante. Claro que, dentro da nossa equipa, temos bastantes jogadores de qualidade e os jogadores mais jovens que temos têm ouvido os mais experientes, mas em alguns clubes vejo que os mais jovens não escutam os mais experientes.

Ao nível do treino, da alimentação, das regras, os jovens também são diferentes?
Sempre fui um jogador com uma fisiologia muito boa em termos musculares, em termos de físico. Claro que a parte da alimentação ajuda muito. Hoje, como o futebol mudou bastante, há trabalho de ginásio e trabalho de recuperação. Muitos jogadores não rendem porque não se alimentam corretamente e não descansam no momento em que têm que descansar.

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Nenê terminou 2023 numa sequência de quatro jogos consecutivos a marcar

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Tem alguma dieta especial?
Como de tudo. Claro que sou um jogador profissional e há coisas que não fazem bem à minha carreira, mas não tenho nenhuma regra alimentar. Como tudo a que tenho direito, que tenho vontade, mas não em muita quantidade.

Gasta muitas horas com trabalho além do treino?
Não, gasto apenas as horas necessárias. Temos um fisiologista, temos pessoas que tomam conta da parte do GPS e eles sabem muito bem quando é que é necessário fazer mais recuperação, não treinar velocidade… Há profissionalismo dos atletas e do staff.

Já poupam mais o Nenê a nível do trabalho físico?
Às vezes, sim, mas eu, particularmente, não gosto quando me poupam. Gosto de fazer o treino igual a toda a gente. Temos um fisiologista e ele acompanha o GPS, sabe se estou mais cansado ou se tenho que fazer mais recuperação. Sou poupado em alguns treinos para não correr risco de lesões.

Estamos a falar mais de treinos de carga?
Sim. Gosto de treinar igual a toda a gente. Tudo o que eles fazem, quero fazer. Não quero ser privilegiado só porque sou um jogador com mais idade. Mas tenho que respeitar o trabalho do fisiologista, ele estudou para isso, não o posso contrariar.

Psicologicamente, consegue manter o mesmo tipo de motivação?
Sim. Um jogador que joga até aos 40 anos, com mais uma época de contrato, tem que ter o psicológico em dia. Se não, jamais se consegue chegar à minha idade a jogar a ao alto nível. É fundamental, fora de campo, deixares a tua família estruturada, para que depois possas ir para dentro do campo sem preocupação nenhuma.

Em relação ao contrato, foi fácil convencerem a renovar com o AVS por mais um ano, até 2025? Ainda falta muito para o final da época…
Ajustámos alguns pormenores. Quando renovei com o AVS para esta época disse que este talvez fosse o meu último ano. Eles disseram: “E se puderes jogar mais um ou dois anos?”. Não sei, tudo depende do meu corpo, do dia a dia e das dores. Hoje, sinto-me muito bem. Se consigo ajudar o AVS dentro de campo a conseguir vitórias, a conseguir qualquer objetivo que seja, estou disponível. Se vir que não estou apto a dar 100%, a ajudar a equipa, acho que chega o momento de parar. Neste momento, estou bem, por isso, sentámo-nos e conversámos para renovarmos por mais uma época.

Como ainda falta algum tempo para o final da época, nunca se sabe o que pode acontecer. Existiu algum tipo de sondagem por parte de outro clube para contratá-lo e por isso houve uma necessidade de acelerar o processo?
O futebol gira muito em termos do lado financeiro. Poucas equipas querem um jogador com mais idade. O AVS tem um projeto que me agrada bastante, dentro e fora do campo. Se posso ajudar, não há que pensar se algum clube vem atrás de mim quando acabar a época. Estou seguro daquilo que fiz. Tenho que agradecer ao investidor, que tem depositado confiança em mim. No momento em que estava no Brasil sem clube o Vilafranquense SAD [antecessor do emblema da Vila das Aves que herdou os direitos de participação na Segunda Liga sob a designação de AVS SAD] foi quem me abriu as portas. Tenho que dar respeito a quem me respeita. Se eles me abriram as portas, tenho que respeitá-los primeiro a eles e dar-lhes a primeira palavra. Quando não chegarmos a acordo, sou a primeira pessoas a dizer que não consigo mais ajudar dentro de campo. Se tiver alguma possibilidade de os ajudar fora do campo, estou disponível. A nossa família também quer estabilizar num lugar. Na idade em que estou, não é fácil estar-me a movimentar de um lado para o outro com a família e com crianças.

Esta temporada, houve uma mudança relevante que foi passar de Vila Franca de Xira para a Vila da Aves. Como foi esse processo de se copiar e colar um clube de um sítio para outro?
Morei em Guimarães três anos quando jogava no Moreirense e no Leixões. Não me adaptei muito bem nos dois anos em que estive em Lisboa e a minha filha também não ficou muito contente. Hoje, mesmo jogando nas Aves, vivo em Guimarães. Isso foi uma coisa que me ajudou bastante. Estou estável. Não estou com vontade de andar para lá e para cá a mudar de clube. Devo finalizar a minha carreira com o AVS, se Deus quiser, em grande nível. Vamos tentar lutar até ao final da época.

Que tipo de pessoas vão aos jogos agora? São pessoas das Aves, também de Vila Franca?
Há muitas pessoas das Aves. Muitos ainda se estão a adaptar, mas isso vai acontecer com o tempo. Somos nós, os jogadores, dentro do campo, que temos que tentar fazer o melhor trabalho para que possamos ter adeptos nos jogos.

Nesse aspeto estão a corresponder, estão em primeiro lugar na Segunda Liga. Jogar na próxima época na Primeira Liga é uma motivação extra?
Estamos a ir bem, mas quando chegar o final da época fazemos contas para vermos o que alcançámos. Claro que se subirmos à Primeira Liga, isso ajuda a que venham mais adeptos assistir aos nosso jogos.

Acha que podia estar a ter o mesmo rendimento de golos na Primeira Liga?
Acho que são campeonatos diferentes mas creio que sim. Fiz um jogo no Estádio da Luz e não senti diferença. Depende da posição. Com 40 anos, como avançado, consegui desempenhar um bom trabalho. Poderia estar na Primeira Liga. Vamos em busca disso e trabalhar forte para tentar chegar ao final da época e ver se conseguimos esse objetivo com o AVS.

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AVS visitou o Estádio da Luz na última jornada da fase de grupos da Taça da Liga

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Há avançados que se caracterizam por marcarem golos, há outros que se movimentam mais para combinarem com os companheiros. Os números têm ajudado a que as pessoas olhem para si de outra forma?
Os números ajudam bastante. Se os números não ajudassem, não tinha chegado à terceira renovação com o mesmo investidor. Na Primeira Liga, o nível de competitividade é muito mais alto do que na Segunda Liga. Os jogadores têm muito mais qualidade, as equipas têm um nível mais alto. Vai tudo do trabalho, do posicionamento. Sou um jogador bastante versátil. Consigo atacar a profundidade e estar dentro da área, como também sair da área e jogar com a equipa.

Tem alguma marca de golos que queira bater esta temporada?
Não coloquei nenhuma marca, deixo que as coisas aconteçam naturalmente. Vamos ver que números consigo alcançar. Não depende só de mim.

Esta época está a ser treinado por Jorge Costa. Como é lidar com ele no dia a dia?
É tranquilo. É uma pessoa bastante séria, bastante concentrada no trabalho, sabe o que quer para a carreira dele de treinador. Nos momentos em que tem que ser sério, é sério, nos momentos em que tem que se divertir, diverte-se. Nos momentos que são cruciais e é àquela pessoa que tem que cobrar, ele é que tem razão e tem que ser.

Lembra-se do adversário no jogo em que marcou o primeiro golo em Portugal?
Não sei.

O Sereno, jogava no V. Guimarães [Atualmente é o presidente do AVS SAD]…
É verdade!

Essa temporada, 2008/09, fica marcada por ter sido o melhor marcador da Primeira Liga ao serviço do Nacional. Guarda essa época com especial carinho?
Foi uma das excelentes épocas que fiz. Quando saí do Brasil, chegar a Portugal, um campeonato europeu, alcançar essa marca [20 golos], numa equipa como Nacional, ficar no quarto lugar e disputar a Liga Europa no ano a seguir [Nenê já não estava no clube], é uma coisa que fica guardada na memória. Foi algo gratificante que fiz em Portugal.

Esse registo abriu-lhe portas para Itália. O que é que têm os italianos de diferente dos portugueses a nível desportivo?
Não há muitas diferenças. O trabalho está muito nivelado.

Esperava ficar em Itália nove épocas?
Quando vou para um sítio, procuro desempenhar o meu trabalho a 100%. Se imaginava ficar lá tanto tempo? Não. É efeito do trabalho e do caráter.

No primeiro ano no Cagliari é treinado por Massimiliano Allegri. Foi o melhor treinador com quem trabalhou?
Se olharmos para treinadores que alcançaram o alto nível, sim, é um dos melhores. Esteve connosco no Cagliari e foi para o AC Milan e para a Juventus. Foi uma pessoa que marcou a minha carreira.

Já pensou qual seria o cenário perfeito para terminar a carreira?
Ainda não.

Então não tem uma data marcada.
Não. Tenho que estar concentrado em fazer mais uma boa época.

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