Foi o segundo ano letivo vivido em pandemia. Em 2021 — ano em que se fizeram os exames nacionais que dão origem a este ranking das escolas —, a normalidade esteve longe das salas de aulas. Embora não tenham estado tanto tempo encerradas, com os alunos remetidos ao ensino à distância como aconteceu em 2020 (quando a Covid-19 chegou a Portugal), os isolamentos de estudantes e professores foram suficientes para alterar o funcionamento das escolas. Apesar disso, a realidade portuguesa foi pouco alterada: se em 2020 todos os padrões se mantinham, com uma subida generalizada das médias, agora essas mesmas notas caem, sem mudar o cenário de fundo. Os alunos das privadas têm melhores resultados do que os das públicas, e os colégios onde as notas são mais altas continuam a ser os habituais, com ligeiras oscilações.
Apontando a lupa aos primeiros 50 lugares da tabela, encontramos duas escolas públicas, em Alpiarça e na Covilhã, e 48 privadas. A primeira estatal, a secundária José Relvas, aparece em 49.º lugar, a segunda, a secundária da Quinta das Palmeiras, em 50.º. Mas, se considerarmos apenas as escolas que fizeram um mínimo de 80 exames (como acontecia nos rankings anteriores à pandemia), a tabela muda ligeiramente. O topo fica com seis escolas públicas e a primeira delas, a Quinta das Palmeiras, estaria em 39.º lugar.
Este ano, depois de em 2020 ter deixado cair a exigência de um número mínimo de provas, o ranking das escolas do Observador volta a só considerar estabelecimentos de ensino que tenham realizado pelos menos 20 exames nacionais.
Vamos aos nomes das escolas. O primeiro lugar do ranking é uma estreia — o Colégio Efanor, idealizado por Belmiro de Azevedo, onde as aulas de ensino secundário vão no seu quinto ano de existência. Desde essa altura que as médias obtidas pelos seus alunos têm sido elevadas, mas, por ser um grupo muito reduzido, não tem tido lugar nos rankings que o Observador faz em parceria com a Nova School of Business and Economics (Nova SBE).
O ano passado, quando a pandemia obrigou a deixar cair o número de provas mínimas para uma escola poder ser considerada no ranking, o colégio de Matosinhos aparecia em 3.º lugar. Tinha, nessa altura, uma média de 17,95 valores e 76 exames realizados. Este ano, o número aumentou para 104 provas feitas e, apesar de a média ter caído para 16,1%, foi a mais alta do país.
O Colégio Efanor foi criado em 2008, através da Fundação Belmiro de Azevedo, idealizado pelo próprio empresário. O nome não é um acaso: a escola nasceu nas antigas instalações da empresa têxtil Efanor, a mesma onde, em 1963, Belmiro de Azevedo deu os seus primeiros passos no mundo do trabalho. Com propinas acima de 500 euros mensais, o colégio tem também alunos que frequentam o ensino gratuitamente através de bolsas da fundação dadas a quem mostra ter mérito académico.
Além de os seus alunos terem conseguido a média mais alta do país, ficaram em 2.º lugar no ranking de Biologia e Geologia, no 3.º de Física e Química A, e no 5.º de Português e também de Geografia A.
Os colégios habituais estão no topo da tabela
Há uma quebra ligeira na percentagem de escolas particulares que chega aos primeiros 100 lugares de classificação, descida que já se tinha registado no ano passado. Num total de 103 privadas, são 62 as que chegam aos 100 lugares cimeiros, ou seja, 60,2% do universo de estabelecimentos privados. No ano anterior, essa fatia da rede privada estava quase nos 61% (60,7%), quando em 2019 chegava aos 71,7%%.
Os nomes que surgem nos primeiros lugares são, na sua maioria, os habituais. Depois do Colégio Efanor, aparece o Colégio Nova Encosta, de Paços de Ferreira, onde os alunos chegaram a uma média de 16,04 valores nos exames de 2021. Nos dois anos anteriores, a escola tinha alcançado o 11.º lugar (16,78 valores) e o 30.º (13,35). No ranking atual, por disciplinas, consegue o primeiro lugar a matemática, graças à média de 17,67 dos alunos.
O terceiro lugar é ocupado por uma escola católica, propriedade da Arquidiocese de Braga desde 1954. Nos últimos anos, o Colégio Dom Diogo de Sousa revela sempre bons resultados, quer quando se olha para os rankings dos exames nacionais, quer quando se olha para os do 9.º ano (suspensos desde 2020 devido à pandemia). Na tabela atual, a medalha de bronze é conseguida graças aos 15,81 valores de média obtida pelos alunos, valor inferior ao de 2020 (17,38 valores) quando ficou em 5.º lugar. Antes disso, em 2019, a média de 14,94 valeu ao colégio o 3.º lugar no ranking do secundário. Nos rankings atuais, foi a escola onde os alunos tiveram melhor média no exame de Geografia A (16,6 valores).
Continuando no Norte do país, é para o Porto que vai o quarto lugar do ranking clássico. Com 15,75 valores, o Colégio Nossa Senhora do Rosário fica na mesma posição que em 2020 (quando teve 17,61 valores), depois de, em 2019, ter ficado em 1.º lugar nos rankings do secundário feitos pelo Observador/Nova SBE, com 15,62 valores. Outro feito dos seus alunos é terem conseguido, agora, o primeiro lugar no ranking de português com 17,91 valores.
A fechar o top 5, está uma escola de música, a mesma que no ano passado ficou em 1.º lugar nos rankings do Observador, feitos a partir dos dados disponibilizados pelo Ministério da Educação. Na Academia de Música de Santa Cecília, em Lisboa, os alunos alcançaram uma média de 15,67 valores. Em 2020, foi de 18,17. Este ano, os seus estudantes tiveram ainda as melhores médias a Física e Química (16,29 valores).
Embora seja habitual as escolas de música terem alunos com excelentes notas, elas destacam-se no ranking do 9.º ano. Quando chegam ao secundário, as notas não descem, mas o número de alunos sim, acabando por não ter provas em número suficiente para serem consideradas no ranking. O mesmo aconteceria este ano, já que só foram feitas 75 provas (o mínimo para entrar no ranking, antes da pandemia, era 80).
Melhores médias das escola públicas estão em Alpiarça e na Covilhã
Chama-se Escola Básica e Secundária José Relvas e fica em Alpiarça. Ali, com 73 exames feitos, os alunos conseguiram uma média de 13,41 valores, que valeu à secundária o melhor resultado entre as escolas públicas — o 49.º lugar no ranking. O ano passado, a rede estatal não conseguiu ter nenhuma escola no top 50. A pública com melhores resultados foi a Escola Básica e Secundária de Arga e Lima, em Lanheses (15,21 valores, 51.º lugar) e que nos rankings atuais se encontra em 66.ª posição.
A escola de Alpiarça dá, em relação a anos anteriores, um salto considerável: em 2020 estava na posição número 203 (com uma média de 13,63 valores e 98 provas realizadas) e, um ano antes, estava ainda mais abaixo na tabela. Com uma média de 10,28 valores e 127 exames nacionais feitos, não passava da posição 364.
O segundo lugar das escolas públicas é para a Covilhã. A Escola Secundária Quinta das Palmeiras fica em 50.º lugar, uma posição semelhante à que teve nos últimos dois anos. Em 2020, ficou em 55.º lugar com uma média de 15,12 valores e, em 2019, em 65.º lugar com uma média bastante mais baixa: 12,2 valores. Desta vez, os alunos da Covilhã alcançaram uma média de 13, 41 valores nos exames nacionais. No total, fizeram 361 provas (no ano anterior foram 418).
Mortágua, Viseu e Coimbra são os concelhos onde se encontram as escolas públicas que ficam em 3.º, 4.º e 5.º lugar, quando se exclui do ranking os colégios. A Secundária Dr. João Lopes de Morais aparece logo abaixo da Quinta das Palmeiras. A média? 13,36 valores. Nesta escola encontra-se ainda o melhor resultado nacional ao exame de Geometria Descritiva, com 20 valores. No entanto, a prova foi feita por um único aluno.
8 curiosidades (e 11 gráficos) que explicam o essencial do ranking das escolas
A secundária de Mortágua tem feito uma evolução positiva nos rankings dos exames nacionais. Em 2019 estava na posição número 226 (11,05 valores), subindo para 91.º lugar no ano seguinte (14,38). Agora, dá mais um pulo e fica na 51.ª posição.
No top 5 da rede pública cabem ainda mais duas escolas, a Secundária Alves Martins (56.º lugar) e a Secundária Infanta D. Maria (57.º lugar). A escola de Viseu costuma garantir bons resultados. Depois de em 2018 e em 2019 ter ficado na 39.ª posição, em 2020 desceu para 65.ª, mas agora volta a subir, com uma média de 13,21 valores.
A Infanta D. Maria, em Coimbra, tem um percurso semelhante. Depois de ter ficado em 33.º e 37.º lugares em 2018 e 2019, respetivamente com 12,7 e 13,12 valores, sofre uma queda no ano seguinte para o 59.º lugar (apesar de ter conseguido uma média de 15 valores). Agora, a média desce para 13,2 valores, mas, num ano de descida generalizada das médias, acaba por subir dois lugares na tabela.