885kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Os homens estão mais vaidosos?

Preconceitos, a nova geração de homens e sustentabilidade. A última conversa da série “A Moda Desconstruída” fechou em grande estilo

“O que era para velhos, agora é cool” foi uma das expressões mais usadas na última conversa que o Observador realizou a propósito da série “A Moda Desconstruída” em parceria com o Freeport Lisboa Fashion Outlet e o Vila do Conde Porto Fashion Outlet que, nos últimos meses, tem vindo a juntar alguns convidados para debater a forma como a moda tem impacto na nossa expressão social. No término deste projeto, enchemos o auditório do Observador para falar sobre esta geração de homens que está a mudar os cânones atuais, a repescar muitas tradições antigas, como a alfaiataria, e a quebrar preconceitos, como o da beleza masculina.

E os nossos convidados fecharam com graça e (muito) estilo esta série de talks. O alfaiate Paulo Battista, o ator Ricardo Carriço, a apresentadora e fashion expert Mariama Barbosa e o maquilhador Bruno Vicente, juntaram-se à consultora de moda do Freeport Lisboa Fashion Outlet e Vila do Conde Porto Fashion Outlet, Vera Deus, para falar sobre estilo masculino, evolução, moda e sustentabilidade.

Estilo: futilidade ou identidade?

Se pensarmos no que significa ter estilo ou nas pessoas que, no nosso crescimento, tiveram impacto em nós (um ator, um cantor, um amigo, o rapaz mais popular da escola), a sua influência não estava meramente centrada na forma como ele se vestia. Era toda a sua postura, a sua forma de ser e como se exprimia no mundo. “As pessoas focam-se muito no exterior e esquecem-se do interior. As pessoas que têm mais estilo são aquelas que saem da sua zona de conforto, que recebem cultura e informação, que são curiosas, que viajam. Isto constrói a sua identidade e isso vai refletir-se no seu estilo”, partilhou Ricardo Carriço, contrariando a ideia que muita gente tem de que o estilo é reflexo de futilidade. “Receber informação do mundo e trazê-la para dentro de nós ajuda a construir a nossa identidade. E isso vai refletir-se obrigatoriamente na forma como nos vestimos.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Receber informação do mundo e trazê-la para dentro de nós ajuda a construir a nossa identidade. E isso vai refletir-se obrigatoriamente na forma como nos vestimos.”
Ricardo Carriço, ator

E a roupa tem muito impacto na forma como nos exprimimos. Não serve apenas para nos aquecer e deixar confortáveis – responde, sim, a códigos sociais que vão mudando de geração em geração. Tudo na vida é cíclico e a moda é a melhor prova disso. A alfaiataria era para velhos, agora é cool. Paulo Battista partilhou um pouco da sua história e de quando foi aprender esta profissão em estado terminal: “Quando decidi aprender alfaiataria, todos os amigos gozaram comigo. Ninguém queria ser alfaiate e eu fui o último aluno de uma academia onde aquele professor não dava aulas há 20 anos. Houve muitas profissões que caíram em desuso e houve um desleixo geracional. Antigamente, os homens tinham mais cuidados, ia-se ao barbeiro todas as manhãs antes de se ir trabalhar, ao sábado ia-se ao alfaiate e cuidava-se dos sapatos. E entretanto apareceram os ténis…” Mas, entre brincadeiras, Paulo também reforçou que a necessidade da geração de hoje criou os novos alfaiates e voltou a procura por este trabalho manual e artesanal.

Mariama Barbosa não culpa o desleixo porque tudo isto é o reflexo da evolução. “Veio o prêt-à-porter (pronto a vestir) e a roupa em massa. Deixou de haver necessidade de fazer um fato ao domingo.” E o consenso geral é que parece que saltámos uma geração. As coisas dos tempos dos nossos avós voltaram a ganhar fulgor agora com netos. O homem de hoje quer marcar pela diferença e ter a sua identidade. A roupa em massa começa cada vez mais a perder força numa geração que hasteou a bandeira da sustentabilidade e que não se quer vestir como se usasse uma farda.

A matemática de vestir um homem

Vera Deus disse que é difícil para os homens não estarem bem porque há muito menos opção de escolha do que para as mulheres. Vai acabar por variar mais nas cores e estilos de peças. O maior problema dos homens, refere a especialista em consultoria de imagem, é o fit, ou seja, saber usar a roupa adequada ao seu corpo. E Paulo Battista explicou muito bem: “Adaptar um fato à medida de cada homem é muito mais do que moda. Tudo é cortado na proporção do corpo. É quase matemática e geometria. Quando os homens ganham barriga têm tendência a usar tamanhos maiores para a tentar esconder. Mas isso só dá a impressão de volume ainda maior.”

“Adaptar um fato à medida de cada homem é muito mais do que moda. Tudo é cortado na proporção do corpo. É quase matemática e geometria."
Paulo Battista, alfaiate

Dica dos especialistas: a roupa não é para fazer ginástica. Não temos que nos mexer dentro dela. “Na consultoria de imagem também ensinamos muitos destes truques”, partilha Vera Deus. “Casacos mais curtos vão dar a ideia de pernas maiores, por exemplo, trabalhamos uma vertente idêntica para adaptarmos a roupa a cada pessoa.” E saber vestir é mais do que usar marcas ou tendências. É saber adaptar as peças que um homem gosta ao seu corpo e personalidade.

Feios, porcos e maus?

Todos os nossos convidados concluíram que esta, sim, é uma afirmação que caiu em desuso. Mariama Barbosa explicou: “Talvez aqui em Portugal ainda não estejamos muito habituados a este novo homem que se arranja, que se depila, que se maquilha. A geração dos nossos pais apenas usava um aftershave.” Mas a evolução também nos faz ir buscar coisas ao passado. “Se pensarmos bem, a maquilhagem foi criada para homens e, noutros tempos, eram os homens que se maquilhavam. Ainda há o preconceito de que homem que é homem não se maquilha mas na geração mais nova começa a ser cada vez mais banal”, partilhou Bruno Vicente.

E quando falamos de cuidados de beleza, calma, não falamos de máscaras de pestanas ou unhas de gel para homens. Mas se o homem de antigamente ia ao barbeiro todos os dias, o homem de hoje tem uma preocupação cada vez maior em tratar do seu cabelo, da barba, das olheiras. “Há uma grande diferença no cliente masculino de hoje que está a ganhar uma quota grande no mercado da beleza. E eventualmente já se cuidam mais do que as mulheres. Uma mulher vai ao salão de três em três meses e um homem pode ir, sem dúvida, de mês a mês”, salientou o maquilhador.

“Há uma grande diferença no cliente masculino de hoje que está a ganhar uma quota grande no mercado da beleza. E eventualmente já se cuidam mais do que as mulheres"
Bruno Vicente, maquilhador

E na moda? “Um homem pode não ligar à moda mas tudo aquilo que compra já foi pensado por alguém. Por mais que um homem diga que não se interessa por moda, saberá certamente do que gosta ou não. E isso já é importar-se com a forma como se veste”, partilhou Mariama Barbosa.

Sustentabilidade: o futuro da moda?

O público que estava a assistir a esta conversa tocou na ferida. Como usar a moda de forma consciente? A indústria têxtil é a que mais polui e com os outlets, como o Freeport Lisboa Fashion Outlet e o Vila do Conde Porto Fashion Outlet, tem-se conseguido escoar muita coisa mas a verdade é negra: mais de dois terços do que se produz vai para o lixo. E a geração de hoje procura mudanças. A maior sustentabilidade é comprar menos e não melhor, conceito que as marcas estão a deturpar com coleções conscientes e “green” que continuam a aumentar o problema: somos uma geração demasiado consumista.

Qual a solução? Comprar com qualidade. “A roupa vintage está na moda também para os homens mas só quando tem qualidade para sobreviver. Somos nós os culpados porque compramos fast-fashion e vivemos para o momento. Se comprarmos bem, a roupa dura e vamos ter muita roupa vintage para usar durante anos e anos”, esclareceu Mariama Barbosa. E Paulo Battista concordou:

“Antigamente os carros duravam dez anos, as mobílias de casa talvez quarenta anos. O consumo de hoje é assustador porque tudo é descartável. Comprarmos coisas sustentáveis é enganar um problema, temos é de comprar menos. Um fato por medida gera menos desperdício porque só faço o que o cliente quer. E um bom fato pode passar de geração em geração.”

O futuro da moda não é ter muita roupa. É ter peças com qualidade. Hoje temos os outlets onde podemos encontrar peças boas a um preço mais acessível e que vamos usar durante anos. E se não pode fazer um fato por medida, há outras soluções. “O melhor amigo de um homem é o alfaiate”, concluiu Mariama Barbosa. “E pode não ter dinheiro para um fato feito de raiz e à medida mas pode comprar um bom fato num outlet por um preço mais acessível e depois levá-lo a um alfaiate que o adapte à medida do seu corpo.”

O que nunca pode perder? A sua identidade. Tudo aquilo que veste acaba por estar relacionado com a sua personalidade. Não se esforce demasiado, não queira seguir todas as tendências porque nem todas as roupas se adaptam a todos os corpos e personalidades. E quando nos mantemos fiéis a nós próprios, as coisas assentam de outra forma.

“A Moda Desconstruída” é uma iniciativa do Observador e do Freeport Lisboa Fashion Outlet e o Vila do Conde Porto Fashion Outlet. 

Saiba mais em https://observador.pt/seccao/a-moda-desconstruida/

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.