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Álvaro Isidoro / Global Imagens

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"Sei que vou ser alguém importante naquilo que é o futuro do FC Porto". Vítor Baía sobre o futebol, a televisão e os objetivos

Foi titular da Seleção Nacional, ganhou a Liga dos Campeões com o FC Porto e agora é apresentador de televisão. Vítor Baía esteve na Rádio Observador para falar do passado, do presente e do futuro.

Foi um dos jogadores mais populares do futebol português, com um percurso feito sobretudo no FC Porto, interrompido apenas pela passagem pelo Barcelona entre 1996 e 1999. Na Seleção Nacional, foi o guarda-redes titular durante a década de 90 e até aos primeiros anos do novo milénio, altura em que acabou por ficar de fora das opções de Luiz Felipe Scolari e falhou o Euro 2004 depois de ganhar a Liga dos Campeões com o FC Porto. Vítor Baía esteve na Rádio Observador a conversar com João Alexandre e Ana Filipa Rosa.

 [Veja o vídeo da entrevista de Vítor Baía na Rádio Observador:]

Depois do futebol, está agora na televisão, no Canal 11, a apresentar um programa. Como é que está a correr?
Muito bem, está a exceder as expetativas. Estou muito animado, é um novo projeto. Houve muita formação, muitos treinos, muitos ensaios… O canal está no caminho certo, tem gente extraordinária e muito experiente. O Nuno Santos toda a gente conhece, não necessita de apresentações. Depois, somos diferenciadores e temos uma mensagem muito positiva, tratando muito bem o desporto, que é o mais importante.

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Sobre essa formação necessária para chegar até este momento: o que foi mais desafiante? Ler o teleponto?
Por acaso o teleponto foi a última parte e até me saí bem. Agora, cair quase de pára-quedas num estúdio onde tinha que improvisar e anunciar determinadas notícias desportivas foi um momento de caos e que, digo sinceramente, me levou a repensar. No primeiro dia ainda pensei em telefonar ao doutor Fernando Gomes e ao Nuno Santos, agradecer-lhes muito, mas dizer que se calhar não ia dar. Mas, como sou uma pessoa de convicções e sou muito focado nos desafios, como nunca entro para perder, no dia seguinte já estava muito mais calmo.

As conferências de imprensa que foi dando ao longo da carreira de futebolista ajudaram a perder o medo das câmaras?
Muito. Sem dúvida alguma. Isso foi a minha primeira preparação, mas aí com uma pressão extra porque, quer queiramos quer não, o desporto, e neste caso o futebol, tem uma repercussão tremenda, e nós estávamos sempre sob grande pressão. Nos clubes grandes temos uma equipa de comunicação sempre aqui a buzinar, quase que a direcionar-nos àquilo que devemos falar em determinados momentos, estrategicamente, como é lógico, mas em determinados momentos. Aqui não, aqui é quase uma viragem e uma abordagem muito mais profissional e direcionada.

Cair quase de pára-quedas num estúdio onde tinha que improvisar e anunciar determinadas notícias desportivas foi um momento de caos e que, digo sinceramente, me levou a repensar. No primeiro dia ainda pensei em telefonar ao doutor Fernando Gomes e ao Nuno Santos, agradecer-lhes muito, mas dizer que se calhar não ia dar.

E já tinha se imaginado nesse papel? A partir do momento em que deixou de lado as luvas tinha pensado logo que poderia seguir este tipo de carreira?
Sinceramente, sempre me senti muito calmo como comentador. Mas só a olhar naturalmente para os vossos colegas e ver aquilo… [simula um corte no pescoço]. Em termos de orientação e organização, aquilo era mais complexo, o próprio teleponto, a forma como alguns abordavam este tema, outros sem teleponto… Ou seja, havia sempre aqui as duas escalas, aquela mais à vontade e espontânea, sem teleponto, e aquela mais formal e com teleponto. Eu vejo-me naquela que não é formal, aquela mais relaxada, até que, no meio daqueles ensaios todos, cheguei à minha praia, comecei a comandar e a direcionar o meu programa, porque fazíamos os nossos testes e era mesmo com comentadores. Comecei a direcionar quase como se estivéssemos numa conversa de café, portanto, comecei a entrar na minha praia.

Ou seja, informal mas rigoroso.
Exatamente. Agora estamos a crescer, comparar o primeiro programa com este último já é uma evolução positiva, já nos sentimos cada vez mais à vontade e sinto-me mais à vontade e bem disposto, que é o que é preciso num momento como aquele.

Acha que o futebol não tem sido tratado com respeito pela comunicação social nos últimos tempos?
Acho que há um exagero tremendo naquilo que são as avaliações da jornada e as questões de arbitragem. Isso, quer queiramos quer não, não é o caminho certo, não é através desse caminho que se credibiliza um desporto que queremos que seja uma marca forte e credível. E para potenciarmos aquilo que é nosso, para o colocarmos noutra esfera de excelência, não podemos estar constantemente a enxovalhá-lo e a maltratá-lo. E infelizmente, em quase todos os programas desportivos, é exatamente isso que acontece. Chacota, gozo, quase que a roçar o malcriado e não só, atingindo naturalmente uma classe, que são os árbitros que erram. Neste momento já não só os árbitros, são os árbitros e o VAR. Temos de nos centrar naquilo que é verdadeiramente importante, que é o jogador.

Vítor Baía foi o guarda-redes titular da Seleção Nacional durante os anos 90 e o início do novo milénio

Getty Images

E foram essas condições que impôs a si próprio e também ao canal no momento de aceitar o convite?
Não foi necessário, é essa a política do canal. Uma coisa é dizer “nós vamos seguir esta linha” e depois passado um mês já estamos aí por outros caminhos à procura de protagonismo.

A ditadura das audiências…
É mesmo isso, a questão das audiências. Somos fiéis àquilo que é a nossa política, que é a filosofia do canal e, conhecendo as pessoas como conheço, não vamos sair minimamente dela e vamos ajudar e mudar a face do futebol português. Tanto masculino como feminino e as modalidades que também estão ligadas, o futsal e o futebol de praia. Mas dando uma conotação muito positiva das pessoas, para conhecê-las verdadeiramente, o que lhes vai na cabeça, o que é que as pessoas pensam, aqueles que amam verdadeiramente o futebol. E depois tratar os jogadores, os jovens jogadores, com a qualidade que eles merecem, dando-lhes também o relevo que eles merecem e potenciando-os. A Liga Revelação é mesmo isso e também o Campeonato Nacional de Portugal é uma excelente montra para determinados jogadores, para se poderem mostrar e depois poderem ir para patamares de maior exigência.

Também já neste programa, o Camisola 11, fez a pergunta a Scolari. Uma pergunta que estava na cabeça de muita gente, sobre estar convocado no Euro 2004. Ficou satisfeito com a resposta? É um assunto encerrado?
É um assunto encerrado. Sabem que temos sempre ali alguém, a nossa alma gémea, a buzinar-nos ao ouvido e era giro porque a minha alma gémea ia dizendo “não, não faças a pergunta, deixa lá, já passou”, e eu ia sorrindo e as pessoas iam pensando que eu estava a sorrir porque estava a ouvir o Scolari a responder a outra questão. E eu estava a sorrir porque no meu íntimo já estava tudo programado, porque eu já sabia que ia fazer a pergunta. Eles estavam a começar a desconfiar, por me verem tão à vontade. Fiz a pergunta de uma forma muito descontraída também, não há qualquer tipo de rancor. Naturalmente, na altura, ser campeão da Europa e não ser convocado foi notícia durante muito tempo.

Para potenciarmos aquilo que é nosso, para o colocarmos [ao futebol] noutra esfera de excelência, não podemos estar constantemente a enxovalhá-lo e a maltratá-lo. E infelizmente, em quase todos os programas desportivos, é exatamente isso que acontece. Chacota, gozo, quase que a roçar o malcriado.

Também para um Campeonato da Europa que chegava a Portugal…
Não era normal. Mas está completamente ultrapassado. Tanto que falamos, já tínhamos falado noutras ocasiões, e não há qualquer tipo de rancor. Saímos todos prejudicados, é uma realidade. Portugal saiu prejudicado, eu saí prejudicado, o senhor Scolari saiu prejudicado, mas já passou, somos pessoas de bem, não sou pessoa de rancores nem de outro tipo de sentimentos que não sejam os sentimentos bons.

Mas mesmo não guardando rancor, olha para esse momento como um dos momentos mais duros da sua carreira?
Sim, isso não posso dissociar. As lesões e esse momento são os mais duros da minha carreira.

Estreou-se na Seleção aos 21 anos. Como é que vê a Seleção hoje?
Muito bem. O Fernando Santos está a fazer um trabalho extraordinário naquilo que são as questões técnicas. E depois temos uma estrutura fortíssima. Quem nos dera, à nossa geração, ter uma organização como esta, ter um presidente como este, ter um CEO como o atual. Depois, há toda uma estrutura que é realmente muito profissional e muito conhecedora e muito competente. Esta é que é a grande realidade e é por isso que o êxito está ali ao virar da esquina.

A seleção portuguesa em que participou mais assiduamente, principalmente nos anos 90, poderia ter tido outro percurso com outro tipo de organização, outro tipo de suporte?
Não tenho dúvida. O nosso suporte e a nossa organização era amadora, pura e dura. Os únicos profissionais eram os jogadores. Nós não tínhamos sítio para treinar, andávamos sempre com a casa às costas. Estávamos nas grandes equipas e nas melhores equipas do mundo: eu estava no Barcelona, o Secretário estava no Real Madrid, o Figo estava no Real Madrid e no Barcelona, portanto, ou num ou noutro; o Paulo Sousa estava na Juventus, o Fernando Couto estava no Parma ou no Barcelona… Só aqui neste bocadinho, percebem-se os jogadores dessa geração. De repente juntámo-nos todos, tivemos a sorte de nascermos todos na mesma geração e na mesma época. Tínhamos tudo para poder vencer, não temos dúvidas nenhumas, mas depois havia sempre algo que falhava.

Uma geração desse calibre que falha, por exemplo, o Mundial de França em 1998.
Isso é imperdoável e sentimos isso. O que aconteceu naquela situação, como a do [Marc] Batta, o árbitro, com o Rui Costa e a expulsão [o médio foi expulso e Portugal acabou por empatar com a Alemanha, num jogo que se tornou decisivo para o falhanço na qualificação para o Mundial]. Ali há algumas situações que nos custaram a digerir, mas não foi esse o fator principal. O fator principal tem a ver com a forma como as empresas estão organizadas, porque a Federação não deixa de ser uma grande empresa, e como depois potencia os seus ativos. Nós, infelizmente, tínhamos um Campeonato do Mundo, o do Japão e da Coreia, sem o presidente [Gilberto Madaíl] ter ido uma única vez a esse Campeonato.

O antigo guarda-redes conquistou a Liga dos Campeões com o FC Porto, em 2004, sob o comando técnico de José Mourinho

AFP/Getty Images

Um Campeonato do Mundo que não correu nada bem.
Como é que pode correr bem um Campeonato do Mundo se o principal líder não aparece? E em que todos os problemas que tivemos tiveram de ser resolvidos por terceiras pessoas que não eram o presidente. A partir daí, está tudo dito, não é?

Sente que é uma inspiração para muitos jovens que hoje estão a começar no futebol? Que conselhos é que deixaria?
Se calhar mais aos pais, treinadores, dirigentes. Vivemos numa época de grande pressão. A gestão das expetativas é algo que obrigatoriamente tem [de exigir] aos pais, treinadores e dirigentes uma preocupação muito grande. Nem todos podem ser jogadores de alto rendimento e nem todos podem ser jogadores de topo. Aqui o principal é prepararem os vossos filhos, os nossos filhos, para que tenham, cada um na sua área, uma preponderância importante na sociedade. Quando transmitimos uma pressão excessiva, quando depositamos nos nossos filhos quase que o nosso Euromilhões e queremos obrigatoriamente que os nossos filhos sejam jogadores de topo para que possam ganhar muito dinheiro…

E às vezes compram sonhos que eram nossos, não é?
Exatamente, esse é o grande problema. Criar uma pressão tremenda nos jovens que pode deixar marcas perigosíssimas no seu crescimento e na sua formação enquanto cidadãos de grande valor. A Federação lançou uma campanha que é o “Deixa Jogar”, que é incrível.

A propósito do fair play, não é?
E da reação dos pais em relação àquilo que é a performance dos filhos e a intromissão dos pais no trabalho dos treinadores ou dos dirigentes. Às vezes com repercussões ainda maiores e com uma linguagem ainda mais agressiva do que aquela que vimos ali.

Basta ir a jogos ao fim de semana.
E vemos tudo isso. Por exemplo, o meu pai foi uma vez ver um jogo meu nos Iniciados, um Leixões-FC Porto. A minha mãe foi insultada do início ao fim do jogo e o meu pai nunca mais foi. Eu adorava treinar, adorava estar com os meus colegas, adorava aquele ambiente, tinha e tenho uma paixão tremenda pelo futebol. Agora imaginemos que o meu pai me acompanhava diariamente depois daquele susto que apanhou no Leixões, como era o objetivo, e depois confrontava o treinador ou o dirigente com a minha ausência ou com o facto de eu não ser titular. Se calhar não estaria aqui com a carreira que atingi, porque em determinado momento já não estaria no FC Porto, porque iria haver conflitos e iria haver choques de opiniões e o principal prejudicado seria eu. Porque o meu pai, como meu pai, o que é que iria fazer? Dizia “Ó filho, tu aqui não estás a fazer nada, vai para outro sítio”. Se calhar deixava de fazer aquilo de que mais gostava naquele momento e no clube que amava e que amo.

Vivemos numa época de grande pressão. A gestão das expetativas é algo que obrigatoriamente tem [de exigir] aos pais, treinadores e dirigentes uma preocupação muito grande. Nem todos podem ser jogadores de alto rendimento e nem todos podem ser jogadores de topo.

E às vezes mesmo até os mais apaixonados perdem a paciência neste tipo de situações.
Exatamente. Este é só um exemplo meu, não pensem que pelo facto de serem sempre titulares na formação têm via direta para serem jogadores do topo. Eu só joguei o primeiro porque não havia ninguém, era só eu, e havia um outro que era bem pior do que eu. Depois joguei o último, mas aí já joguei porque era o melhor. Depois faço a transição direta para os Séniores, ou seja, com 18 anos estava a ser titular do FC Porto. Ok, com uma lesão do Józef Młynarczyk [guarda-redes polaco do FC Porto no final da década de 80], mas estava. Aos 19 anos era titular indiscutível. Durante esta minha formação, o que é que eu fiz? Desfrutei. Deixem os miúdos crescer num ambiente saudável, deixem-nos desenvolver todas as suas aptidões, mas de uma forma saudável, a crescer.

E há muitos exemplos de jogadores que tiveram muitas dificuldades em dar esse salto das camadas jovens para o futebol sénior.
Isso mesmo. Agora também há essa questão e é por isso é que há ali um gap que foi preenchido com as equipas B e os Sub-23. No processo competitivo é de grande importância para os jovens, para que se preparem mais e melhor para o que aí vem. O mundo sénior é um mundo de grande competitividade, muito exigente, e onde só os mais fortes sobrevivem, não tenho dúvida nenhuma.

E no seu caso, sempre soube que queria ser guarda-redes?
Sim, é um facto, desde miúdo que tinha um fascínio pela baliza. Passados estes anos não tenho problema nenhum em afirmar que nasci para ser guarda-redes, tenho aptidões, tinha aptidões [risos], intrínsecas, de difícil explicação, mas que nasceram comigo e que me davam tranquilidade. Uma vontade em determinados momentos que até eu próprio questionava como é que era possível ter conseguido resolver determinados problemas bem difíceis, com simplicidade e com processos que naquela altura já estavam muito acima do que era a minha idade. Porque era moda, na altura, os guarda-redes só começarem a ser titulares das grandes equipas a partir dos 27, 28 anos, porque era quando atingiam a maturidade. Eu comecei com 19 anos.

E nunca pensou ser treinador?
Não vou dizer que não. Mas já viram o que passa quem treina jogadores? [risos] Não é fácil.

Ainda por cima quando a idade do treinador não é muito diferente da idade dos jogadores.
É verdade. Sei do que estou a falar porque, realmente, a melhor profissão que existe é a de jogador de futebol. Treinamos uma vez, duas vezes por dia, no máximo duas aulas, depois temos todo o tempo livre. Temos muitos estágios, temos alguns sacrifícios familiares e isso é o mais duro da nossa profissão, mas depois temos uma coisa muito boa: fazemos o que adoramos e não temos que nos preparar logo para o próximo jogo. O treinador nem dorme, porque acaba o jogo e já está na conferência de imprensa a preparar, a saber sobre o que vai falar, porque já está a preparar o próximo jogo. Depois chega a casa e vai ver o que aconteceu para no dia seguinte falar com os jogadores. Durante a semana já se está a preparar para o jogo e isto não é só uma vez, isto é o ano todo. Se repararem, quando eles começam e depois quando acabam o ano, como é que eles estão? As feições já estão cada vez mais desgastadas… O cabelo não porque o meu também está branquinho, mas é uma profissão de grande desgaste. Não me deu para isso. Podia ter dado mas segui a parte académica, fui tirar o curso de Gestão do Desporto.

Em 2017, com Ronaldinho Gaúcho, durante um jogo de antigas estrelas

TASS via Getty Images

Aos 38 anos, não foi?
Exatamente, 20 anos depois de ter iniciado a minha carreira e ter abandonado os estudos, com 18 anos. Fui para a faculdade também a fugir dessa ligação. Depois de tantos anos, chegar à faculdade e ver miúdos ainda no início da sua vida académica a depararem-se comigo, do tipo “e agora, como é que eu vou o tratar?”. Mas a simplicidade tudo ajuda.

Vamos subir alguns degraus na hierarquia. Já falámos da sua fase de jogador, das escolinhas, dessa questão de ser ou não treinador, mas há a questão de sempre: e a presidência do FC Porto? André Villas-Boas, por exemplo, que falou disso há pouco tempo, mostrou essa disponibilidade, essa ambição de ser presidente. Para o Vítor Baía isto é ponto assente: tem também essa ambição de um dia ser presidente do FC Porto?
Eu sei que vou ser alguém importante naquilo que é futuro do futebol do FC Porto, disso não tenho dúvida absolutamente nenhuma. Depois há uma coisa muito importante que é a paixão que tenho pelo clube. Não vou fugir disso, é uma realidade, é uma relação umbilical. Foram muitos e bons momentos que passei no FC Porto e naturalmente que estarei atento. Tem um presidente e espero que continue durante mais tempo e vai chegar o momento de uma transição, vai chegar o momento de mudanças. Também digo que não vai ser nada fácil, vai ser muito complicada essa mudança.

Mas o que quer dizer é que no fundo não se vai esconder nesse momento de sucessão de Pinto da Costa?
Nem posso, como pessoa atenta ao fenómeno e como gosto do FC Porto. Nem posso. Todos aqueles que gostam verdadeiramente do FC Porto não se podem esconder nunca.

Como é que assiste a essas movimentações dentro do clube?
Temos aquilo que é a estrutura, o clube já está há muitos anos organizado de determinada forma e, bem ou mal, é a forma como acharam adequada para o futuro do FC Porto. Tudo aquilo que vier no futuro, tudo aquilo que possa vir no futuro, será para abrir o FC Porto para outros mercados e para potenciar ainda mais a marca FC Porto, porque os êxitos desportivos estão aí, não nos podemos dissociar daquilo que foram os êxitos. Uma coisa são os êxitos desportivos e a gestão da equipa de futebol, outra coisa é a forma como o clube está organizado e a forma como pode ser potenciado, a marca pode ser valorizada ainda mais. São duas questões completamente diferentes. Aí, na parte da valorização da marca, há muito trabalho a ser desenvolvido para tornar o clube apelativo e de dimensão mundial. Em relação à equipa principal, no último Campeonato não estivemos tão felizes como há um ano, em que o FC Porto foi campeão nacional, e agora é um novo ciclo, nova equipa, para ver se conseguem chegar ao objetivo principal que é o de ser campeão nacional.

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