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Ria de aveiro
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Ria de Aveiro, créditos: Turismo do Centro

Ria de Aveiro, créditos: Turismo do Centro

Um roteiro de 3 dias para ver e sentir a região de Aveiro

Uma bicicleta ou bom calçado de caminhada é tudo o que precisa para descobrir uma das regiões mais completas de Portugal.

Diz-se que existem três formas de conhecer Aveiro: a pé, de bicicleta ou de barco. Nesta região de Portugal onde a natureza ocupa lugar de destaque, viaja-se por lagoas, bosques, areais, canais, passadiços e pela famosa Ria, a foz do rio Vouga, habitada por uma vasta e fascinante variedade de fauna e flora. Aos largos quilómetros de trilhos e rotas junta-se ainda uma gastronomia feita de sabores fortes e doces assim como alguns dos elementos mais icónicos da identidade portuguesa.

Neste artigo partilhamos consigo um roteiro de 3 dias que lhe mostrará porque é que vale a pena conhecer melhor a região de Aveiro. Uma escapadinha que tem tudo para se tornar verdadeiramente memorável.

Dia 1. À descoberta a pé ou em duas rodas.

Os vários quilómetros de ciclovias, centros de BTT e trilhos pedestres, e o pioneirismo na implementação da mobilidade ecológica ajudaram a atribuir a Aveiro o título de “Região da Bicicleta”. De facto, as duas rodas é uma das melhores formas de descobrir as suas encantadoras paisagens naturais e fascinante património cultural e histórico.

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Na cidade de Aveiro encontra 350 bicicletas elétricas (BUGAs) que poderá utilizar gratuitamente para descobrir a cidade a qualquer dia da semana. Já na Ria de Aveiro, os três percursos inseridos na Grande Rota levá-lo-ão a descobrir – de bicicleta, a pé ou de barco – um ecossistema único em Portugal. Descarregue a aplicação da Grande Rota para descobrir os 3 percursos independentes que a compõem. Com extensões entre os 130 e os 234 km, os percursos azul, dourado e verde atravessam florestas, zonas de sapal, vinhas e campos agrícolas, levando-o a conhecer algumas das cascatas mais espetaculares do país e o património arquitetónico de algumas das cidades mais importantes da região.

No concelho da Murtosa, a Rota dos Cais, inserida no projeto NaturRia, permite-lhe conhecer paisagens, património e costumes locais assim como observar aves de uma forma tranquila, num passeio de bicicleta que o leva de cais em cais.

Para quem prefere as caminhadas, os Passadiços de Aveiro são a escolha perfeita. Com uma extensão de 7 km, acompanham a Ria de Aveiro, proporcionando momentos inesquecíveis ao nascer ou ao por do sol. Pelo caminho poderá aproveitar para admirar a vista ou simplesmente descansar um pouco num dos muitos bancos de madeira decorados com expressões aveirenses. Se viaja com a família ou se ainda não está preparado para uma distância tão longa, poderá sempre optar pelo mini-percurso de 2 km que se estende do Cais de São Roque, em Aveiro, até ao Cais da Ribeira de Esgueira.

  • Surf Aveiro
  • Cais da Ria
    Fernando Romão

Dia 2. Da ria ao mar

O segundo dia deste roteiro é dedicado à descoberta das paisagens naturais locais, e em especial a Ria de Aveiro, o grande cartão de visita da região. Ao longo de 45 km, a Ria proporciona momentos únicos de aventura ou descontração, em paisagens tão diversas como bosques, canais, lagoas, praias e planícies.

No Roteiro “A Volta à Ria de Aveiro em 80 Experiências”, lançado pela Comunidade Intermunicipal de Aveiro, encontra experiências tão diversas como a observação das inúmeras espécies de aves que fazem da Ria o seu habitat; a descoberta da região vitivinícola dos vinhos da Bairrada; a visita à Pateira de Fermentelos – a maior lagoa natural da Península Ibérica ou a exploração da Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto.

Na cidade de Aveiro, um passeio de moliceiro nos canais que atravessam a cidade é uma experiência quase obrigatória. Mas sabia que estes barcos esguios, decorados com desenhos tradicionais coloridos alusivos a crenças populares ou factos históricos, nem sempre foram usados como atração turística?

De facto, no século XIX os moliceiros eram usados para apanhar o lodo que existia na Ria, conhecido por moliço, que após seco ao sol, era usado como fertilizante nos campos agrícolas locais. Com o tempo, os adubos químicos acabaram por substituir a utilização do moliço, tornando os moliceiros obsoletos, até um dia terem sido transformados em barcos de turismo. A história e tradição que lhes está associada permanece, no entanto, viva, estando o moliceiro hoje a caminho da classificação de Património Imaterial pela UNESCO.

Caso visite a região no final de junho, início de julho, não perca ainda a oportunidade de assistir à Grande Regata dos Moliceiros, o grande destaque do Ria de Aveiro Weekend, um evento anual com a duração de 3 dias, que reúne cerca de 50 eventos ligados à cultura, património, desporto, artes e gastronomia local, distribuídos pelos 11 municípios que compõem a região de Aveiro.

Para fazer surf ou simplesmente tomar longos banho de sol e dar alguns mergulhos refrescantes, inclua no seu roteiro a belíssima Praia de São Jacinto – localizada junto ao Canal da Barra, nos limites da Reserva Natural das Dunas de São Jacinto; a Praia da Barra – onde desagua a Ria de Aveiro e onde se encontra o farol mais elevado do país, o Farol da Barra; assim como a Praia da Costa Nova – conhecida pelas suas casas de madeira decoradas com riscas coloridas, descendentes dos antigos palheiros em tempos usados como armazém e abrigo pelos pescadores locais.

  • Fernando Romão
  • Fernando Romão
  • Cais criativo
    Fernando Romão

Dia 3. À mesa com os melhores sabores locais

No terceiro dia o roteiro leva-o a descobrir os melhores sabores da região. Começamos por um dos grandes ex-libris gastronómicos locais: os famosos ovos-moles de Aveiro. Nascidos no Convento Jesus de Aveiro – um dos mais antigos conventos do país, pelas mãos das freiras que o habitavam, a receita, baseada numa mistura de ovos e açúcar envolta por uma camada fina de hóstia em forma de conchas, búzios, peixes ou amêijoas, foi passando de geração em geração, apresentando-se ainda hoje como um dos grandes cartões de visita locais.

Para prová-los, nada melhor do que uma visita a uma das várias confeitarias da zona do Rossio, em Aveiro, com vista para os edifícios de Arte Nova que ocupam o centro da cidade e para o canal central da Ria. E se o interesse for mais além do que a simples degustação, na Oficina do Doce poderá aprender a confecionar este doce único.

Continuando na doçaria existem pelo menos mais cinco doces que não poderá deixar de provar: as raivas, cujo sabor e crocância provêm de uma receita com mais de duzentos anos; as tripas, uma massa cozida que pode ser servida simples ou recheada com chocolate ou ovos-moles e polvilhada com canela; os cartuxos, um pão de ló amassado com chocolate em forma de cilindro, recheado com ovos-moles e finalizado com um toque da chantilly no topo; os turcos, biscoitos de culto na região; e o famoso pão-de-ló de Ovar que surpreende com um interior húmido.

Dos sabores doces, seguimos para alguns dos melhores e mais conhecidos pratos típicos da região como a Caldeirada de Enguias (apanhadas nas águas da Ria), a Caldeirada de Peixe, a Raia em Molho Pitau e o bacalhau – servido das mais variadas formas. No que toca a carne, o afamado leitão à Bairrada e a chanfana de borrego ou de cabrito, são algumas das estrelas locais.

Na Murtosa aproveite para visitar o Museu de conservas da Comur onde descobrirá a impressionante história da tradição local da conserva de enguias. A zona foi durante décadas um grande abastecedor de enguias fritas para a zona costeira e interior de Portugal. Com o surgimento da Fábrica de Conservas Comur, a distribuição expandiu-se para o exterior, tendo as famosas enguias de escabeche da Murtosa sido inclusive fonte de alimento para as tropas de Mussolini durante a II Guerra Mundial.

O roteiro está feito, resta-lhe apenas marcar no seu calendário a data de partida. Com Aveiro aqui ao lado, não há como resistir a uma escapadinha que se adivinha memorável.

Saiba mais sobre este projeto em 
https://observador.pt/seccao/centro-de-portugal/

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