A floresta da Amazónia no Brasil costuma surgir nas notícias pelas piores razões, especialmente quando está a arder. Mais recentemente, surgiu uma publicação com uma fotografia de uma pepita de ouro a ser pesada. Na legenda lê-se o seguinte: “Fotografia rara de uma ‘girafa’ da Amazónia, salva pela Polícia Federal.”
O título é irónico e prende-se à acusação do autor de que os organismos internacionais como as Organizações Não Governamentais só estão interessados naquela região por causa do seu ouro. “Estes são os ‘bichos’ que mais preocupam os organismos internacionais que têm ONG’s na Amazónia”. A pepita de ouro estaria, supostamente, a ser transportada para fora do país. Trata-se, no entanto, de uma publicação falsa.
Através de uma pesquisa com recurso à ferramenta Google Images — que permite traçar o histórico de uma imagem —, é possível chegar a um artigo da ABC News australiana. O artigo correspondente mostra que a fotografia partilhada nesta publicação não foi tirada no Brasil mas sim em Vitória, na Austrália, em 2016. “Pepita de ouro que pesa mais de quatro quilos foi encontrada em Vitória Central”, lê-se no cabeçalho da notícia.
Essa descoberta foi feita na parte sul do Triângulo Dourado daquela região — que, segundo conta o Australian Geographic, foi o local onde decorreu a primeira corrida ao ouro naquele país em 1850 –, numa zona operária, de acordo com as informações divulgadas pelo Minelab, empresa que trabalha em máquinas de deteção para prospeção. A pessoa que descobriu a pepita de ouro fazia pesquisas destes materiais há dez anos. Também o fact-checker brasileiro Aos Fatos verificou a publicação original e classificou-a como sendo falsa.
Esta notícia da pepita dourada teve algum eco em diferentes meios de comunicação social à volta do mundo. Tanto na Globo (que noticiou recentemente mais casos semelhantes na Austrália) como na Mashable. Fica-se então a saber que a pessoa preferiu manter-se anónima e que escondeu a pepita durante algum tempo. Foi depois supostamente escondida num cofre. Poderia valer até cerca de 250 mil dólares mas o valor foi sendo diferente em cada órgão de comunicação social. Ficou com a alcunha de “Friday’s Joy”.
O Aos Fatos acrescentou ainda que esta publicação falsa circulou nas redes sociais no final de 2019. O Boatos.org dá também uma nota importante: não são citados dados credíveis naquela publicação que sustentem aquilo que foi divulgado como sendo verdadeiro.
Conclusão
Não é verdade que tenha sido encontrada uma pepita de ouro na Amazónia, que depois foi enviada para as ONG’s que costumam debruçar-se sobre aquela região. A fotografia, que é verdadeira, foi, de facto, divulgada nas redes sociais mas diz respeito a uma descoberta de 2016 na Austrália. Vários fact-checkers internacionais desmentiram a publicação original e outros tantos jornais registaram a descoberta.
Quanto à ferramenta Google Images, que rastreia a origem de imagens, é possível encontrar diferentes resultados que direcionam para a notícia sobre a descoberta australiana.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.