“Esta pessoa faz parte do sindicato mais vermelho da história do Brasil e criou uma conta no Twitter alguns dias atrás para simular ser bolsonarista? Realmente estão a agir como amadores para criar uma narrativa que não cola de jeito nenhum.” É assim que começa uma publicação de 29 de dezembro de 2022 que partilha um tweet que, por sua vez, partilha novo tweet sobre George Washington Oliveira de Souza, o alegado suspeito de terrorismo anteriormente mencionado. Trata-se, no entanto, de uma publicação falsa.
Em primeiro lugar, é preciso dizer que a publicação, em si, é bastante confusa. Refere o nome de uma pessoa que, à partida, e fazendo uma busca na internet, não é conhecida. Depois, não vem associada a nenhum artigo que explique melhor a que história se refere. Numa pesquisa mais aprofundada, é possível perceber que o autor está a falar do homem que, a 25 de dezembro de 2022, planeou um atentado terrorista em Brasília, sendo um confesso bolsonarista, ou seja, apoiante do antigo presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Essa parte da publicação é, afinal, verdadeira.
Como conta a AFP Checamos, que também verificou uma publicação semelhante, vários apoiantes de Bolsonaro começaram a levantar a hipótese de o alegado terrorista ser, afinal, “um infiltrado de esquerda” associado a Lula da Silva, o novo presidente do Brasil. É levantada, portanto, a hipótese, do homem ter integrado o sindicato de funcionários da Petrobras, empresa de petróleo envolvida num dos maiores escândalos de corrupção do Brasil.
A AFP chegou à conclusão, através de um contrato direto com aquela empresa, de que George Washington não faz parte dos quadros do seu sindicato. O sindicato em questão, que dá pelo nome de Federação Única dos Petroleiros, também publicou uma nota em que dizia, usando a exata imagem da publicação original, de que George Washington não é, afinal, membro do seu sindicato. Essa conclusão também vem partilhada no fact check feito pela agência Reuters. Oliveira de Souza é, afinal, trabalhador de uma bomba de gasolina no Pará que viajou até Brasília depois das várias tentativas de Bolsonaro para colocar em causa a legitimidade das eleições presidenciais de 2022.
Conclusão
Não é verdade que o suspeito de terrorismo e apoiante de Bolsonaro seja membro do sindicato do Petrobras. Trata-se de uma manipulação feita por uma publicação de redes sociais. Vários fact-checkers já desmentiram estas informações. Entretanto, o sindicato da empresa de petróleo do Brasil já veio desmentir que o homem em questão tenha feito alguma vez parte daquela organização de trabalhadores.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.