Um vídeo que circula nas redes sociais mostra uma antena aparentemente camuflada numa árvore. O utilizador que o partilha quer, ao fazê-lo, mostrar que se trata de uma torre de 5G escondida. Mas além do vídeo estar descontextualizado, as antenas de telecomunicações deste género já existiam antes de se falar da quinta geração de internet móvel. A primeira antena escondida numa árvore foi construída em 1996, na Cidade do Cabo, na África do Sul.

A publicação em causa foi feita no dia 22 de junho

No vídeo de pouco mais de 20 segundos, é filmada aquilo que parece ser uma árvore. No entanto, no topo da árvore é visível aquilo que aparentam ser antenas. Em inglês, ouve-se a voz masculina a dizer: “Isto não é uma árvore. Isto é uma torre de 5G.” O utilizador que partilha o vídeo, repete a mesma teoria: “Parece uma árvore inofensiva, só que não! Isso é uma torre de 5G camuflada!”. E camuflada porquê? A resposta a esta pergunta leva-nos ao ponto central da publicação. As supostas antenas de 5G estariam disfarçadas porque “a aceitação” destas torres por parte da população “não está a ser muito positiva”. Daí que, alega-se, se tenha optado por escondê-las por entre os ramos de árvores.

Primeiro, há que ter em conta que o vídeo está completamente descontextualizado: não há informação sobre a data ou sequer local onde foi gravado. Pelo que não se percebe de onde é retirada a conclusão de que se trata de uma torre de 5G, nem sequer a pessoa que o filmou explica como chegou a ela.

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Depois, disfarçar antenas de telecomunicações em árvores é uma prática que remonta à década de 1990 —  muito antes de existir a quinta geração de internet móvel —, de acordo com a revista Wired. A primeira torre camuflada numa árvore foi criada por Ivo Branislav Lazic, que trabalhava para a empresa de telecomunicações sul-africana Brolaz Projects, e pelo seu colega Aubrey Trevor Thomas, quando ambos foram contratados pela também sul-africana Vodacom para resolver o problema da poluição visual na Cidade do Cabo. Foi assim que, em 1996, nasceu a primeira antena disfarçada numa árvore. Neste caso, uma palmeira: a torre Palm Pole.

Desde então, por todo o mundo foram construídas estas falsas árvores — uma solução para reduzir o impacto visual das antenas de telecomunicações que atraiu até alguns fotógrafos. Um deles, o alemão Robert Voit, fotografou antenas deste género, numa coleção que apelidou de “New Trees” (“Novas Árvores”, em português), nos Estados Unidos, Reino Unido, África do Sul, Itália e até Portugal.

A fotógrafa norte-americana Annette LeMay Burke lançou mesmo o livro “Fauxliage”, com imagens de torres de telecomunicações que foram projetadas para se misturar com o ambiente envolvente: além de árvores, há catos e até cruzes de igrejas que são na verdade antenas. Para o livro, Annette LeMay Burke percorreu o oeste norte-ameciano e encontrou antenas do início dos anos 2000 — mais uma vez, muito antes de se falar do 5G.

Muito se tem especulado sobre a quinta geração da internet. O Observador já inclusive tinha feito um fact check sobre esta temática, nomeadamente a uma publicação que afirmava que era a cobertura 5G que estava a provocar as mortes associadas à Covid-19. Mas não é uma cobertura de rede mais rápida que estava a matar milhares de pessoas, mas sim o vírus.

Fact Check: É a cobertura 5G que está a provocar as mortes associadas ao coronavírus?

Conclusão

Circula nas redes sociais um vídeo que mostra uma antena aparentemente camuflada numa árvore, cujo autor afirma tratar-se de uma torre de 5G escondida. Desde logo, o vídeo está descontextualizado: não há informação sobre a data ou sequer local onde foi gravado.

Além disso, as antenas de telecomunicações deste género já existiam antes de se falar da quinta geração de internet móvel. A primeira antena escondida numa árvore foi construída em 1996, na Cidade do Cabo, na África do Sul.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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