É mais que evidente que vivemos num mundo cada vez mais conectado, atento e competitivo, onde não só as pessoas e as empresas, mas também as regiões, as cidades  e o património são encaminhadas para um posicionamento ativo pela captação de relevância e atenção dos mais diversos quadrantes da sociedade nacional e internacional.

Num ato industrioso de sobrevivência e defesa dos valores locais, de discutível inspiração das práticas pioneiras de António Ferro, as cidades tornam-se marcas que as sublinham pelas suas valências e características únicas. Fazem aplicar e ajudam a definir aquilo que hoje se designa por marketing territorial que, mediante a projeção de ideias e valores, procura atrair visitantes, investimento, talento e (não menos importante) novos cidadãos.

Já defendido como uma das soluções para a desertificação do interior, o place branding (como também é vulgarmente designado o marketing territorial) capitalizada não só de benefícios do exterior mas ambiciona promover um estado de coesão social, um sentido de unidade civil, uma bandeira com que o comum munícipe se possa identificar. Mas, mais do que uma bandeira, um nome.

A atribuição de nomes às cidades e regiões não é novidade, sendo um fenómeno muitas vezes orgânico, fruto das virtudes aparentes da região: Guimarães, conhecida como Berço da Nação e Porto, a cidade Invicta; são dois bons exemplos. Já Lisboa – Cidade das Sete Colinas ou A Veneza Portuguesa (alcunha carinhosamente atribuída a Aveiro), denotam uma inequívoca inspiração da geografia e topologia local.

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Mas nem todas as cidades ou regiões têm, efetivamente, a sorte de possuir características de grande relevo histórico ou natural. A colocação em evidência dos produtos locais (como em Fundão, Capital da Cereja) ou das atividades industriais (como é exemplo São João da Madeira, apelidada de Capital do Calçado). E eis que ao chegar às  “capitais”, entramos no tópico que nos trouxe aqui: a “primeira capital” é a do móvel..

Paços de Ferreira é conhecido como o “berço do móvel” em Portugal, com uma fortíssima indústria de fabrico de mobiliário, que remonta a várias gerações, desde a saudosa década de 1980. A marca Capital do Móvel, trazida à luz pelo génio do ex-autarca Arménio Pereira, surge como uma plataforma estratégica promotora do setor industrial e da oferta turística associada ao mobiliário de muitíssima qualidade produzido na nossa região.

Será, certamente, através de fortes ações de marketing e eventos diversos, que acredito ser possível atrair visitantes nacionais e internacionais interessados em conhecer e adquirir produtos de qualidade fabricados em Paços de Ferreira, como já aconteceu no passado. A marca Capital do Móvel representa uma oportunidade para promover o design e a inovação tecnológica no setor, estimulando a competitividade e os produtos e trabalho diferenciadores produzidos na região.

Em 2024, a marca Capital do Móvel completará 40 anos, e esta celebração é, também, uma oportunidade única para homenagearmos o seu fundador, Professor Arménio Pereira, e destacarmos a sua importância na criação e desenvolvimento da marca que colocou o concelho no mapa. É pelas palavras de quem teve o privilégio de lidar com ele, que podemos afirmar que Arménio Pereira revelou-se (sem ainda haver termo para isso) pioneiro em Marketing Territorial em Portugal deixando a marca nas várias gerações seguintes pela sua humildade e forma de liderar – próxima das pessoas, com empatia e dignidade.

É inegável que a marca Capital do Móvel teve um impacto significativo no concelho de Paços de Ferreira, contribuindo para o desenvolvimento económico e para a criação de emprego na região. Além disso, foi a Capital do Móvel que ajudou a posicionar Paços de Ferreira como um destino turístico para os amantes de mobiliário e design, atraindo visitantes de todo o país e além fronteiras.

Neste contexto, a necessidade de dar continuidade à promoção da marca Capital do Móvel é evidente. A celebração do 40º aniversário da marca que mudou gerações – não apenas ao nível local, mas a nível nacional, é uma oportunidade para renovar o compromisso com a marca e com a indústria de móveis em Paços de Ferreira, procurando formas de inovar e de se adaptar às tendências e aos desafios do mercado global.

At least, but not at last, a marca Capital do Móvel representa uma oportunidade única e extremamente valiosa para Paços de Ferreira se conseguir destacar como um centro importante na indústria do mobiliário em Portugal e tornar-se uma atração turística para quem procura qualidade e autenticidade na compra de mobiliário.

É fundamental impulsionar e fortalecer a nossa marca territorial, por esta desempenhar um papel essencial para o sucesso regional no mundo globalizado e altamente competitivo em que vivemos.

Ema Assunção Pereira é Doutoranda em Médias Digitais na FEUP, Assessoria & Consultoria | Brand Humanizer

Mário Dominguez Silva é Diretor Criativo, Consultor e Professor Universitário e PhD em Digital Media Art