Já no longínquo ano de 2011 afirmava, enquanto comentador, na descontinuada versão portuguesa da revista Focus, que é desde pequenino que se ensina o menino, aludindo à necessidade premente de educar as nossas crianças e jovens para a responsabilidade ambiental. Ora, passado uma década tenho de reformular a premissa de que para termos melhor ambiente e mais saúde em Portugal, temos de educar também os nossos políticos, partidos e movimentos para que estes sejam mais responsáveis e preocupados, não apenas em ganhar um lugar de deputado, vereador ou presidente, mas com o mundo que os rodeia, um mundo que é de todos, durante todos os dias do ano.

Refiro-me às eleições autárquicas do passado dia 26 de setembro e ao espetáculo degradante que são as nossas estradas, jardins, rotundas, prédios, monumentos e outros locais inusitados, com cartazes e outdoors ainda por retirar! Quando o nosso sistema educativo tenta incutir nas crianças que o ruído não é apenas sonoro mas também visual, é exatamente isso que teimam em desconstruir os nossos representantes (e candidatos a representantes) com este espetáculo vergonhoso que pelo nosso País fora jorra.

É motivo para questionarmos: sujamos a nossa casa para dar de jantar a quem queremos convencer que somos a melhor escolha e depois deixamos a loiça suja e a restante bagunça espalhada durante dias, semanas, quem sabe…meses? Já não bastam os cartazes e outdoors de publicidade, que selvaticamente estão colocados em tudo que é domínio público e sem qualquer controlo das nossas autoridades? Somos os melhores do mundo na vacinação e na luta contra esta pandemia, graças aos excelentes profissionais de saúde que formamos, mas temos muito a aprender em outras e com outras realidades. Na República da Irlanda, por exemplo, os candidatos a uma qualquer eleição têm uma semana (isso mesmo, 7 dias) para retirar toda a publicidade, caso contrário, terão de indemnizar o erário público com uma coima de 150 euros por cada local onde a mesma permaneça. É caso para perguntar: até quando as nossas cidades e vilas vão parecer uma feira de sábado de manhã onde o belo que tanto temos a oferecer é ofuscado pelo efémero que deveria ser?

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