Um estudo recente, realizado pelo Instituto Europeu de Patentes (EPO) sobre a incidência do género feminino nas invenções, deu conta de que menos de uma em cada sete inventores são mulheres. Números que refletem a média europeia no período entre 2010 e 2019, para a qual Portugal contribuiu com uma incidência muito superior, na verdade mais do dobro. Por outras palavras, na Europa, em média, 13,2% dos inventores são mulheres, já em Portugal essa percentagem ascende aos 26,8%.

De acordo com os dados do EPO WIR – Women Inventor Rate, as inventoras portuguesas colocaram Portugal no segundo lugar da lista dos Estados Membros da Europa (26,8%), num ranking liderado pela Letónia, com 30,6% de mulheres no mundo das invenções. A Croácia posiciona-se em terceiro lugar (25,8%), seguida da Espanha (23,2%) e da Lituânia (21,4%).

Estas percentagens são relativamente recentes, no entanto, já no passado, embora não tendo certamente engrossado estatísticas, as mulheres destacavam-se com invenções que mudaram a vida de todos nós.

Falemos de Ada Lovelace (1815-1852), uma matemática inglesa que foi considerada a primeira programadora informática. Ada compreendeu que uma máquina analítica – hoje chamamos-lhe computador – é capaz de seguir uma série de instruções e realizar cálculos complexos. Em 1843, fez anotações detalhadas num artigo do matemático e engenheiro italiano Luigi Federico Menabrea, “Elementos da máquina analítica de Charles Babbage” (1842), que foram consideradas excelentes. Para Ada Lovelace, esta máquina “tece padrões algébricos como o tear de Jacquard tece flores e folhas”. A primeira linguagem de programação acabou mesmo por receber o seu nome.

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Umas décadas mais tarde, e do outro lado do Atlântico, a americana Letitia Mumford Geer (1852-1935) depositou um pedido de patente, concedida em 1899, para uma nova seringa, que apenas necessitava de uma mão para ser utilizada na administração de um fármaco a um doente. Um objeto que revolucionou os cuidados de saúde, pelo que as seringas de hoje são inspiradas na ideia original de Letitia. E numa altura em que lidámos com o pós-covid19, em que muito devido aos esforços da vacinação pudemos controlar a propagação e a gravidade da doença utilizando biliões de seringas nascidas pela mão de Letitia Geer, a ela, em parte, o devemos.

Josephine Cochrane (1839 – 1913) foi a mulher que inventou a primeira máquina de lavar loiça. Depois de se mudar para Illinois, a inventora estadunidense reparou que a lavagem da loiça, então feita manualmente, deixava frequentemente os pratos e outros utensílios lascados. Começou então a conceber um dispositivo de lavagem que dispensava o manuseamento da loiça durante o processo. Mas como a maioria dos meios de aquecimento de água das habitações da época não tinham capacidade para fornecer a quantidade de água quente que a máquina necessitava, o boom só ocorreu após a década de 1950.

São exemplos de três mulheres com vidas decorridas em épocas diferentes daquelas que conhecemos, e que contribuíram com a sua criatividade, inteligência e capacidade inventiva para o mundo de hoje. Várias ideias inovadoras que, fruto da experiência e necessidade pessoal, foram e continuam a ser aplicadas à escala global.