Escrevo este texto como reflexão em torno da forma de viver da presente sociedade ocidental, na busca incessante de necessidades desnecessárias ou ao encontro do lugar em que não se está, apesar de, quase sempre, oferecer piores condições de vida. Constato, também, que no comportamento alimentar não fugimos dessa toada, à procura do alimento milagroso possibilitador do impossível ou da contradição do “alimento que emagrece”. A insatisfação pessoal gerada pela fantasia do impossível leva ao logro de práticas alimentares inconcebíveis, como a “dieta do abacate” ou a “dieta do limão”, para além das dietas temporais dos “y” dias capazes do inatingível, bem como de “produtos naturais”, todos eles com consequências no agravamento do estado psicológico individual e social e no defraudar dos propósitos.
Isto sucede pelo constante bombardeamento de informação não processada no reino da alimentação, como dietas surreais que confrontam o real, constituídas por “gordura magra”, nunca se percebendo que o melhor programa de emagrecimento é não engordar e, muito melhor do que tratar doenças, é evitá-las.
Na prática clínica, os pacientes devem ser levados ao cuidado na escolha dos alimentos, de modo a satisfazer sempre as necessidades nutricionais, desviando-os de planos alimentares muito restritivos, tanto em energia como em diversidade de alimentos, que estão sempre na origem de carências que debilitam o estado de saúde. Esta sensibilização, além de garantir o equilíbrio biopsicossocial, vai ao encontro das correções que cada um tem de efetuar para melhorar a sua autoestima, quer no aspeto estético, quer no estado global de saúde.
Neste sentido, é urgente levar a sociedade a entender que a Natureza é implacável connosco, ou seja, que temos de mudar os estilos de vida, sob pena de, a médio prazo, termos a sobrevivência da nossa espécie em risco. Para o impedir, basta sermos naturais, optando pelo reforço da atividade física e por escolhas alimentares saudáveis, assegurando-se o prolongamento da nossa juventude ou, se quiserem, o retardamento do envelhecimento.
A procura do alimento milagroso é completamente estéril, pois ele não existe. Todos os alimentos saudáveis são importantes, quando ingeridos num quadro harmonioso. O alimento completo resulta da ingestão equilibrada de muitos alimentos, respeitando a geografia e cultura em que cada um está inserido, por forma a garantir as exigências do organismo e, assim, a promoção da saúde.