Apesar de estarmos ainda no mês de novembro, já se sente no ar o inconfundível aroma do Natal. Num tempo em que a azáfama do quotidiano parece avolumar-se, com crises globais, políticas e sociais a crescerem sem tréguas, o Natal aproxima-se como uma oportunidade singular de contemplação e conexão com o nosso íntimo e com os que nos rodeiam.

Os conflitos entre a Ucrânia e a Rússia, assim como os recentes episódios entre a Palestina e Israel, são dolorosas manifestações das tensões geopolíticas que persistem nas diferentes partes do mundo, pelo que se torna essencial um compromisso renovado com a diplomacia e os direitos humanos para encontrar soluções pacíficas que considerem as aspirações de todos os envolvidos.

Devemos honrar com profunda gratidão aqueles que, mesmo nas sombras da adversidade, irradiam coragem e resiliência. As vítimas destes conflitos e os que enfrentam a fome e a pobreza diária são faróis de esperança numa escuridão implacável. A sua resiliência perante a adversidade é um testemunho notável da verdadeira força do espírito humano perante as agruras da vida. É um convite diário para valorizarmos o que possuímos e agirmos com compaixão e solidariedade para com aqueles que enfrentam diariamente encruzilhadas tão árduas.

O Natal transcende a mera efeméride, sendo um período impregnado de significados intangíveis, que exala aromas e texturas que vão muito para lá do material.

É uma celebração que, no seu âmago, nos convoca a estarmos plenamente presentes, numa ânsia pelo amor incondicional que brota de cada gesto.

Neste Natal, convido-o a desligar-se do frenesim laboral e a permitir-se que a chama do amor ilumine cada instante, refugiando-se sobretudo na serenidade e no descanso, se possível, nos braços que nos confortam.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A verdadeira essência do Natal reside na entrega total, na capacidade de estarmos presentes de corpo e alma, afastando-nos de tudo o que nos rouba a tão almejada paz.

Se a comunicação é a base de tudo, então neste Natal, mais do que trocar presentes, devemos ser e estar presentes.

Gestos simples, como um sorriso acolhedor, um cumprimento sentido ou um singelo “obrigado”, têm o poder de irradiar alegria e significado, muito para lá de qualquer luxuoso embrulho.

É fundamental reservarmos tempo para aqueles que escolhem partilhar o seu tempo connosco. Num mundo em constante movimento, termos a capacidade de abrandar e dedicar atenção genuína aos outros e a nós mesmos é o maior presente que podemos oferecer.

O verdadeiro espírito natalício vai muito além do materialismo. Trata-se de dar sem esperar retorno, ajudar sem necessidade de reconhecimento público e inspirar através do exemplo, de forma discreta e silenciosa.

A verdadeira liderança não se firma em posições ou comparações, mas sim na capacidade de inspirar e motivar, uma pessoa de cada vez.

São esses líderes que iluminam os nossos dias, dando significado aos momentos de saudade e partilha. São esses momentos que já vislumbramos ao pensar no Natal: os momentos em família, os abraços sob a chuva e o frio, os reencontros nos aeroportos com os que há tanto não víamos, as flores deixadas para os ausentes na mesa — mas presentes nos corredores dos hospitais, e os jogos de tabuleiro à volta das mesas, tão significativos e tão nossos.

Porque é desses momentos e das pessoas que os tornam memoráveis que nos lembramos, não dos presentes que recebemos.

A vida não é definida por prémios ou conquistas profissionais, mas sim pela capacidade de trazer felicidade a nós e aos outros — é sobre sermos melhores não apenas para nós, mas para todos na nossa esfera.

Este Natal, celebremos os verdadeiros líderes dos nossos corações, os que dão sentido a esta época mágica.

Dia 23, saia do escritório mais cedo e apague a luz em todos os sentidos ao trabalho e vire-lhe literalmente as costas! Que possamos todos praticar a arte de estarmos verdadeiramente presentes – não apenas nesta época festiva — mas durante todo o ano — pois este é o maior presente que podemos oferecer àqueles que amamos e ao mundo que nos rodeia.