E se fosse possível tratar portadores de doença tendo em conta as suas necessidades específicas, com medicamentos desenhados e adaptados exclusivamente à sua própria biologia? Ou disponibilizar terapêuticas especificamente direcionadas para um determinado alvo? Em tempos tema de ficção científica é hoje já realidade e tem o potencial de revolucionar os cuidados de saúde como os conhecemos. E tudo graças ao poder da biotecnologia, um mundo de infinitas possibilidades e onde a evolução tem sido imensa e a uma velocidade nunca antes vista, traduzida no desenvolvimento de terapêuticas direcionadas, da medicina personalizada e de tecnologias e tratamentos inovadores para doenças consideradas incuráveis.
Sabemos que a nossa abordagem atual tem falhas e que cada doente, ou mais especificamente, cada um com a sua doença, é único. Isto significa que nem todos vão responder aos tratamentos desenhados para uma maioria. Aliás, há hoje já dados que confirmam isso mesmo: que os atuais medicamentos convencionais e não direcionados só funcionam para um terço de todos os doentes com cancro, para três em cada dez pessoas com Alzheimer e apenas para metade dos que vivem com diabetes. Ou seja, esta é uma abordagem que é urgente alterar e a biotecnologia é um instrumento essencial para trilhar este caminho.
Falamos de medicina de precisão, a qual pode ser usada para tratamentos, exames médicos e diagnósticos para os quais a rapidez é um imperativo cada vez maior, mas falamos também de outro dos exemplos do potencial transformador da biotecnologia, o qual passa pela edição genética.
Aqui, aos cientistas e investigadores é aberta a possibilidade de alterarem o ADN de um organismo para adicionar, remover, substituir ou modificar material genético em locais específicos do genoma, o que permite, por exemplo, corrigir uma sequência associada a uma doença grave. Uma ferramenta com potencial de combater doenças como a leucemia, a fibrose quística ou a esclerose múltipla.
Mas há mais. A biotecnologia desempenha ainda um papel essencial na abordagem de alguns dos desafios de saúde globais mais prementes, os quais passam pelo combate a doenças infecciosas, a epidemias do mundo moderno, de que o desenvolvimento em tempo recorde de uma vacina eficaz contra a Covid-19 é uma boa ilustração, bem como pela luta contra a resistência aos antibióticos.
O futuro está repleto de quase infinitas possibilidades neste campo onde são cada vez mais importantes os esforços de colaboração com governos, instituições académicas e outras empresas de biotecnologia que têm demonstrado o potencial incomparável das soluções biotecnológicas. Conhecemos bem este potencial e, ao longo dos nossos 90 anos de história em Portugal, temos também nós contribuído para esta revolução na biotecnologia, cujo caminho para o que é uma nova era na medicina não está isento de desafios, mas deixa antever conquistas que podem verdadeiramente mudar a vida de todos nós.