As perspetivas de emprego em Portugal para o início de 2024 são positivas, embora com um abrandamento em relação a 2023, de acordo com o estudo “Employment Outlook Survey 1ºT 2024”, realizado pelo ManpowerGroup a partir de uma amostra de empresas de diferentes setores da economia nacional. A projeção para a criação líquida de emprego deve registar uma queda de sete pontos percentuais, um abrandamento causado pela incerteza económica e pelas tensões geopolíticas que se têm verificado nos últimos tempos.

Apesar deste cenário mais cauteloso, a maioria das empresas planeia aumentar as suas equipas. A Grande Lisboa destaca-se como a região mais propensa a contratar, sendo as Médias e Grandes Empresas as mais interessadas em reforçar as suas equipas nos primeiros três meses de 2024. No entanto, é importante notar que a maior parte das empresas de construção em Portugal são pequenas empresas, pelo que sentem dificuldade acrescida em atrair profissionais. Ainda assim, o setor da Construção Civil, que tem uma importância significativa no conjunto da economia nacional, também se mantém positivo, enfrentando um desafio histórico: a falta de mão-de-obra qualificada.

Dependendo do prisma, podemos analisar esta realidade como um problema ou uma oportunidade, uma vez que impulsiona a adoção de novas tecnologias e métodos construtivos, por via da robótica e da automação. A construção pré-fabricada é disto mesmo um bom exemplo, diminuindo a carga de mão-de-obra necessária, no caso das casas modulares.

As empresas podem também contrariar a falta de trabalhadores qualificados promovendo a formação interna e o desenvolvimento profissional das equipas existentes, para que adquiram as competências necessárias para um melhor desempenho das suas funções, ao mesmo tempo que investem na revisão de salários e benefícios com potencial para tornar o setor mais atrativo.

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A grande procura de habitação (principalmente nos maiores centros urbanos) e a falta de oferta de construção nova fazem com que haja uma necessidade crescente de obras de reabilitação e remodelação no edificado. Parte das novas gerações está a ocupar espaços deixados por gerações anteriores, o que remete para uma necessidade acrescida de reabilitação nos locais onde a disponibilidade de casas é cada vez menor.

Além de todos estes fatores, é também importante que o Governo assuma um papel ativo na resolução do entrave que a falta de profissionais coloca às empresas, criando condições favoráveis ao desenvolvimento do setor e à atração de recursos.

Embora se trate de um desafio crescente, a projeção de criação líquida de emprego sugere que o mesmo continuará a gerar oportunidades de emprego no curto prazo. Com um esforço conjunto de todos os intervenientes, o setor poderá superá-lo e contribuir para o desenvolvimento económico e social do país.