O metro de Lisboa é angustiante. E quem disser o contrário é porque não anda nele.

Nesta rede de transporte público, paga pelo público (e não povo porque gosto de pleonasmos), as luzes fundem-se numa neblina sombria que torna a viagem uma espécie de comemoração rasca do Halloween. No metro, as escadas nem sobem para cima, nem descem para baixo, qual quadro da Relatividade! Só que no metro nada é relativo, tudo é absoluto. Há escadas rolantes que estão avariadas há meses.

Se for falta de dinheiro, eis uma sugestão radical e/ou capitalista, que poderá incomodar os financeiros mais conservadores, mas as sugestões são circunstanciais.

Que tal vender uns quantos espaços publicitários nas carruagens? Sempre seriam fonte de rendimento, trariam alguma vida ao azul já gasto e enjoativo, e poupavam-nos aos solitários e deprimentes cartazes institucionais com datas passadas e tags de desinteresse absoluto.

E já agora, que tal construir uma divisão? Não para nos dividir dessa maneira que o leitor mais sensível possa ter pensado, mas para, simplesmente, facilitar a circulação em algumas estações? Por exemplo, um corrimão que simplifique a vida de quem sobe e de quem desce. Aposto que quem anda de metro já sentiu a frustração de querer descer com pressa mas não conseguir por esbarrar num muro de pessoas. Um dos raros casos em que a divisão é boa para evitar muros de pessoas.

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O ‘Mister Coins’ faria melhor serviço público se, em vez de andar a prestar vassalagem num histerismo histérico ao Mr De Niro – nem sequer percebendo que se estivesse a falar com o ‘Jimmy’ era um dos primeiros a ser limpo por estar a ser um mau rapaz – estivesse ainda mais empenhado em passar a gestão do metro para a administração da Câmara. Sei que está a ser feito um esforço nesse sentido, mas é preciso mais empenho. Talvez o ‘Jimmy’ devesse ter ficado mais uns dias.

Finalmente, não quero deixar passar esta oportunidade para deixar uma nota de repúdio – tipo deputado – contra o metro circular. É escandaloso não se ter priorizado o acesso a áreas mais suburbanas da cidade. No sentido inverso, priorizou-se uma obra no miolo privilegiado de Lisboa. E ainda há quem tenha o descaramento de querer obrigar os que vêm de longe a não andar de carro. Pusessem os franceses a pedalar.

Gostaria de convidar a Administração do metro a ir dar um giro pelos túneis que gerem, assim na desportiva. Preferencialmente, em dia de plenário e de manhã. Se os responsáveis quiserem vou com eles, ou então peço só que me deixem ir ao plenário porque adorava saber o que por lá se discute de tão mais importante do que servir os lisboetas.

Recentemente houve greve. Nada contra o direito à greve, mas querem fazê-la, façam como no Japão: abram as cancelas e não deixem de fazer o serviço com dignidade porque os outros não têm nada a ver com os problemas que existem e têm de ir trabalhar para viver e, claro, pagar a parte da sua contribuição.