Nos últimos anos, a descarbonização e a transição para as energias renováveis têm dominado, de forma gradual, o discurso global sobre sustentabilidade e futuro energético. No entanto, é importante clarificar os benefícios e desafios associados a esta transição, para reforçar a importância de uma economia mais verde e afastar ideias erradas.

Uma dúvida persistente é de que as energias renováveis, como a solar e a eólica, são incapazes de fornecer energia de forma constante e eficiente. É uma dúvida muito válida. Para responder, é necessário equacionar os avanços tecnológicos e estratégias de gestão inovadoras que tornam essas fontes cada vez mais viáveis e competitivas. A eficiência dos painéis solares e das turbinas eólicas aumentou significativamente. Para além disso, têm aumentado os projetos de armazenamento, como baterias de lítio, que permitem armazenar o excesso de energia produzida, recorrendo a esta quando a produção é menor.

Projetos como o Hornsdale Power Reserve na Austrália com 150 MWh, o maior projeto de baterias de lítio do mundo, tem mostrado que grandes sistemas de armazenamento podem responder rapidamente a quedas na produção e estabilizar a rede elétrica.

Em Portugal, um país com abundantes recursos solares e eólicos, tem-se vindo a provar que o recurso a estas fontes de energia é uma solução viável e sustentável e o novo governo promete desenvolver uma Estratégia Nacional de Armazenamento de Energia até 2026.

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Outra dúvida comum prende-se com os custos iniciais de implementação de soluções de energia renovável, assumindo-se que são um dos fatores de bloqueio para as empresas. Embora o investimento inicial possa exigir um esforço financeiro, os benefícios a longo prazo superam, notoriamente, esses custos iniciais. A energia solar fotovoltaica e outras tecnologias renováveis podem reduzir significativamente as contas de energia e proteger contra a volatilidade dos preços. Além disso, existem várias empresas de serviços energéticos que podem desenvolver o projeto na totalidade, incluindo o investimento. O benefício deste caminho relativamente a incentivos e subsídios disponíveis em Portugal, é que para além da componente financeira, estas empresas acrescentam know-how estratégico. As empresas que adotam estas tecnologias encontram frequentemente, um retorno sobre o investimento mais rápido do que o esperado.

É importante salientar que a responsabilidade pela descarbonização não recai apenas sobre os governos e grandes organizações internacionais. As empresas têm um papel fundamental neste processo. Projetos de autoconsumo, eficiência energética e mobilidade elétrica não só contribuem para a redução das emissões de carbono, como também proporcionam vantagens competitivas, com custos operacionais mais baixos. Empresas que lideram pelo exemplo demonstram um compromisso com a sustentabilidade, atraindo clientes e investidores que valorizam práticas ambientais responsáveis. A descarbonização deve ser vista como uma oportunidade para inovação e crescimento, e não como uma imposição penosa.

A transição para energias renováveis e a descarbonização não é uma moda, mas sim uma necessidade imperativa para assegurar um desenvolvimento equilibrado e um futuro sustentável para todos.

Escrevo este texto como forma de incentivar mais empresas a embarcar nesta mudança, reconhecendo que a sustentabilidade é viável e essencial para o sucesso a longo prazo.