À semelhança de quase todos os setores, o ensino tem enfrentado desafios com a internacionalização e, nos últimos anos, temos assistido a uma corrida dos alunos internacionais às instituições de ensino superior português. Num mundo em transformação, passámos a ter uma educação sem fronteiras em que, para além de se assegurar a formação do estudante, elevámos também o nome de Portugal, através da partilha de conhecimentos e experiências, dos métodos e da excelência do nosso ensino.

No contexto nacional, verificou-se uma forte aposta das instituições para acompanhar esta mudança de paradigma e acolher cada vez mais estudantes internacionais. Prova disso são os dados revelados pela Direção-Geral da Estatísticas da Educação e Ciência, relativos ao ano letivo 2022/2023, que indicam que Portugal recebeu quase 70 mil alunos internacionais – um aumento bastante considerável em comparação com o ano de 2013, no qual tivemos cerca de 31 mil jovens a estudar no nosso país. Estes números devem ser realçados não só pelo impacto no setor, mas também pelo esforço das entidades de ensino superior na implementação de uma estratégia operacional que visa o reconhecimento, a promoção das atividades de investigação, a melhoria das instalações e ainda a cooperação internacional.

A era tecnológica acelerou esta crescente dimensão internacional, na qual a troca de informação entre as instituições e os alunos encurtou a distância entre os mesmos. Os estudantes passaram a ter variadas áreas e opções à sua disposição e, como resultado das várias parcerias entre as instituições de ensino superior português e internacionais através de programas de mobilidade, estes começaram a ser mais criteriosos na seleção das organizações em relação à qualidade de ensino. Posto isto, como é que uma faculdade se pode destacar no panorama educativo?

Um dos fatores que tem grande influência na decisão dos jovens internacionais é o facto de as instituições facultarem cursos bilingue, uma vez que, imposta a barreira linguística, o processo de aprendizagem pode estar comprometido. Por outro lado, temos o compromisso social e os objetivos de desenvolvimento sustentável que também impactam a perceção dos estudantes quanto à missão da universidade perante a comunidade – por exemplo, prestar cuidados de saúde à população através de clínicas em que os alunos têm uma participação ativa, a integração em projetos de investigação ou a participação em ações de sensibilização têm peso na hora da escolha da instituição. Além disto, a capacidade de valorizar a diversidade e promover a inclusão também é tido em conta, pois, neste caso, é importante que os jovens se sintam integrados no ambiente académico. Por fim, a inovação tecnológica é preponderante, visto que os alunos optam por realidades que não só sejam estimulantes, mas também semelhantes às do mercado de trabalho.

Esta nova conceção de ensino com a vinda de alunos internacionais tem também impacto a vários níveis no nosso país, como, por exemplo, o crescimento económico devido ao estímulo no mercado imobiliário, turismo, comércio local e serviços diversos. Para além disso, as diferentes origens culturais enriquecem a diversidade cultural do país, criando um ambiente mais inclusivo, trazem diferentes perspetivas que melhoram o ambiente académico e contribuem para uma educação mais abrangente e dinâmica. A afluência de alunos e de um corpo docente internacional e o investimento num ensino tecnológico dignificam cada vez mais a qualidade do ensino superior português, o que é percetível através dos vários rankings disponibilizados que aferem que as instituições portuguesas têm um papel importante neste panorama. Neste sentido, é natural que o número de alunos internacionais em Portugal continue a aumentar, com a ideia sempre presente de que a educação e o trabalho com jovens são elementos-chave para promover valores comuns, fomentar a integração social, melhorar a compreensão intercultural e o sentido de pertença a uma comunidade. Por outro lado, é importante referir que a coexistência de alunos nacionais e internacionais é o futuro do nosso sistema de ensino, isto porque em tempos de mudança precisamos de nos reinventar e acompanhar as tendências.

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