Todos conhecemos o impacto na sociedade e na economia decorrente da subida galopante das taxas Euribor. A mudança das regras de acesso ao crédito habitação, a 16 de outubro, é, por isso, uma boa notícia para quem pensa em comprar casa, demonstrando uma postura mais flexível por parte das autoridades reguladoras em relação aos critérios de avaliação de risco para empréstimos imobiliários.
Ao reduzir para metade a chamada “taxa de stress”, um dos indicadores que os bancos têm em consideração quando avaliam um pedido de empréstimo bancário para a compra de casa, cresce o número de famílias que passam a ter a oportunidade de obter financiamento para adquirir as suas próprias casas ou melhorar as suas condições habitacionais.
Este alívio da taxa de esforço ajusta-se, e bem, à realidade atual das taxas de juro, que levou a que muitas famílias – que antes encaixavam no perfil de bons clientes bancários – ficassem impedidas, por pequenas margens, de aceder ao crédito habitação por apresentarem um rácio Debt-Service-to-Income (DSTI) acima dos valores estipulados pelo Banco de Portugal.
Mas são mais os aspetos positivos. A mudança das regras pode ser particularmente importante para dinamizar o mercado imobiliário, já que o aumento das taxas de juro no crédito habitação, os elevados preços dos imóveis e o impacto da taxa de esforço na concessão de crédito conduziu a um arrefecimento generalizado da procura de casas.
Com as taxas Euribor ainda em rota ascendente, seguramente que este é um tema que continuará a dar que falar no futuro. Apesar dos aspetos positivos desta flexibilização, é crucial que as instituições financeiras e intermediários de crédito permaneçam vigilantes e apliquem práticas responsáveis na concessão de empréstimos. Não nos podemos esquecer que o crédito habitação é um encargo com um peso muito elevado no orçamento familiar durante um longo período e, por isso, para evitar os cenários de endividamento bem conhecidos do passado, é fundamental garantir que o crédito concedido está de acordo com suas reais condições económicas de cada um.