Celebra-se hoje pela primeira vez o dia nacional do Enfermeiro de Reabilitação pelo que penso ser de legitima justiça falar um pouco de Reabilitação e do contributo ímpar que os Enfermeiros Especialistas de Reabilitação têm no sistema de saúde em Portugal.
A Reabilitação como conceito e intervenção especializada começou a discutir-se nos Estados Unidos no final da década de 30 do Séc. XX embora só em 1947 tenha sido oficialmente reconhecida como especialidade médica. Com a sua consolidação sentiu-se a necessidade de conceber um serviço especializado de reabilitação na década de 50 do Séc. XX, sendo, por este motivo criado no Centro de Reabilitação de Alcoitão uma Escola que em 1965 iniciou o I Curso de Especialização em Enfermagem de Reabilitação em Portugal.
Servirá, pois, esta pequena introdução para (re)afirmar que Enfermagem de Reabilitação enquanto Especialidade já existe há 57 anos. Somos cerca de 5000 Enfermeiros de Reabilitação e todos os dias promovemos a autonomia, potenciamos o autocuidado e auxiliamos as pessoas doentes ou com deficiência a ter uma vida melhor, mais independente e socialmente ativa em todos os contextos.
Estes princípios estão bem vincados, quer na academia (onde para além de sermos Enfermeiros fazemos uma especialização que nos garante o grau académico de Mestre e conhecimentos altamente diferenciados), quer nos documentos regulamentares produzidos pela Ordem dos Enfermeiros onde se reafirma que o Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação intervém em todas as fases da vida, em todos os contextos da prática clínica e em todos os contextos de vida da pessoa, nomeadamente na preparação do regresso a casa, na continuidade de cuidados e na reintegração da pessoa no seio da comunidade, promovendo a mobilidade, a acessibilidade e a participação social.
Os Enfermeiros de Reabilitação estão em todos os contextos da prática clínica. Nos Hospitais, nos Centros de Reabilitação, nos Cuidados de Saúde Primários, em casa das pessoas.
Atravessamos um contexto pandémico onde o nosso trabalho foi fundamental, por exemplo, nas Unidades de Cuidados Intensivos, local onde a gravidade dos doentes obriga a vigilância apertada e a conhecimentos sólidos, atuais e de excelência.
Cuidamos de pessoas durante a pandemia e cuidamos de pessoas todos os dias depois da pandemia porque, para além de sermos Enfermeiros de Reabilitação, somos Enfermeiros e esse é o nosso ADN.
Muito se tem falado nas carências do nosso sistema de saúde, é factual, não há como negar. Na reabilitação saltam claramente à vista as insuficiências que todos sentimos, por falta de recursos materiais, mas também e fundamentalmente por falta de recursos humanos. Portugal tem uma carência crónica de enfermeiros (menos 1,7 enfermeiros por 1000 habitantes que a média da EU) e isso faz-se sentir também na reabilitação fazendo-nos trabalhar no limite das nossas forças físicas e mentais.
Temos défices de cuidados de reabilitação na reabilitação cardíaca, na reabilitação respiratória, na reabilitação neurológica, no trauma entre outros que urge resolver sobe pena de, enquanto Estado, estarmos a falhar com as pessoas que necessitam de nós.
Como sabemos os Enfermeiros estão e sempre estiveram na linha da frente. É publico, está na nossa matriz, sendo a nossa função a prestação de cuidados de enfermagem eficazes e seguros. Do mesmo modo também os Enfermeiros de Reabilitação estão onde sempre estiveram, junto das pessoas a prestar cuidados de enfermagem de reabilitação com o objetivo de promover a autonomia, reduzir a dificuldade respiratória, aumentar a tolerância ao esforço, prevenir complicações, aliviando a ansiedade de forma a ajudá-las a retomar a sua independência funcional e regressarem à sua vida normal o mais rápido e integrado possível.
Comemorar hoje o Dia Nacional do Enfermeiro de Reabilitação é da mais elementar justiça por uma profissão e uma especialidade que ajudam a fazer um sistema de saúde mais justo, mais equitativo e mais eficaz.
Parabéns Enfermeiros de Reabilitação!