Celebra-se esta segunda-feira, dia 26 de agosto, mais um Dia Internacional da Igualdade Feminina. Instituído pelo Congresso dos Estados Unidos em 1973, esta data visa relembrar a conquista das mulheres do direito ao voto, 53 anos antes, e convida a fazer uma reflexão sobre a igualdade de género, recordando-nos o quanto ainda há por fazer para que homens e mulheres tenham acesso a iguais oportunidades.

Com o tema da igualdade de género a marcar a agenda global, a Organização das Nações Unidas encontra-se verdadeiramente empenhada em reverter o cenário atual. Assim, definiu, precisamente, a igualdade de género como o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 5, propondo alcançá-la até 2030. Trata-se de um objetivo extremamente ambicioso e que já antevemos ser difícil, ou mesmo impossível, de concretizar, tendo em conta que a generalidade dos países está a fazer este caminho a uma velocidade notoriamente lenta.

No mundo do trabalho, em particular na área das tecnologias, essa desigualdade é ainda bastante evidente. Segundo os dados mais recentes divulgados pelo Eurostat, em 2023, apenas 19,4% das pessoas que trabalham no sector tecnológico na União Europeia são do género feminino. Portugal destaca-se por estar acima da média europeia, com as mulheres a representarem 20% dos especialistas em TIC no mercado de trabalho, apesar de ter registado um recuo de 0,3 pontos percentuais em relação ao ano anterior, em contraciclo com a evolução positiva dos restantes Estados-membros. São números que falam por si, a área das tecnologias ainda é maioritariamente dominada por figuras masculinas e a desigualdade de género ecoa um pouco por toda a Europa.

Enquanto mulher que escolheu fazer um percurso na área das tecnologias, o tema não me é de todo indiferente e reconheço prontamente que não é fácil alcançarmos o sucesso nesta área. É um percurso duro, onde temos continuamente de provar o nosso valor e em que as oportunidades que surgem para nós, mulheres, são muito poucas quando comparadas com as dos homens. A disparidade salarial entre homens e mulheres que desempenham a mesma função continua também a ser uma questão.

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Contudo, não podemos desanimar com estes indicadores, pelo contrário; houve grandes progressos feitos ao longo dos últimos anos no que toca à promoção da igualdade de género nas carreiras tecnológicas, assim como da capacitação digital das pessoas. E, também, devemos agarrar-nos à ideia de que há uma meta muito específica para atingir – a igualdade de género – que garantirá que o mundo de trabalho se torne mais justo, mais diverso e mais inclusivo.

O caminho está traçado e passa por desconstruir o estereótipo que as tecnologias não são adequadas para as raparigas, incentivando-as a seguir uma carreira nas áreas mais tecnológicas. No fundo, trata-se da necessidade de uma mudança efetiva de mentalidades que rompa com as crenças criadas pela sociedade de que homens e mulheres pertencem a mundos diferentes –uma prioridade que deve ser assumida coletivamente, mas, sobretudo, pelo governo e pelas empresas, a quem cabe a grande responsabilidade de desenvolver ações e iniciativas que promovam a igualdade de oportunidades no acesso, na educação e no mercado de trabalho.

A par disso, a desigualdade de género que ainda existe nos dias de hoje está a travar o crescimento da economia europeia e das empresas. De acordo com o estudo “Women in tech: The best bet to solve Europe’s talent shortage”, divulgado pela consultora McKinsey & Company em fevereiro deste ano, se a percentagem de mulheres em empregos tecnológicos duplicasse até 2027, o PIB da União Europeia poderia chegar até aos 600 mil milhões de euros. Mais uma forte razão para captar talento feminino para as áreas tecnológicas.

Neste Dia Internacional da Igualdade Feminina a mensagem que pretendo passar é, acima de tudo, de incentivo e motivação a todas as meninas e jovens mulheres. A área das tecnologias oferece um enorme potencial que devem começar a explorar, pois no futuro tecnológico que é já amanhã, as mulheres terão sempre um lugar.