Temos assistido, nos últimos meses, a recorrentes distúrbios da liberdade democrática, através de pessoas que se auto-intitulam de “ativistas” pelo clima. As suas ações incluem atirar tinta a obras de arte, a membros do Governo, a candidatos às eleições legislativas e até o bloqueio da segunda circular, em Lisboa. Por consequência, cometem a proeza de perder a razão, quando a causa que defendem é a mais urgente do século XXI.
Nada vai mudar por alguns inconsequentes cortarem o trânsito na segunda circular ou atirarem tinta verde aos responsáveis políticos. Essas ações apenas degradam a democracia e minam o apoio da sociedade a uma causa tão nobre. A história já colocou no lugar da irrelevância aqueles que destroem e não são capazes de contribuir para as soluções.
Irrita-me, particularmente, quando se generaliza e rotula estes indivíduos inconsequentes de “juventude” ou “movimento associativo”. A Juventude e o movimento estudantil não são, não se reveem, nem toleram estes grupos que prejudicam a liberdade de qualquer cidadão e representam, hoje, em Portugal, o maior obstáculo para a transição climática necessária. Combater a mudança climática implica dar o exemplo, não utilizar tintas tóxicas e provocar o desperdício de água. A mudança faz-se através de ações, utilizando os procedimentos democráticos e nunca através da ofensa à liberdade, da desordem e do caos.
Enquanto estes destrutivistas atiram tinta e provocam distúrbios, a verdadeira juventude recorre à justiça, como forma de autêntico ativismo e provoca diariamente a mudança. Na Academia do Porto, estamos na linha da frente no combate às alterações climáticas, seja, por exemplo, por via do voluntariado ambiental, sensibilização climática ou redução da pegada carbónica na Queima das Fitas do Porto. Em 2018, fomos a primeira festa de estudantes a quem foi atribuído o “Sê-lo Verde”. Não é vendido plástico ao consumidor final, desde 2022, e, em 2023, tive o orgulho de liderar a equipa que, com o contributo de milhares de estudantes, conseguiu reciclar 70% dos resíduos produzidos no evento.
A transição climática faz-se por via das tecnologias limpas, o chamado cleantech. Só com base no conhecimento, na ciência, na produção científica e tecnológica conseguiremos superar os desafios que enfrentamos. No lugar do ativismo estéril devemos antes reclamar uma maior atenção, maior investimento, na procura de novas soluções de combate às alterações climáticas com base no conhecimento e na ciência. Esta é já uma realidade em toda a Europa e Portugal não pode ficar para trás.
A verdadeira juventude não agride, não grita, a verdadeira juventude faz. O aquecimento global tem de ser combatido com urgência, mas não com slogans e muito menos com tinta verde.