O cancro do colo do útero é, ainda, uma das principais causas de morte por cancro entre as mulheres, ocupando o 4.º lugar a nível mundial. Apesar de, nos últimos anos, termos visto, em Portugal, algumas melhorias, a verdade é que a taxa de mortalidade continua mais elevada em comparação com outros países europeus. E ainda há muito que pode ser feito, começando pelo diagnóstico precoce.

Grande parte dos casos de cancro do colo do útero está associada a uma infeção persistente pelo vírus do papiloma humano (HPV), transmitido principalmente através do contacto sexual. Apesar de muitas mulheres eliminarem o vírus de forma natural, em algumas situações a infeção persiste e pode levar ao aparecimento de lesões que, se não forem tratadas, podem evoluir para cancro. Fatores como o tabagismo ou um sistema imunitário enfraquecido são também elementos que aumentam este risco.

Há muito que a prevenção tem sido a palavra de ordem. A vacinação contra o HPV tem desempenhado um papel fundamental, protegendo milhões de jovens contra este vírus. Além disso, o rastreio do cancro do colo do útero, realizado normalmente através de testes que identificam a presença do HPV, tem ajudado a detetar alterações precoces e a intervir antes que o problema se agrave. Contudo, apesar destes avanços, ainda há desafios a superar.

Um dos principais passa pelo facto de os testes atuais apenas indicarem se o vírus está ou não presente, sem diferenciarem se a infeção vai desaparecer sozinha ou se pode evoluir para algo mais grave. Isto leva a que muitas mulheres sejam enviadas para exames mais complexos, como a colposcopia, que nem sempre são necessários.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

É aqui que entra a inovação. Ultimamente, têm sido desenvolvidos biomarcadores que ajudam os médicos a identificar de forma mais fidedigna quem é que necessita de fazer exames adicionais e quem é que tem de ser apenas acompanhado de forma regular. Estes novos métodos são mais precisos e permitem uma utilização mais eficiente dos recursos de saúde, evitando exames e tratamentos desnecessários.

Graças a estas inovações, é possível detetar e tratar a doença mais cedo, o que tem um impacto direto na qualidade de vida das mulheres. A esperança é que, com o tempo, o número de novos casos de cancro do colo do útero diminua significativamente.

O futuro da saúde feminina está, assim, a ser construído com base na inovação e no desenvolvimento de novos métodos de rastreio. Continuar a apostar em investigação e em novas tecnologias é crucial tanto para este tipo de cancro como para muitos outros, com as novas descobertas na área da saúde a contribuírem, em grande medida, para uma deteção mais precoce e uma melhor gestão da doença, ajudando a salvar mais vidas.