O volume de mensagens com conteúdo abusivo publicadas na rede social X disparou na sequência dos “cortes profundos” de pessoal, disse esta quinta-feira o órgão responsável pela segurança na internet na Austrália.

O Gabinete da Comissária para a Segurança Eletrónica australiana disse num relatório que a redução de pessoal desde que o magnata Elon Musk comprou a rede social, em outubro de 2022, e o restabelecimento de milhares de contas bloqueadas criaram uma “tempestade perfeita” para a publicação de conteúdo prejudicial.

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A reguladora teve acesso, pela primeira vez, a dados detalhados dos engenheiros de programas, moderadores de conteúdo e outro pessoal de segurança que trabalha na X através de uma lei aprovada na Austrália.

Mais de 1.200 trabalhadores do “pessoal de segurança”, 80% dos quais engenheiros de programação, deixaram a X em todo o mundo, enquanto cerca de 6.100 contas foram desbloqueadas.

“Vários desses utilizadores reintegrados foram banidos por [propagarem] ódio online. Se os piores infratores puderem voltar à ação e, ao mesmo tempo, reduzirem significativamente a equipa de segurança cujo trabalho é proteger os utilizadores de danos, há preocupações claras sobre as implicações para a segurança”, disse a comissária.

Julie Inman Grant, ela própria uma antiga funcionária do Twitter (antecessora da X), destacou que a redução de pessoal também teve impacto direto ao aumentar o tempo de resposta da rede social às reclamações sobre mensagens abusivas.

A Austrália está a liderar o esforço global para regular as redes sociais, forçando as empresas tecnológicas a descrever como estão a lidar com questões como a propagação de ódio e o abuso sexual de menores.

Mas as tentativas de exercer estes poderes foram por vezes recebidas com indiferença pelas empresas.

Em outubro de 2023, a comissão australiana multou a X em 610.500 dólares australianos (cerca de 373 mil euros) por não ter explicado como estava a agir contra a pornografia infantil.

Mas a X ignorou o prazo para pagar a multa, antes de iniciar uma ação judicial em curso para a anular.